"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, agosto 31, 2008

Fim de Semana Triste


O Alentejo perdeu este fim de semana dois homens solidários, que passaram uma boa parte das suas vidas sonhando um mundo melhor, dando o seu contributo para essa mudança.
Domingos de Carvalho, escritor, associativista, pai do também escritor Mário de Carvalho, deixou-nos com 89 anos e uma obra, onde as terras do sul e o seu povo sofredor atravessaram páginas de poesia e prosa.
Lutou pela liberdade e pôde enfim saboreá-la, desejando sempre que o futuro fosse mais fraterno. Na Caixa Económica Operária, antes do 25 de Abril e na Casa do Alentejo, após a Revolução dos Cravos, foi consequente com os seus ideais.
Lourenço Bernardino, mais novo, mas não menos empenhado, foi presidente da Junta de Freguesia de Santo Condestável e actualmente desempenhava o cargo de tesoureiro na direcção da Casa do Alentejo.
Fica o exemplo de ambos assinalado neste breve artigo, escrito ao fim de um domingo triste passado entre funeral e velórios.
Não podia deixar de os homenagear aqui, pois tive o privilégio de os ter como amigos. O escritor recomendou o meu nome, para escrever sobre livros na antiga revista da Casa do Alentejo e participou em lançamentos de livros meus, mesmo quando já estava doente. O autarca de Campo de Ourique convidou-me um dia, para ser membro do júri de um prémio de fado, que foi atribuído a Joana Amendoeira.
Como se não bastasse, Adão Barata, engenheiro e ex presidente da Junta de freguesia de Carnide e da Câmara Municipal de Loures foi hoje cremado. Soube-o apenas na Buraca, no velório de Lourenço Bernardino.
Fica registado neste blogue que estas pessoas sonharam e trabalharam, em prol do bem estar dos outros e a comunicação social, não ignorando o falecimento do engenheiro, nada disse sobre os outros empenhados cidadãos.
Porque tenho memória, não os deixo no esquecimento.
Oxalá a semana e o mês que vão começar não tragam mais notícias destas.
Luís Filipe Maçarico (texto) Foto: quadro de Isabel Aldinhas, pintora montemorense.

quinta-feira, agosto 28, 2008

O Segredo de um Couscous


IMPERDÍVEL é a palavra com que pretendo definir o filme que vi esta noite na sala 3 do Monumental.
Fiquei muito impressionado, pois "O Segredo de um Couscous" é uma obra prima, realizada por Abdellatif Kechiche, que conta uma história espantosa, com desempenhos notáveis, nomeadamente de Hafsia Herzi.
Não ver esta excelente co-produção franco-tunisina, é perder uma oportunidade magnífica de apreciar cinema de grande qualidade, falado em francês e árabe, com um ritmo tenso, de sequências, que num crescendo vão criando o clímax.
Espreitem os excertos e o trailer, que mostram vagamente a força do filme, mas ainda assim deixam antever o que aquelas quase 3 horas de espectáculo podem mexer com o espectador:

http://www.mymovies.it/trailer/?id=49628

http://www.allocine.fr/video/player_gen_cmedia=18778683&cfilm=61185.html

http://www.allocine.fr/video/player_gen_cmedia=18778668&cfilm=61185.html

http://www.allocine.fr/video/player_gen_cmedia=18778679&cfilm=61185.html

LFM

quarta-feira, agosto 27, 2008

Vanda, a Doce


Ela é linda, meiga, inteligente, companheira de marotices, de muito riso e de momentos difíceis que vivemos há uns anos atrás, resistindo ao absurdo no departamento onde trabalhamos.
Aprendi com a sua paciência a manejar a maquineta digital e a tornar-me "expert" de blogues e de teclagens várias, descobrindo o fascinante mundo da Internet.
Se tenho um telemóvel, foi ela que me aconselhou e acompanhou à loja para comprar...
Sem ela, a hora de almoço desde há sete anos não teria o sabor sublime da amizade, o companheirismo que enriquece o quotidiano.
Olá minha querida, bom dia!
LFM

terça-feira, agosto 26, 2008

Luísa e José






No sábado do eclipse da lua, passei a tarde a conhecer sítios mágicos, graças à Luísa e ao José Manuel. Assim, sem mesuras, apenas com a imensa gratidão de quem os estima.
Foi realmente muito bom compartir com eles a alegria da descoberta, em relação a sítios encantados como Almoster.
Apesar de alguma chuva eles foram o sol. Os amigos são sempre o sol!
Ao seu lado encontrei amoras, andávamos então em Torre Penalva...
No castro de São Pedro, percorremos de novo um espaço milenar, onde o silêncio é rei.
Pela Azambuja andei nessas horas, voltando ao doce embalo do sorriso e dos olhos destes amigos. Eles são alimento espiritual, benéfico para a minha caminhada neste mundo. Espero que a minha companhia também lhes faça bem.
Permitam que lhes dedique este post e lhes agradeça o ar excepcional que respirei naquelas paragens. Voltando a tirar fotografias um ano depois de ter estado em Manique do Intendente e que se apagaram da máquina sem ter carregado em nenhum botão...
Desta vez trouxe comigo imagens de ternura que lhes ofereço pela poesia que contêm.
Bem Hajam!
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)

segunda-feira, agosto 25, 2008

Khalil,o Príncipe da Eritreia






Foi durante a noite em que houve o eclipse da lua. Nos Jogos Olímpicos de Pequim, a Maratona Feminina desenrolava-se, e, naquela simpática casa de Alverca, um gato fabuloso, oriundo da Eritreia, encantou-me pela sua suave e terna companhia. A vida surpreende-nos com estes seres mágicos, que nos trazem luz e alegria.
Não podia deixar de celebrar, neste espaço de partilha, um momento assim, tão especial e de agradecer às donas do belo bichano, Gia e Cris, o tempinho dispensado, com comida deliciosa e o privilégio de ter conhecido Khalil, o Príncipe do Deserto... desejando longa vida aos seres humanos envolventes, com quem conheci Lucena há uns anos atrás, e a este felino/ raposinho das areias, lendário pela sua fidelidade, bem demonstrada ao longo das horas de convívio e que as imagens documentam.
Apetece citar Eugénio de Andrade:

"É um pequeno persa
azul, o gato deste poema.
Como qualquer outro, o meu
amor por esta alminha é materno:
uma carícia minha lambe-lhe o pêlo,
outra põe-lhe o sol entre as patas
ou uma flor à janela.
Com garras e dentes e obstinação
transforma em festa a minha vida.
Quer-se dizer, o que me resta dela."

in "O Outro Nome da Terra"

LFM (texto e fotos)

sexta-feira, agosto 22, 2008

O Melhor Património





Num destes sábados tive o prazer de estar com os meus amigos José Alberto Franco e Maria Eugénia Gomes, na Ericeira, simpática vila do Oeste onde não ia há décadas. Uma parte do meu serviço militar foi cumprido no convento de Mafra (EPI) e a Ericeira ficava à distância de uma viagem breve de camioneta, sempre encantadora para escutar as ondas e saborear aromas de maresia.
Desta vez, os olhos da alma deliciaram-se com tanto bem estar. Mar, barcos e terra, em tarde mágica, mesmo que ventosa. Comendo sardinhas, numa celebração de pescadores e bombeiros. E bandas filarmónicas, na praça principal, noite dentro. Partilha, criatividade e o espírito de uma noite de Verão, desfolhando memórias, ao som de um tema dos Xutos e Pontapés, executado pelos jovens músicos.
Retribuo, com gratidão e alegria, através destas imagens, a satisfação que me proporcionaram.
Afinal de contas, o melhor património ainda são as pessoas!
Sem elas, as paisagens podiam ser deliciosas, porém, o vazio das vozes ausentes tornar-se-ia insuportável...
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)

quinta-feira, agosto 21, 2008

NÉLSON ÉVORA: A POESIA DO TRIPLO SALTO

No final de Agosto de 2007, vimo-lo dar a volta de consagração à pista, em Osaka, com a bandeira portuguesa envolvendo o seu corpo e sentimo-lo emocionado, já no pódium dos Mundiais de Atletismo, enquanto soava o hino nacional.

Rui Costa, em nome do clube que o atleta representa, declarou que “É um estímulo para o país inteiro, é um campeão do Mundo e é um grande exemplo (…) Hoje é nosso herói nacional.”

Nascido em 20 de Abril de 1984, na Costa do Marfim, Nélson Évora, cujos pais são cabo-verdianos, vive em Portugal desde os seis anos de idade, sendo cidadão nacional, porque conforme afirmou numa entrevista, tudo o que conseguiu no Atletismo, foi aqui que adquiriu e é aqui que tem as suas raízes.

Segundo Ana Oliveira, antiga recordista nacional da modalidade, que conheceu Nélson Évora no primeiro clube onde se formou e competiu - o Odivelas - ele “tinha um talento que se foi desenvolvendo naturalmente, com muito trabalho e com o apoio técnico de João Ganço.”

Nélson Évora representou aquele clube até 1995, passando em 1996 para o Sport Lisboa e Benfica, onde se manteve até 2001, regressando em 2004, após uma curta incursão no Futebol Clube do Porto.

O jovem atleta de 23 anos, construiu a sua carreira com “muita segurança técnica e psicológica”, na opinião de Fonseca e Costa, dedicando-se intensamente aos objectivos traçados, tendo conseguido ser campeão europeu de juniores, em 2003, atingindo agora o recorde nacional de triplo salto, com a marca de 17, 74, que lhe valeu a medalha de ouro no Campeonato do Mundo.

Nelson Évora, com o resultado obtido em Osaka, passou a ombrear, com outras medalhas de ouro que o desporto nacional conquistou em Campeonatos do Mundo, nomeadamente Rosa Mota em 1987, Manuela Machado e Fernanda Ribeiro em 1995 e Carla Sacramento, em 1997.

Nos Jogos Olímpicos de Pequim, no dia 21 de Agosto de 2008, Nélson conquistou a medalha de ouro no triplo salto e tem uma vida pela frente. Parabéns ao atleta exemplar e ao homem sensato, que entre outras coisas disse: "Vou procurar ser melhor, mais rápido, mais forte" e "Adoro esta dinâmica, esta poesia do triplo salto."

Texto: LFM Imagem: Youtube

quarta-feira, agosto 20, 2008

Atletas Olímpicos: Nem Oito nem Oitenta








Subscrevo o que Nuno Pacheco escreve hoje no Editorial do "Público":
"Em Portugal, um país que preza o futebol com afinco e as restantes modalidades quando para isso é empurrado, falhanços deste tipo tornam-se clamorosos.
Apegamo-nos demasiado ao lado verde da bandeira, à esperança, mas quando as coisas correm mal guinamos facilmente para o encarnado e exigimos sangue. (...) Mas é preciso perguntar se em Portugal nos empenhamos em formar atletas olímpicos ou simplesmente atletas que até podem ir aos jogos olímpicos."

No mesmo periódico, o professor do ensino superior Santana Castilho comenta:
E claro está que as lamentáveis justificações dos nossos representantes olímpicos merecem reflexão. Um desiste porque a égua entrou em histeria, por não estar habituada aos écrãs de vídeo; outro queria o lançamento do peso, julgo, à tarde, porque, de manhã, "ele só é bom na caminha"; uma senhora borrifa-se para a segunda prova em que devia participar, depois de ser eliminada na primeira, porque as africanas são melhores; outra descobre em Pequim que, afinal, "não é muito dada a este tipo de competições", enquanto um colega bloqueia quando vê o estádio cheio.
(...) Um país que cultiva na escola e na polis a falta de rigor e de exigência, tem autoridade para sancionar quem o envergonha no estádio olímpico?"

Concordo com esta opinião. Porém, espanta-me que ninguém fale na pressão da comunicação social sobre os atletas olímpicos, nomeadamente no estilo execrável dos jornalistas desportivos da Antena 1, que a meu ver têm noticiado cada prova final em que participa um atleta português num estilo deplorável, utilizando termos que não me parecem adequados quer para os visados, quer para o público, que nestes momentos podia ser cativado para outras modalidades que não o eterno futebol. Eles gritam mimos deste jaez: "Deixou fugir a medalha", "Não conseguiu mais que um 7º lugar", etc. em vez de valorizar algumas honrosas participações, o que certamente contribuiu para pessoas como Francis Obikwelu e Gustavo Lima porem termo em carreiras que não estavam esgotadas. Caramba, nem oito nem oitenta

Ficam então duas perguntas: quanto ganha um jogador de futebol e um atleta olímpico?Porque razão a comunicação social não tem o mesmo tipo de atitude, quando os Figos, os Ronaldos, os Ricardos e quejandos falham?
Recolha de fotos (na Net), textos ("Público") e nota final de LFM

segunda-feira, agosto 18, 2008

TITINA: CRUEL DESTINO


Conheço Titina desde 1989, há dezanove anos portanto.

Eu tinha acabado de chegar de uma viagem muito desejada, a Cabo Verde, pois trabalhara com um rapaz caboverdiano, na varredura das ruas da cidade, muitas madrugadas, manhãs e tardes ouvindo-o contar coisas espantosas da sua terra, desse arquipélago mágico, com gente luminosa, cheia de ritmo e sentimento.

Lera"Hora di Bai" de Manuel Ferreira, "Os Flagelados do Vento Leste" de Manuel Lopes, ouvi "Os Tubarões" em disco e na Festa do Avante. Escutara desde muito novo "A Voz de Cabo Verde", na antiga Emissora Nacional, arrepiava-me com algumas mornas, frequentara a discoteca Bana e sentira desde sempre uma atracção pela morna, depois pela catchupa, até que Titina me descobriu na Associação Caboverdiana, com uma mãocheia de versos sobre a sua ilha de Soncente.

Antes da canção, que naquele dia, à hora do almoço, me ofereceu na Associação, Titina anunciou que ia dedicá-la ao amigo, que acabara de conhecer, pelos poemas que lera.

Li esses versos, anos mais tarde, num belo tributo que lhe foi prestado no Teatro Maria Matos, por Tito Paris, Paulo de Carvalho, Fernando Girão e outros.

Titina, a voz mais bonita de Cabo Verde, chegou a Lisboa adolescente, com um Grupo Musical, que actuou em Portugal, apaixonou-se, casou, teve dois filhos, porém a música nunca deixou de respirar no caminho trilhado, em terra longe. Gravou alguns discos, a rádio e a televisão falaram dela, embora não tanto quanto merecia, fez teatro, telenovela, cantou em vários recintos, muitas vezes no estrangeiro, e foi sobrevivendo para ressurgir com um vigor extraordinário.

Titina é uma força da Natureza, uma sonoridade cristalina de nascente, andorinha migradeira, que embala a eterna beleza das ilhas, cantando, com um sentir genuíno, que transparece na forma como interpreta, magistralmente, a alma dos caboverdianos espalhados pelo mundo e no seu torrão natal.

De uma versatilidade notável, a cantora que os deuses bafejaram com cordas vocais inigualáveis, é sempre grande, interpretando coladera ou morna. Uma vez no S. Luís vi o público da plateia saltar da cadeira, para dançar, tal era a energia que irradiava, e percebi que aquele momento era único, impossível de ser vivido noutros contextos. Titina é fogo, é subtileza, é graciosidade, é o ritmo africano nas veias e no corpo ondulante, que convida à alegria, à festa, à partilha.

Há alguns meses, Titina lançou novo disco, "Cruel Destino", com excelente execução musical e o inconfundível desempenho, de quem não perdeu as raízes e traz a essência em cada pegada.

Pelos autores que canta, pelas palavras que derrama, vale a pena acompanharmos Titina, numa toada de morna enluarada até Mindelo, ficando em êxtase, embalados pelo mar e pelo timbre melodioso dessa senhora que canta o Amor e a Paz.

Apreciem a arte de Titina clicando em:






Há ainda uma entrevista muito interessante, que vale a pena seguir nestes dois links:



Texto e pesquisa de Luís Filipe Maçarico

domingo, agosto 17, 2008

Manique do Intendente, Torrebela e Ota




Manique do Intendente, vila da Azambuja, visitada pela primeira vez o ano passado, graças aos amigos José Prista e Luísa Cabrita, foi descoberta, a par do castro de São Pedro e a torre de Penalva.
Voltei ontem, porque as fotos então tiradas desapareceram da máquina digital sem ter carregado na opção apagar todas.
Impressiona-me a monumentalidade da Igreja-palácio daquela vila rural, idealizada por Pina Manique, que recebeu esta terra para sua vaidade. Nela, além do palácio inacabado, deixou a marca da praça dos imperadores e do palácio da câmara.
Pormenor curioso, para aqueles que viram o filme Torrebela, filme que me comoveu.
Manique do Intendente é actualmente presidida por um autarca, que em 1975 era um, entre as dezenas de trabalhadores rurais, dos que resolveram ocupar o imenso território feudal do duque de Lafões.
Joaquim Ramos, presidente do executivo municipal da Azambuja, anunciou recentemente que a igreja-palácio vai ser recuperada, com apoios governamentais, como compensação pela não construção do aeroporto da Ota.
Se quiserem ver mais, por favor cliquem em:
http://aaldraba.blogspot.com/2008/08/manique-do-intendente-igreja-palcio.html
LFM (fotos e texto)

quinta-feira, agosto 14, 2008

Duas Meditações Em Pleno Agosto


Questiono-me, algumas vezes, pelo facto de não trazer ao blogue certas questões prementes, de que toda a gente fala. Por vezes falta-me o tempo, outras reequaciono a oportunidade e pertinência e hesito em falar no que toda a gente já falou. Fujo da banalização. Contudo, estão a suceder acontecimentos tão abrangentes, que chegam a tirar-nos o sono, como foi o caso da Ana, que ontem se manifestou anojada com os telejornais, factos e notícias aos quais é impossível ficar indiferente.
É o caso de hoje, em que duas opiniões fazem a diferença relativamente a uma questão internacional e outra interna, ambas muito preocupantes. Textos urgentes, estas intervenções que merecem pôr em acção aquela bolinha que temos em cima dos ombros, e que não serve só para decorar, como costuma dizer o meu amigo Manuel Sobral Bastos.

De Helena Galante, antropóloga, co-autora da monografia do Cadaval, associativista e cidadã atenta, recebi uma mensagem, que transcrevo, pela oportunidade e pertinência da reflexão:

"Caros Amigas e Amigos

Escrevo-lhes estas linhas porque me repugna a «nojenta» política internacional actual, na qual os principais actores são, por um lado, um certo país que se arroga defensor da liberdade, da democracia, dos direitos humanos e dos «fracos e oprimidos» (mas que semeia a violência, a guerra e a destruição em toda a parte, excepto à sua porta, claro) e seus apaniguados europeus, e, por outro lado, os desgraçados países e suas populações que sofrem os maus desígnios deste IMPÉRIO DO MAL (que tem o descaramento de apelidar as suas vítimas de EIXO DO MAL).

O que se está a passar com o conflito entre a Geórgia e a Rússia é mais uma das diatribes deste IMPÉRIO DO MAL, que usa a máquina de propaganda ocidental para continuar a fazer de nós parvos. No entanto, como tenho por mim que à primeira todos caem e a partir daí só cai quem quer, é por demais evidente que todo o cenário de guerra que se está a preparar naquela região (bem longe das fronteiras do IMPÉRIO DO MAL e próximo das fronteiras do arqui-inimigo russo, como é habitual e convém) foi meticulosamente preparado e encenado. Senão vejamos (e não vou recuar aos anos e anos em que a intriga ocidental tem procurado, e conseguido, destruir qualquer unidade que haveria nos país do leste europeu):

1. A Geórgia, isto é o seu presidente Shaak... qualquer coisa, «encostou-se» ao IMPÉRIO DO MAL confiando na sua protecção para marcar posição contra o seu vizinho e gigante russo. Até aqui nada para estranhar: é natural que um poqueno se encoste a um grande para obter protecção de um outro grande que considera seu inimigo;

2. Obviamente que a protecção tem que ser paga (já assim era na Idade Média e antes também). Deste modo, o seu novo «amigo» IMPÉRIO DO MAL terá feito as suas exigências, não sabemos quais, claro;

3. Seguidamente assiste-se à actuação de soldados georgianos na Ossétia do Sul (se com razão ou não, desconhecemos, mas coisa boa não terão feito), província de maoritária etnia russa e com pretensões a autonomia (pelo menos é o que nos dizem);

4. A Rússia invade a Geórgia, precisamente através da Ossétia do Sul, alegando que foram mortas centenas ou milhares de pessoas civis, de etnia russa, e que o faz para proteger estes cidadãos, acusando o tal Shak... de criminoso de guerra;

5. A seguir, nas televisões do Ocidente, começam a aparecer as imagens de destruição e de desgraça (o que, infelizmente, é normal numa guerra), mas, acima de tudo, COMEÇA A APARECER O PRESIDENTE DA GEÓRGIA, EM MANGAS DE CAMISA E COM UM ROSTO DE TRAGÉDIA (o que nunca se viu em Saddam Hussein ou em Milosevic) E A AFIRMAR CONTINUAMENTE QUE A GEÓRGIA NÃO CONSEGUE RESOLVER O PROBLEMA SÓZINHA E QUE PRECISA DO AUXÍLIO EXTERNO (só faltou dizer do IMPÉRIO DO MAL); É TAMBÉM NOTICIADO QUE A GEÓRGIA FEZ UM CESSAR-FOGO UNILATERAL QUE A RÚSSIA NÃO ESTÁ A CUMPRIR (é natural, pois se é unilateral a outra parte não é obrigada a cumprir);

6. Assistimos ao avanço de navios militares do IMPÉRIO DO MAL para a zona do conflito. O resto da história já nós podemos adivinhar, a julgar pelas experiências anteriores do Afeganistão e do Iraque:

1. A guerra instalar-se-á na região;

2. A Geórgia ficará destruída e morrerão milhares de pessoas civis;

3. O «amigo» do IMPÉRIO DO MAL instalar-se-á no território da Geórgia alegando, primeiro que vem proteger o amigo georgiano e, depois, que ficará para manter a paz (que entretanto destruiu) e garantir a segurança e a reconstrução (tal como NÃO fez e NÃO faz no Iraque).

Moral da estória (ou da História): PARA AMIGOS DESTES, ANTES OS INIMIGOS.

Com saudações cordiais, a vossa amiga Helena Galante"

Amigo atento fez-me chegar o endereço do blogue de Samuel, um dos cantores de Abril. Num dos seus mais recentes posts o músico reflecte a situação actual do nosso país em termos de segurança e da actuação das forças policiais:

"Duas execuções de civis por parte de agentes das forças policiais em dois posts seguidos, é uma média que espero poder baixar muito nos próximos tempos.


Qualquer pessoa com mais de dois neurónios, sabe perfeitamente que a pena a aplicar a assaltantes de estaleiros de materiais de construção, depois de provados os factos, nunca é a pena de morte.

Mais, também muita gente sabe, incluindo as forças de segurança, que os agentes não devem usar de medidas ostensivamente mais gravosas do que o próprio crime alegadamente cometido, ou que ponham em risco terceiros, caso das cinematográficas perseguições automóveis em locais com forte densidade de trânsito e pessoas, acompanhadas das tradicionais salvas de “tiros para o ar”, que o mais das vezes, atinge as pessoas pelas costas...

Sendo assim, porque é que estes casos de pessoas abatidas pelas polícias, se repetem com esta cadência infernal?

O que é que está a piorar tanto a gravidade destas fugas, que "justifica" o dedo tão leve nos gatilhos por parte dos agentes?

Por mais extraordinário que possa parecer, é porque de há uns bons tempos para cá (puxem pela memoria!), não há fugitivo que, ou por ser alegadamente apanhado a roubar galinhas, ou estaleiros de materiais de construção, ou por ser adolescente e estar a conduzir sem carta, etc, etc, etc... não há um, de há uns tempos para cá, como disse, que antes de iniciar a sua fuga não decida fazer um desvio para tentar atropelar um dos agentes.

Ninguém entende em que é que somar o assassinato de um agente policial ao furto de uns materiais de construção (por exemplo) iria ajudar o caso dos fugitivos e sobretudo, em que é que o facto de eliminar um potencial perseguidor, deixando todos os outro vivos e em estado de fúria, iria ajudar à própria fuga em si.

Embora seja um caso diferente do assalto-falhado ao BES, as reacções “populares” que ouvi na rádio, do tipo “deus me perdoe, mas isto é mesmo assim... tenho pena da criança, mas eles sabiam ao que iam...(?)”, somadas à alegria desmesurada dos responsáveis, não auguram nada de bom.

Quando os aplausos são exagerados e despropositados, os “artistas” em vez de se concentrarem para “fazer bem”, ficam, pelo contrário, perigosamente “entusiasmados”...

Para terminar, também eu quero (por enquanto...) dizer que de uma maneira geral, tenho confiança nas reais motivações dos agentes da autoridade, bem menos nas das chefias, muito menos nas motivações dos verdadeiros responsáveis políticos pela segurança do país.

Apesar das melhorias evidentes ao nível da qualidade humana e técnica da maioria dos agentes, por vezes (muito mais do que gostaria) a pose, a atitude geral, desde os fatais óculos escuros até à postura física fanfarrona que alguns exibem em público, fazem-me recear que estejam a ser admitidos na PSP e GNR, muitos jovens com um grande défice de cultura cívica e democrática, "compensada" por uma enorme "cultura" de jogos de guerra de tipo "playstation", nos quais, como se sabe, abater os "inimigos", seja pela frente ou pelas costas, apenas significa amealhar pontuação."
No Verão acontecem sempre coisas perturbantes. Fernando Gomes quando era responsável das polícias viu-se confrontado com um assalto a Lídia Franco. Noutro Verão foi a estória do arrastão. As guerras também aproveitam as águas mornas do Verão, assim as manchetes ficam com mais frisson. Que Mundo!
Foto: Vanda Oliveira; Textos de Helena Galante, Samuel e Luís Filipe Maçarico

terça-feira, agosto 12, 2008

Quarto Ano do "Águas do Sul"


Com doze dias de atraso, porque me esqueci de festejar na altura certa, venho dizer-vos que no dia 1 de Agosto de 2004, com a ajuda da Margarida Alves e da Vanda Oliveira criei este blogue, que iniciou no primeiro dia deste Agosto de 2008, o quarto ano de actividade.
Continua a caminhada, com sabores e mágoas deste sul por vezes tão azul, outras tão sombrio.
"Havemos de chegar ao fim da estrada, ao som desta canção" sonhavam José Gomes Ferreira e Fernando Lopes Graça. Pegando no sonho deles, também o meu horizonte é o sol, o pão, a liberdade, um mundo onde viver não seja conviver com o terror, sem os constantes fantasmas da guerra, da fome, da exploração, do abandono.
Águas do Sul é uma janela para o sonho, com mar e terra de oliveiras diante. Com gente a pensar assim, que se está nas tintas para modas e gurus.
LFM

segunda-feira, agosto 11, 2008

Rua Prior do Crato: Agradecimento à Junta de Freguesia dos Prazeres, Crítica aos Comerciantes de Restauração e à Câmara Municipal de Lisboa








Após a queda aparatosa de que vos dei nota neste espaço, contactei o senhor presidente da Junta de Freguesia dos Prazeres, contando-lhe o sucedido.
Apraz-me registar que o autarca mandou reparar o lancil, que estava espatifado e em escassos dias a população que atravessa aquela passadeira voltou a ter o chão mais seguro. Também o piso foi lavado, certamente por influência do senhor engenheiro João Magalhães Pereira, que é conhecido em alguns departamentos da Câmara Municipal de Lisboa pela persistência com que procura envolver o Município na resolução dos problemas do território para cujo executivo foi eleito.
Pena é que o piso imundo, seja retrato da falta de higiene de algum comércio local, que derrama para a via pública detritos resultantes da sua actividade comercial, prejudicando a nível visual e olfactivo quem por ali passa e deixando na rua resquícios de gordura que ajudam a potenciar quedas, como foi o caso da dona Zaida, que andou com dores, muletas e muita fisioterapia ao preparar-se para atravessar a fatídica passadeira.
Bem Haja pelo que está feito, mas como se pode ver, continua a ser necessário sensibilizar a Câmara e aquela gente para não fazer na rua o que certamente não fazem nas casas onde moram.
Se a sensibilização não resultar, há que pensar noutras medidas. Para que não aconteçam coisas piores aos indefesos peões, muitos deles idosos, que deslizam, não numa pista de esqui mas num vazadouro de líquidos nojentos coalhados, que há muito poliram as pedras da calçada.
À Câmara competirá a sensibilização sanitária e repavimentar o alcatrão, esburacado há muitos anos, com restos da linha do eléctrico desactivada, ou seja, cheio de alçapões que provocam também eles quedas aparatosas, segundo informação de cidadãos que trabalham perto.
LFM (texto e fotos)

domingo, agosto 03, 2008

Lisboa, Muita Beleza, Alguma Ruína e o Triunfo dos Torniquetes


















Sexta feira consultei uma nutricionista para eliminar gorduras a mais. Além da dieta, que só começo verdadeiramente na segunda e após uma "ambientação", em que alterei alguns hábitos, andei duas horas por Lisboa. Percorri o Castelo de S. Jorge e o respectivo bairro, desci à Sé, passei por Alfama e terminei o périplo no Terreiro do Paço.
Partilho convosco algumas das muitas imagens recolhidas. Afinal é possível passar um belo domingo de Verão, calcurreando bairros antigos e monumentos, que são incontornáveis. Quem deseje descobrir os segredos e os encantos da capital, pode fazê-lo gastando pouco dinheiro. Uma garrafa de água, um boné, roupa adequada para as quenturas desta época, se habitar em Lisboa não paga, porque actualmente é necessário pagar 5 euros para entrar no Castelo. Passou-se do 8 para o oitenta. Há uns anos atrás, andavam mais carros que pessoas dentro do recinto. Agora, torniquetes, como nos Bancos, no Metro, nos barcos para Cacilhas...Vi um dos seguranças a gritar rua a uns espanhóis despassarados... Isto é o progresso?
A cidade é de facto (ainda) muito bonita, mas precisa urgentemente de uma "volta", através da reconstrução e da salvaguarda de um património que roça a ruína... e de menos torniquetes!