"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, novembro 29, 2020

NICOLAU VERÍSSIMO: CIDADÃO EXEMPLAR, DISCRETO, SEMPRE ACTUANTE!


Os ideais do associativismo proporcionaram que nos conhecêssemos, durante um congresso no S. Jorge, onde trocámos experiências.

Ele, em Viana do Castelo, ao lado de Laurinda Figueiras, eu em Lisboa e Alpedrinha, nas diversas colectividades, além da associação Aldraba, onde estava integrado.

O convite que, com Laurinda Figueiras me fez para participar nas Jornadas de Cultura Popular, foi aceite e desde então em cada ano que passava íamos partilhando novas perspectivas acerca das tradições minhotas

Levei até à Meadela alguns Amigos, entendidos em diversas matérias - eu próprio comuniquei acerca de temas variados - que terão enriquecido as Jornadas.

A Ronda Típica ia marcando pontos na sua ascensão como grupo etnográfico de referência que não hipotecava as suas nobres origens, obtendo um prémio na Turquia, num encontro de Folclore Internacional.

Discreto, bonancheirão, descrito por um amigo como de convívio "umbilical", tal era a naturalidade com que se dava àqueles que mereciam a sua estima, Nicolau Veríssimo supervisionava milhentos pormenores para que os eventos reflectissem o brilho idealizado.

Depois de termos - com o decisivo contributo de Laurinda Figueiras - consumado o sonho da elaboração e apresentação (na Biblioteca de Viana, No Salão Paroquial da Meadela e em Espanha) de "Por Feitiço, Por Magia", sobre a vida e obra do fundador da Ronda, José Figueiras, surgiu a oportunidade de participação regular no Festival Transfronteiriço de Poesia, Arte de Vanguarda e Património, nascido em Morille (Salamanca) com uma versão portuguesa em Vilarelhos.

Homem de Tertúlias e de sã convivência, agradabilíssimo, reconhecido por todos os que com ele privaram, foi vereador das Obras da Câmara Municipal de Viana do Castelo, cujo desempenho merecia o respeito colectivo.

Obreiro do Centro de Dia e da Creche, preocupava-se com o bem estar da Comunidade e particularmente dos mais fragilizados desta Sociedade.

Se Deus existe deve ter um lugar destacado no Céu dos Crentes.

[A todos os Familiares e Amigos, os meus Sentimentos!]

Almada, 29-11-2020

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)


sábado, novembro 21, 2020

OBRIGADO, JOSÉ PRISTA!

 


Proporcionou-me a Vida a possibilidade de conhecer, tendo acompanhado durante alguns anos, um Homem inteligente, com um sentido de humor singular, cuja estima mútua foi marcante naquilo que aprendemos e partilhámos.

José Manuel Prista, sábio da meteorologia e de outros saberes, deixou este mundo, situação que todos nós algum dia cumprimos.

Participei na sua casa de Lisboa nas reuniões da Comissão Promotora da Aldraba, associação do espaço e património popular, tive o prazer de ser seu colega na direcção - após a fundação, onde manifestou sempre uma opinião crítica e construtiva. 

Com José Alberto Franco registámos os estatutos da associação numa notária. 

Ao longo do tempo visitei-o (com ele aprendendo lugares, factos e figuras da História ligados ao concelho para onde foi viver).

A minha mudança de residência, depois da aposentação antecipada, além de alguns problemas de saúde, que no caso dele foram profundos, interromperam o contacto.

Guardo dele boas memórias. Uma forma de estar com escala humana.

Apresento os meus sentimentos à família e aos amigos, que como eu sentem a perda do companheiro de sonhos, que apoiou entusiasticamente a associação, cujo primeiro caderno temático, sobre aldrabas e batentes, apresentou durante o festival islâmico de Mértola, onde também esteve "de serviço" à exposição montada numa garagem, onde além de aldrabas e batentes, os "seus" Cataventos - utensílios que tão bem conhecia e sobre os quais publicou um importante estudo, eram mostrados com a qualidade das suas imagens e palavras.

Obrigado por tudo, José Prista!

Luís Filipe Maçarico (texto) Fotografia recolhida na Net

sexta-feira, novembro 20, 2020

FAIROUZ, A CANTORA LIBANESA

 Depois de Umm Kalzum, a mítica cantora egípcia, que todo o mundo árabe venera (constatei isso na Tunísia) Fairouz, arrebatadora cantora libanesa, completa 85 anos.

Ouvi-as nos táxis, nas rádios, por todo o lado. Fairouz, é árabe de etnia, estando ligada à igreja greco-ortodoxa.

Todavia, isso não impediu que as suas canções, durante a guerra civil libanesa ou contra a ocupação da Palestina, sejam hinos de resistência. Condecorada por diversos presidentes do seu país, designadamente com a Ordem do Cedro, e vários chefes de estado franceses, - Macron numa das idas a Beirute foi a sua casa entregar-lhe a Legião de Honra, Fairouz há muito que faz parte de um grupo de artistas que ganharam a Eternidade em Vida, cantando em todo o planeta, como foi o caso de Amália Rodrigues, que se fosse viva celebrava este ano o seu centenário.

Texto de LFM; Imagem retirada da Net

quarta-feira, novembro 11, 2020

Até Quando?

 


Vi hoje a tristeza nos olhos de um velho amigo, com a sua máscara, no café onde trocámos algumas impressões, após meio ano de nos termos encontrado no mesmo local.

Os meses vão decorrendo e o cidadão comum, dependente da situação pandémica, sem vislumbrar - aparte uma imensidão de promessas e publicidades prematuras- o fim do pesadelo, que entristece quem tenta resistir, no trabalho, na vida familiar, no convívio associativo.

Espalham teorias de ser o contacto entre familiares que faz o vírus circular, contaminando sequencialmente ( onde estão os estudos fundamentados?)

Isentam as empresas de transportes (que reconfirmaram) como a Fertagus, que em 2019 retirou cadeiras, transportando mais de metade dos utentes em pé. e acontece algo do mais insultuoso aos cidadãos que está à vista: nas plataformas onde esperamos as composições sentamo-nos cadeira sim, cadeira não. Dentro das carruagens é tudo ao molho. E depois não há perigo de contaminação nos transportes? 

vi hoje a tristeza nos olhos que a máscara deixava ver, de um velho cidadão que sabe que estes anos são de pesadelo, de medo, de negação da vida fraterna e saudável.

Até quando?

LFM (Foto e texto)


segunda-feira, novembro 09, 2020

CONFINAMENTO II

 

Voltaram os céus cinzentos e 

as intermináveis horas

das noites de folhas derramadas

trevas e silêncio anunciando

o Inverno

páginas riscadas e o regresso

da detestada palavra confinamento

desconheço quanto tempo

viverei sobre escolhos

sem bóia sem barco

sem saber nadar.


2-11-2020

Luís Filipe Maçarico

terça-feira, novembro 03, 2020

A História do Irão na RTP2


A rtp2 começou a apresentar uma preciosa série, com a qualidade da BBC, sobre a História do Irão, que é um deslumbre e desvenda pormenores fantásticos que explicam a diversidade cultural e as raízes da civilização persa, que os árabes tentaram dominar.

Terça, quarta e quinta, neste início de Novembro, pelas 20:30 e durante 1 hora, 3 episódios imperdíveis, para quem neste tempo de trumps e bidens engalfinhados e os canais televisivos todos rendidos à guerra eleitoral, que entretém a populaça com pão e circo, enquanto por cá há tanta coisa para reflectir.

Ao menos que se conceda um descanso cultural neste massacre covidesco.

 https://www.rtp.pt/play/p7937/e503421/the-persians


Luís Filipe Maçarico

quarta-feira, outubro 21, 2020

O LADO ERRADO OU COMO SE PERDEM ELEIÇÕES POR INACÇÂO


 Cada vez mais me convenço que vim para o lado errado da vida, ao escolher residir em Almada, que tinha o lema "O lado certo" no tempo em que o município era governado pelo PCP.

Há uma imensa nebulosa por desvendar na questão da saúde. Actualmente, porque o governo passou para as autarquias o desanuviamento dos Centros de Saúde, devendo estas acordarem protocolos com as farmácias, constato que enquanto nos anos anteriores pagava 7 euros por me administrarem a vacina da gripe, em 2020 é concedida a importância de 2,5€ por cada vacinação de idosos às farmácias que não alegarem que as câmaras não assinaram esses protocolos ou que não houve fornecimento de vacinas suficiente.

Para mim o que está em causa são os 5 euros de diferença que as farmácias recebiam anteriormente dos idosos, que agora não pagam a vacinação. 

Por outro lado, o Centro de Saúde de Almada não atende telefonemas para os incautos marcarem o tratamento, nem tão pouco respondem aos mails dos utentes, que desejem evitar mergulhar no caos.

Afinal o Covid dá muito jeito para muita gente se mascarar de cordeiro em pele de lobo.

Chegam-me notícias de autarquias Psd a providenciarem no sentido das farmácias do seu território terem vacinas e poderem administrá-las à população necessitada. O que só posso aplaudir.

Não fora  a presença fraterna de alguns bons amigos, durante o confinamento, e a união de juntas de freguesia onde habito, que ao contrário de muitas outras fechou serviços, limitando-se a divulgar os restaurantes que forneciam comida para fora, e estaria entregue à minha sorte. Os velhos sem familiares tiveram de recorrer às senhoras benfazejas das sacristias.

Chamavam-lhes as autarquias-povo, nos anos 80...

Os orgãos dirigentes da esquerda de Almada deveriam analisar estas posturas, porque não se trata só de tocar vuvuzelas a dona Inês, por ir à RTP3 comentar a vida política em vez de desempenhar como os almadenses mereciam, o lugar para o qual foi eleita. A tal que adorava ter as vistas do Picapau Amarelo e atravessar o Tejo de cacilheiro todos os dias.

Ou de criticar o hospital dos SMAS por ter fechado durante a pandemia. Deixar os velhos entregues à caridadezinha das Misericórdias não me parece ser a atitude mais correcta de quem se diz preocupado com valores humanitários.

Nas eleições para as autárquicas terei de pensar muito bem. Porque se alguns eleitos estão a fazer frete nos cargos que desempenham será melhor dar lugar a outros. Seria excelente que em 2021 Almada tivesse uma junta de freguesia autónoma - com uma equipa renovada e de esquerda consequente, em vez desta situação de acumulação que justifica a dispersão e ineficácia, como se fosse aceitável.

Entre outras actuações, deviam desmascarar o discurso demagógico de algumas farmácias, demonstrando que estão com as populações, defendendo activamente os valores que nos seus programas eleitorais anunciam.

L

quinta-feira, outubro 15, 2020

PERIGO E MENTIRA


Em 3 de Outubro de 2017 na farmácia mais antiga de Almada, tomei a vacina da gripe.

Há dias, depois de me ter sido dito que este ano,  a partir do dia 26 ela iria ser-me administrada, tomei conhecimento que das duzentas solicitadas, apenas virão 20 e foi-me aconselhado a ir ao Centro de Saúde, que aí talvez me safe, pois não contaram comigo.

A Directora Geral da Saúde bem podia retirar-se das massacrantes conferências de imprensa, pois há semanas anunciou que este ano a vacina da gripe seria ministrada mais cedo, primeiro para grávidas, profissionais da saúde e idosos e funcionários dos lares, seguindo-se outras pessoas com morbilidades.

Publicidade enganosa.

Quem pode contribuir para a tranquilidade dos idosos e doentes, que ficam de fora destas escolhas? Quem garante que todos seremos vacinados, se não há vacinas suficientes? Estamos entregues à própria sorte num tempo de trevas.

O Centro de Saúde de Almada tem um contacto telefónico, mas não atendem, ao fim de vinte e tal minutos de espera a chamada desliga-se.

A realidade desmente as promessas.

Vivemos num quotidiano de perigo e mentira. Pelos vistos não temos direito a viver. Que nome dar a estes decisores?

segunda-feira, setembro 28, 2020

MARTÍRIO

 


Gostava que alguém me explicasse, como se fosse desmiolado, a razão de todos os Governos desde há muitos anos fazerem estatísticas acerca dos incêndios de cada Verão, quando ainda faltam semanas para terminar a época das temperaturas propícias ao fogo (geralmente posto e de cujos criminosos pouco se sabe, sobretudo que penas são decididas perante o enorme prejuízo que as chamas originam, prejudicando o ambiente, os animais, as populações).

Em vez de mostrarem imagens até à náusea das sucessivas tragédias, que parecem aliciar os pirómanos, as televisões deveriam divulgar os castigos e mostrar os rostos dos bandidos, que agem, a mando ou por única e exclusiva decisão.

A quantas mais mortes de populares e de bombeiros teremos de assistir, até que não haja mais espaço para estudos e relatórios, que em nada contribuem para alterar o pantanoso terreno dos impunes assassinos?

A destruição do pinhal de Leiria segundo informações que então foram divulgadas, estava a ser planeada por gente sem escrúpulos. Houve consequências?

Este ano, após as estatísticas embandeirarem em arco tipo "o ano com menos fogos", sucessivos dramas ocorreram com povo aflito a perder árvores, ferramentas, barracões.

Quando acabará este martírio?

LFM (Texto e foto)

A Ministra dos Óbitos & dos Drinks

 



Alguém me explica para que serve uma ministra cuja actividade se resume a fazer elogios fúnebres perante a avalanche de falecidos notáveis ligados à Cultura?

Apenas lhe conheço três situações, enquanto detentora do cargo, a saber:

- O prestígio grangeado na CML advém de ter conduzido a inovação chamada "Orçamento Participativo". Como foi vereadora do actual primeiro ministro, passou a integrar o governo. Nariz empinado é a imagem que guardo da criatura, no tempo (felizmente) final do meu desempenho numa Câmara onde já era penoso ser funcionário.

- O PCP propôs e a  ministra mandou executar a recolha fonográfica do trabalho de Zeca Afonso, para se constituir o respectivo arquivo sonoro.

- Ter assumido numa entrevista a sua orientação sexual, o que não faz de alguém melhor do que os outros nas funções da governança.

Ficamos sempre mais pobres, ouvi-a dizer na RTP 3 a propósito da morte do bailarino Jorge Salavisa.

Sob o manto diáfano da mediocridade a nudez forte do vazio (glosando abusivamente uma frase do grande Eça)

Eis a diferença a que temos direito, parafraseando um jornal dos anos revolucionários, esse sim marcante.

LFM (Texto e Foto)

sexta-feira, setembro 18, 2020

ANTOLOGIA POÉTCA DE LUÍS MAÇARICO APRESENTADA NA CASA DO ALENTEJO









Nesta quinta feira 17 de Setembro, realizou-se na Casa do Alentejo o lançamento da Antologia Poética de Luís Filipe Maçarico "No Azul da Manhã Acorda Para Cantar", selecção de 120 poemas com desenhos e telas de Artur Bual numa edição da Colibri.

As intervenções estiveram a cargo de Rosa Calado (CA), Fernando Mão de Ferro (Colibri), Maria João Bual, Fernando Duarte (Prefaciador) e do Autor.

Esmeralda Veloso disse alguns poemas.

A assistência presente (cerca de três dezenas de leitores) seguiu com interesse as intervenções e no local ou em comentários no Facebook deram nota do bom ambiente espiritual sentido.

Alguns exemplos:

Foi um fim de tarde maravilhoso , maravilhosa a sua poesia as histórias contadas bem como os depoimentos mais que merecidos ao poeta e ao homem que é, bem haja.

Um HOMEM que se desnuda e nos faz sempre desejar percorrer com ele os desertos de silêncio onde só a Beleza pode ser encontrada.....
  • Um bom evento e na Nossa Casa do Alentejo, parabéns Luís e um grande abraço.

(Texto e recolha de LFM; Fotografias de Rita Fernandes e Cristina Pombinho)

NOTA:
Desde Março que a Casa do Alentejo não realizava um evento assim (com os devidos cuidados - máscara, distanciação, etc.)

quarta-feira, setembro 09, 2020

Apresentação de Antologia Poética de Luís Filipe Maçarico

 


Na próxima quinta feira 17 de Setembro, na Casa do Alentejo, pelas 18:30h, efectua-se o lançamento da Antologia Poética de Luís Filipe Maçarico "No Azul da Manhã Acorda Para Cantar", selecção de 120 poemas (1973-2019). 
 
Participações de Rosa Calado (CA), Fernando Mão de Ferro (Colibri), Maria João Bual, Fernando Duarte (prefaciador) e do Autor. Esmeralda Veloso dirá alguns Poemas.
 
IMPORTANTE: Os lugares limitados do Salão obedecem ao distanciamento e demais normas de higienização em vigor.

quarta-feira, setembro 02, 2020

Publicação da Antologia" No Azul da Manhã Acorda Para Cantar" com a chancela da Colibri








Esta terça feira 1 de Setembro, estive na Feira do Livro de Lisboa, dando autógrafos a propósito da Antologia Poética "No Azul da Manhã Acorda Para Cantar", que contém 120 poemas publicados em livro desde 1973 e ao longo de 46 anos. Os versos são acompanhados por fotografias, telas e desenhos onde surge Artur Bual, pintor gestualista, cuja Vida e Obra entendi celebrar nas páginas deste livro.
A Colibri editou e quem quiser adquirir o volume pode contactar Helena Gil através do telefone 219317499.
Texto de LFM. Fotografias de FD e AIV.

domingo, agosto 16, 2020

16 Anos de Águas do Sul

 



No início deste mês o blogue "Águas do Sul" fez dezasseis anos. Discretamente.  

Este ano, a Poesia e a divulgação do que é bom desfrutar (livros, lugares do esplendor do património) preencheu os artigos que foram sendo publicados.

O compromisso de continuar a insistir nos valores que têm escala humana, mantém-se. 

Continuo a alimentar este espaço de comunicação, que a existência de uma página no Facebook amplia. Contudo, a atenção que essa página me merece dificulta-me para escrever no "Águas do Sul". O equilíbrio entre as duas actividades é tentado, mas como aconteceu este ano, a celebração desta década e meia de reportagens e tentames literários ainda que sempre a tempo, está atrasada.

Se a vida me proporcionar saúde, energia e criatividade, vamos voltar a encontrar-nos de novo, com a sensibilidade e a pertinência que já me habituei a partilhar. Espero não vos desiludir. Bem hajam pela vossa companhia!

Luís Filipe Maçarico

terça-feira, agosto 11, 2020

A SINFONIA DO MELRO, LIVRO DE HAIKUS DE EDUARDO RAMOS COM ILUSTRAÇÔES DE JANICA

 
Depois de ler as 36 páginas de "A Sinfonia do Melro", de Eduardo Ramos (haikus) e Janica (ilustrações), maravilha e gratidão são duas palavras que ficam aquém da fantástica magia que este livro partilha. Um livro que enche a alma de luz e cor.

O sol, o mar, o azul, a Natureza, os melros, as borboletas, as gaivotas, as rosas, o jasmim e outras flores inundam de aromas e sonho a profunda palpitação de paz que este tesouro suscita.

Plenitude dos haikus e excelência das ilustrações.  Lê-se de uma assentada, arrebatadamente. Sentimos a serenidade e cintilação dos versos escritos num tempo estranho.

Eduardo Ramos, músico prodigioso que nos seus concertos privilegia o universo de ancestrais tradições, recolhidas no imaginário cristão, árabe e sefardita, surpreende-nos agora com estes inspirados haikus.

Os interessados na obra escrita e cantada (vários discos) deverão solicitar directamente ao autor através do TLM 965034764.

Parabéns, Amigos Eduardo e Janica. 

Para os meus leitores, uma selecção dos haikus deste livro:

"Não deixes o ano/ Ser o teu amo/Cavalga no tempo" p.7

"Na infinita quietude/ O som terno/ Do alaúde" p. 14

"O azul do céu é lindo/ O azul do mar é belo./ AS gaivotas sabem-no" p. 26

"Uma borboleta poisou/ No lago tranquilo/ Mas as águas agitaram-se" p. 33

"Que a humildade e a paciência/ Sejam sempre/ A minha urgência". p. 36

Luís Filipe Maçarico

domingo, agosto 09, 2020

REGRESSO À NAZARÉ

Tal como em Alcobaça, viajei com os Amigos Fernando e Rita até à Nazaré, outro concelho onde nunca mais tinha ido, desde os meus 12 anos, numa excursão da Escola.
A lenda de D. Fuas Roupinho, que terá recebido uma aparição protectora que impediu o caçador e o seu cavalo de se despenharem num abismo, é a grande marca histórica desta terra.
Com uma ermida erigida no local onde terá sucedido o milagre, a estância balnear tem um santuário que apresentou, conjuntamente com o culto à Virgem da Nazaré do Estado do Pará, uma candidatura a Património Imaterial da Humanidade.
A juntar-se à tradição piscatória e ao aluguer de casas para as férias dos veraneantes, ainda hoje anunciadas por mulheres que ostentam tabuletas alusivas, a onda gigantesca que trouxe outros peregrinos integra - através da visita ao forte de São Miguel Arcanjo, onde se exibem duas exposições -  uma de pranchas e outra com fotos do canhão (onda) da Nazaré, a nova atracção turística.
Havia centenas de visitantes que acorreram ao forte onde se situa um farol e na praia, o formigueiro de gente impressionava.
Não é por acaso que a região do Centro tem tido taxas de ocupação elevadas. Portugueses e espanhóis vieram dar vida aos lugares mágicos e históricos da cidade e valorizar o que de bom existe e se faz em Portugal.
LFM (texto e fotografias)


sábado, agosto 08, 2020

REGRESSO A ALCOBAÇA

 


Desde os tempos da Escola Preparatória Francisco Arruda que não visitava Alcobaça. Decorridas seis décadas voltei ao lugar, que encerra tanta simbologia, memória, Arte e História.

Ou seja: desta vez e graças aos Amigos Fernando Duarte e Rita Fernandes, fiquei a conhecer com mais profundidade esta jóia da arquitectura religiosa e do património de Portugal, tendo fruído momentos maravilhosos neste território monumental da Estremadura.

Fundado por D. Afonso Henriques, em 8 de Abril de 1153, é um dos maiores edifícios da Ordem de Cister, tendo começado a ser construído em 1178.

Integra a lista do Património Mundial da UNESCO desde Dezembro de 1989, tendo por base alguns critérios, entre outros, como: a grandeza das suas dimensões, pureza e luminosidade arquitectónicas, beleza do material, rigor na execução, obra-prima da arte gótica cisterciense, túmulos de D. Pedro e de D. Inês, consideradas das mais belas esculturas funerárias góticas.

Vale a pena neste Verão visitar o Mosteiro de Alcobaça e almoçar um bom frango na púcara ou sardinhada, como fizemos, com bastante agrado, pagando pouco, num dos restaurantes ali perto.

Após o tempo da visita e da refeição escutámos com enorme satisfação uma trabalhadora da restauração local a elogiar a atitude dos portugueses que ainda o podem fazer, escolhendo terras como aquela para ajudar na recuperação económica dos lugares.

Atitude bem diferente da lamúria que se escuta noutros lugares que lamentam a falta de estrangeiros, principalmente ingleses, pois afirmaram-se durante anos contra os naturais, alicerçando a sua actividade turística na subserviência, que era visível até nas ementas que relegavam a língua portuguesa para lugar secundário...

Luís Filipe Maçarico (Texto, recolha documental e fotografias)