"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quinta-feira, março 29, 2007

Tesouros das Ruas de Vila Viçosa










Vila Viçosa é uma terra surpreendente, com batentes e aldrabas nas suas portas, que nos impressionam pela criatividade dos mestres ferreiros que deixaram uma marca de beleza que urge preservar. A identidade desta vila alentejana com uma memória histórica que os seus habitantes mais idosos cultivam como se tratassem de um jardim florido, passa pelos objectos quase invisíveis que fazem de cada porta um património incontornável ligado a reis e rainhas, príncipes, poetas e pintores.
O povo anónimo guardou o fascínio pelos ilustres e lembra-os com devoção. Como se fossem padroeiros do seu quotidiano. Florbela Espanca, D. Carlos e Henrique Pousão, são alguns dos nomes.
Mas o melhor é desfrutar deste paraíso, onde ainda por cima se come bem e bebe melhor.
Boa Viagem!

segunda-feira, março 26, 2007

Vila Viçosa: Pormenores de Um Património Notável












Vila Viçosa tem vários encantos. Em primeiro lugar, os seus habitantes. Depois, vale a pena procurar os palácios desta jóia do património. Aldrabas, batentes, portas trabalhadas, prédios distintos, frontespícios, candeeiros públicos que são tesouros de ferro forjado, balaustradas, a silhueta de igrejas e do casario, postigos, brasões gravados em mármore, paredes com barras coloridas e marcas do tempo. Vasos com flores e plantas no bairro do castelo. E a simpatia que de repente se descobre no restaurante Florbela Espanca...
Vila Viçosa merece que a procurem e amem, pois é uma terra com alma.
Texto e fotos: LFM

domingo, março 25, 2007

Vila Viçosa: Os Painéis de Azulejos da Estação do Comboio








Há meses que desejava conhecer Vila Viçosa, porém, o cansaço por um lado e o facto do expresso demorar, na ida e volta de um dia só, seis horas (e o horário ser: partida de Lisboa às 8 e 30, chegada às 11 e 20, com último regresso às 16h) não me estimularam a ir antes.
Amigos levaram-me hoje até àquela jóia do património do Alentejo Central.
Chegámos pouco depois das onze (saímos perto das nove) e partimos às 17 e 40 tendo chegado às 19 e 15h. Pelo meio, um dia com sol e nuvens, sem os calores alentejanos, mas com migas, lombinhos, arroz de marisco, vinho de Borba, um pão fantástico e muitas histórias.
Manuel Maria é um excelente cicerone de Vila Viçosa. Percorremos com ele uma parte da terra, escutando o seu rol impressionante de memórias, onde a realeza de outrora protagoniza as narrativas. Uma Biblioteca viva, este homem que viveu em Moçambique e no Amazonas.
Fui para ver as portas de Vila Viçosa, regressei com uma lembrança ímpar de uma tarde mágica.
As imagens que partilho, documentam a beleza dos painéis, de azulejos, da antiga estação de comboios, transformada em Museu do Azulejo. Segundo este informante, o próprio Rei D. Carlos, artista exímio, supervisionou a qualidade destes painéis.
Obrigado, senhor Manuel Maria, D. Mariana e Manuel Silva!
Luís F. Maçarico

sábado, março 24, 2007

Fornos Comunitários de Moreanes







Os fornos comunitários enriquecem a paisagem de Moreanes e de muitos lugares do sul, com uma arquitectura que lembra os morábitos, ou seja, inspirados nas construções cúbicas com cúpula, testemunhando um saber fazer que ficou enraizado na tradição.
A sua silhueta na aldeia branca é um poema, onde o pão e os cozinhados apetitosos se tostam para deliciar os amantes da boa gastronomia feita com alma e sabedoria.
Texto e fotos:LFM

quinta-feira, março 22, 2007

OS DÉSPOTAS, SEGUNDO ANTÓNIO DAMÁSIO


"Não é preciso ter uma lesão cerebral para se comportar impiedosamente. (...) Na sua maioria, os déspotas são provavelmente deficientes emocionais (...) A melhor maneira de descrever estas personagens despóticas é dizer que se trata de psicopatas narcisistas, que tentam alcançar altas recompensas através da sua brutalidade."
(Entrevista com o neurologista António Damásio no "Público" de hoje, página 20)
Foto: Belixe (Dezembro 2006)

quarta-feira, março 21, 2007

NO DIA MUNDIAL DA POESIA







Acabei de receber um mail de um colega da Câmara Municipal de Loulé, que partilho com muita alegria, neste dia tão importante para todos.

"Meu amigo,
No Dia Mundial da Poesia, não queria deixar de te dar um abraço e felicitar-te por todo o trabalho que tens feito ao longo de décadas!
Considero uma mais valia todos os documentos, quer de poesia quer registos antropológicos que, com todo o cuidado e dedicação, te tens esforçado por nos deixar!
Por tudo isto, e por toda a amizade que nos une,
Um grande abraço!
Rui Graça"
Fotografias: LFM (Loulé)

terça-feira, março 20, 2007

Com a Primavera, Resistir ao Desequilíbrio


O Inverno despede-se com frio e investidas de mar na costa portuguesa. Deseja-se a Primavera, para ver os campos pintados de alegria e sentir que sonhar pode trazer outro futuro.
Lá fora, no Iraque morre-se todos os dias, e por cá, na prática política dos arrogantes, que nos governam e têm governado, matam-se sonhos.
Resistir ao desequilíbrio que vemos por todo o lado, é a melhor resposta para quem espera tempos melhores.

sábado, março 17, 2007

Dois Poemas Antigos




Sorver as palavras
colher a invisível brisa
cantar a seiva das manhãs
amar a vida toda
e nunca envelhecer.
1984

humer les paroles
cueillir l'invisible bise
chanter la seìve des matins
aimer la vie entière
et jamais vieillir.
1984

Certas palavras
custam a violência
do silêncio.

Pago a conta
Não quero deixar
de ser livre.
2-10-1984

Certains mots
coûtent la violence
du silence

Je paye ma note
Je ne veux cesser
d'être libre.
2-10-1984

Fotos (granito de Alpedrinha e Castelo Novo/serra da Gardunha) e poemas de:
Luís Filipe Maçarico

Rostos da Beira Baixa




Estas imagens foram recolhidas em Setembro de 2005, durante a festa dos chocalhos em Alpedrinha.
O pequeno Leonardo ao colo da mãe Melissa, maravilhava-se com a festa...
Raúl Paulo conversava com a cunhada...
E o Miguel deliciava os forasteiros com a sabedoria de chefe de um restaurante efémero...
São pequenas memórias, rostos de momentos únicos.
É gente amiga, cidadãos de vida simples, que - como diria o poeta Fernando Dinis - sobrevivem num país que odeia árvores, maltrata as pessoas e em cada dia que passa parece não ter futuro. Aquele futuro que nos fazia sonhar...
Nos seus gestos vejo a poesia do encontro e do sorriso, coisas vitais que nos fazem bem.
Texto e fotos de LFM

quarta-feira, março 14, 2007

DIGNIDADE



"Há um mínimo de Dignidade que um Homem não pode vender, nem em troca do próprio Sol" (Dias Gomes, "O Santo Inquérito")
Citação de memória (Vi a peça representada pelo Grupo de Teatro de Campolide há muitos anos, com João Guedes e António Assunção) e Foto:LFM

terça-feira, março 13, 2007

À JANICA E AO EDUARDO: APONTAMENTO POÉTICO ESCRITO HÁ QUATRO ANOS


Os amigos são a minha família. Por isso, nunca me canso de cantar a amizade e pessoas que me são muito queridas...

Na luz do pôr do sol
embalado pela flor
da amendoeira,
chegas à terra vermelha e
bebes o silêncio
da tarde fria de Janeiro.

Os amigos esperam-te
com sorrisos de ternura
e música nos gestos.

Chegas à terra dos sonhos e
partilhas a paz. A respiração
da poesia.

Silves, 31-1-2003

Foto e poema de Luís Filipe Maçarico

segunda-feira, março 12, 2007

OUTRO NÃO QUERO SER


Outro não posso ser
senão este que mede
as horas e olha o tempo,
sabendo do novo sol
depois da chuva
cantando ao vento
após um mar de lua.
Outro não devo ser
senão este que pesa
o verbo e reparte o
silêncio sentindo um
velho verso na espuma
da nova rima.
Outro não quero ser.

28-11-02

Luís Filipe Maçarico (foto e poema)

sexta-feira, março 09, 2007

Poemas Escritos em Cuba



Em Dezembro de 1998 visitei Trinidad e no caderno desta visita única nasceram as BRISAS DO CARIBE, poemas escritos em Cuba.
Partilho, com duas fotografias desse caderno que a Sónia Frade registou, alguns desses versos:

TRINIDAD COLONIAL
Em nome de Deus
foi construída a cidade
dos patrões.
Mas quanto suor de escravo
foi explorado para erguer
igrejas, palácios, casarões?
7-12-1998

VARADERO
Sobre o mar esmeralda
o pelicano voa
só ele destoa
neste areal de turistas
onde a tarde escalda.
12-12-1998

PÔR DO SOL NO CASTELO DO MORRO
(SANTIAGO DE CUBA)
Como a poesia
mergulha
nas palavras
assim o sol
se afunda
nas águas
do poema.
5-7 e 8-12-1998

Luís Filipe Maçarico