aguas do sul

"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, fevereiro 04, 2024

Michel Robakowski e o seu livro "Lieux Nomades"

 





Em 1996, com a Escola Profissional do Fundão, desloquei-me a Poitiers, a convite do Dr. João Santos Costa, que procedeu à reedição do meu livro trilingue "Os Pastores do Sol" (escrito em português, francês e árabe) que através de alguns poemas celebrava o encontro com a cultura do outro, na Tunísia.

Decorria o Festival "Le Monde en Fête",na Rue des Trois Rois, organizado pela associação "Le Toit du Monde", onde participavam emigrantes de vários continentes, para lá dos portugueses - que nos receberam com agressividade, pois preferiam um rancho folclórico em vez de um poeta, que ainda por cima exaltava a hospitalidade, as diferenças e semelhanças de um povo do Norte de África. E um dos emigrantes, de forma muito ostensiva. recusou o vinho do Fundão dizendo: "Eu não bebo essa merda, eu só bebo whisky", talvez para desesperadamente passar a imagem que era moderno, tinha sucesso na vida ou qualquer aberração do género.

Fomos exemplarmente acolhidos pelos libaneses que depois de receberem a garrafa de vinho, nos ofereceram o primeiro copo e subiram ao palco para lerem poemas em árabe (recordo-me que a sua associação se designava "Une Nadie Arabe") o município local recebeu-nos com elegância e um representante leu poemas em francês e eu, versos do livro na minha língua-mãe.

A escola primária que acolhia meninos dos Palops ensinava a ler por um livro de Salazar e no restaurante "Chez Fernando", depois de um convívio inesquecível com sul americanos, ao jantar, uma gorda que cantava cantigas de Gina Maria (dos Serões para Trabalhadores da FNAT) meteu-me a manápula no bolso das calças quando eu ia a passar, para me provocar, sendo admoestada pelo proprietário.

Nesses dias pernoitei em casa de um Poeta, Michel Robakowski, que me autografara o seu livro "Lieux Nomades". Durante algum tempo correspondi-me com o senhor. Recentemente, através do Facebook o Poeta regressou, evocando esse tempo, pedindo-me amizade para prosseguirmos a caminhada de partilha artística. 

É nestes momentos que dou graças ao Cosmos por a minha vida não ser vazia e ter tanta coisa para contar, à escala humana.

Michel RobaKowski é igualmente pintor e foi para mim uma honra ter-me encontrado no FB que serve exactamente para estes momentos mágicos.

Luís Filipe Maçarico (texto) Fotografias de MR e LFM

quinta-feira, fevereiro 01, 2024

GIL VICENTE NO MUSEU DO TEATRO E DA DANÇA


                                            
No Museu Nacional do Teatro e da Dança, situado no Palácio do Monteiro-Mor, ao Lumiar (perto da Igreja daquela freguesia de Lisboa) está patente até 28 de Abril a exposição "Gil Vicente Portugal e Espanha nos Primórdios do Teatro Europeu".

Reúne esta mostra mais de 450 objectos, entre manequins e fatos de cena, figurinos, pinturas e livros, tendo como personagem central o criador do Teatro Português, nascido entre 1460-1470 (Guimarães?), expondo vestuário concebido por Almada Negreiros. Há fotografias e cartazes, oriundos de todos os grupos que representaram Mestre Gil, da Comuna aos Bonecreiros, da Barraca à Companhia Robles Monteiro e do TEUC, do CENDREV de Évora ao Teatro Experimental de Cascais.Na primeira foto que se mostra, exibe-se um fato que sendo obra de arte pertence à Fundação Calouste Gulbenkian.

De terça a domingo é possível visitar a exposição, entre as 10 e as 13 e depois entre as 14 e as 18, sendo a última entrada às 17:30. A visita custa 5 €. Os antigos combatentes apresentando o cartão respectivo, como se trata de um museu nacional, não pagam. Suponho que há desconto para grupos. Esta quinta feira o Museu foi invadido por dezenas de estudantes adolescentes, que nos seus programas escolares certamente abordam a obra que reflecte a transição da idade média para a época renascentista. Recomendo vivamente!

Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)

quarta-feira, janeiro 24, 2024

Menos Um é Mais


Grande frase da minha amiga Melisa, antes do dia acabar:

"Às vezes, menos um, é mais"!

De facto, para quê lamentar quem se coloca - sem motivos - contra nós?

LFM 

A RAIVA SECTÁRIA E FANÁTICA

 


Resido há sete anos em Almada e noto actualmente que os passeios  estão muito mais sujos.

Os dejectos caninos aumentaram, os donos dos animais de estimação deixaram de cumprir a obrigação comunitária de limpar o chão, após o seu cão defecar.

Dizer que a Câmara deveria actuar é criar inimigos. Há pessoas que quando ouvem a nossa crítica, se pudessem fuzilavam-nos com os olhos em fúria e respondem de forma agreste que o Município nada tem a ver com a sujidade, pois segundo elas, isso deve-se apenas às prácticas de gente sem escrúpulos, sem sentido cívico.

Como fui técnico auxiliar sanitário em Lisboa num tempo em que se investiu na sensibilização sanitária, considero que estas respostas demonstram raiva sectária e fanática, para não chamar ignorância, porque é possível -sempre- fazer melhor pelo bem estar dos outros!

 Portugal dificilmente avança e enriquece com tanta mesquinhez, que repudio veementemente, pois nunca me verão acorrentado a ditames onde jamais me enquadrarei seja qual for o movimento ou o/a mandante dessas linhas de (des)orientação.

LFM (texto e foto)


segunda-feira, janeiro 15, 2024

Costume Ampliado

 


Não tenho particular gosto por insistir em assuntos já mencionados, mas a verdade é que carros em cima do passeio é um costume que vai aumentando em Almada, a par dos dejectos caninos.

Não percebo o que as escolas de condução ensinam e não consigo processar a razão porque se deixam os passeios repletos de cócó de cão.

É evidente que estamos perante um retrocesso civilizacional.

Será que era assim no tempo dos calhambeques?

LFM

sexta-feira, dezembro 08, 2023

O Natal agora quase começa em Outubro


 Este ano, para meu espanto, uma série de lojas e até de ruas começaram a indiciar que íamos entrar na época natalícia. Essencialmente de ilusão e consumo e talvez de disfarçar o incómodo das guerras e do "vai ficar tudo bem" ter ficado de pernas para o ar. Os valores contrários ao bom senso, ao equilíbrio, à harmonia, estão em marcha, mascarados por esta ideia de um Natal que mais dia menos dia começa ainda mais cedo.

Nunca gostei da parte hipócrita que esta épocaa encobre. Se a fraternidaade fosse o lema em que cheguei a acreditar, outro seria o Mundo e não este onde António Guterres por ter compaixão, por ser cristão e defender a paz em Gaza é considerado pelos extremistas que julgam ser donos da verdade em Israel um inimigo da paz. 

E os americanos, através daquela múmia que se arrasta, no intuito de mandar no mundo, vender armas e decidir a carne para canhão que é lançada nos conflitos que de um momento para o outro (lembrem-se do Afeganistão e daquela imagem dos fiéis servidores dos imperialistas agarrados ao último avião) deixam de interessar. Mas eu devia estar a falar do Natal e do exagero dos festejos começarem cada vez mais cedo, não era?

LFM (texto e fotografia)

quinta-feira, novembro 02, 2023

TEU NOME, PALESTINA

 


TEU NOME, PALESTINA

Teu nome, Palestina
Corre o Mundo nos
Lábios solidários e
Nas mãos que anseiam
Cidades de crianças
Sem medo.

Teu nome, Palestina
Resiste entre escombros
E rios de sangue
Na custosa esperança
De vencer o tempo
Das flores esmagadas.

Teu nome, Palestina
Também faz parte de mim:
Não é possível sorrir
Se choras; não consigo
Cantar se morres.

Teu nome, Palestina
Lembra a luta dos que buscam
Na liberdade o afago da paz
o voo da sabedoria
o elixir da vida contra
os tanques e os canhões
dos opressores.

Teu nome, Palestina
É a lágrima e o grito
De um povo sufocado
Pelo roubo do futuro
Sempre adiado.

Teu nome, Palestina
É uma rosa de cinzas
Sonho teimoso
No coração dos que não
Se rendem dos que não
Se vendem dos que não
Desistem!

Luís Filipe Maçarico

Fotografia recolhida na Net (jovem pastor de camelos de Jenin - Cisjordânia)

Comentário do Professor Dr. Santiago Macias, em 1 de Janeiro de 2009, no seu blogue Avenida da Salúquia 34 :
O poema, de Luís Filipe Maçarico, data de Março de 2002. Podia ter sido escrito ontem. Poderá vir a ser escrito de hoje a um ano...
Luís Filipe Maçarico refere a rosa de cinzas. Estranha ironia a da faixa de Gaza, outrora célebre pela produção das mais belas rosas do Médio Oriente.