"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, fevereiro 24, 2015

O Stress produzido por notícias desportivas berradas, como se o locutor estivesse numa maratona

 
Há algum tempo, desabafei que os locutores do bloco de notícias desportivas, da Antena 1, não falavam: gritavam, apressadamente, provocando arritmia, nos ouvintes mais sensíveis. Fiquei contente, quando me apercebi que um deles, Fernando Eurico, alterou a postura comum à equipa e, pausadamente, com excelente dicção, difunde as informações, consideradas pertinentes pela respectiva redacção.

Nada tenho - até porque não conheço o senhor - contra Alexandre Afonso... 
A verdade é que este membro da equipa desportiva, continua, manhã cedinho, a berrar, como se estivesse a fazer uma maratona, atrás do autocarro, ou subindo, em passo de corrida, do Martim Moniz ao Castelo de S. Jorge.

Será que os profissionais das notícias desportivas, da RDP, não se apercebem que cansam o ouvinte? Quando isso sucede, a minha atitude é rodar o botão do transistor e mudar para a Antena 2, a da música clássica ou para a Smooth FM.... 
Basta de stress. Pois, se até as vacas, para produzirem melhor leite, escutam música....

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)

sábado, fevereiro 21, 2015

Sacos de Plástico, a Nova Taxa Encapotada.

Pergunto-me se não estamos de volta aos anos 50-60, em termos da deposição dos resíduos sólidos, ou seja, ao balde, onde se despejavam os lixos domésticos (cascas de legumes e frutas), que depois eram removidos pelos "almeidas" (actuais cantoneiros de limpeza)...

Com a imposição do Governo, ao pocurar controlar o uso excessivo de sacos de plástico, que proliferava nas grandes superfícies, qual será no futuro o discurso dos serviços de sensibilização sanitária dos municípios? 

Vamos voltar ao tempo, em que os moradores atiravam, pela janela, os seus lixos, na calada da noite? 

O Porto, cidade tão bonita, talhada em granito, que nos anos 70-80, do século XX, era um viveiro de detritos, atrofiando aquela beleza rude, que ao fim do dia, vista da serra do Pilar transmutava a pedra em oiro...Reencontraremos o Porto sujo, como dantes?

Lisboa, que tem andado mais poluída, conseguirá vencer essas sombras, decorrentes de uma transformção administrativa? A cidade branca não conseguiu ainda o apuramento higiénico do seu status de capital europeia, que pretende ser cartaz turistico....

É que a narrativa da sensibilização sanitária, alude a metermos, dentro dos contentores herméticos, os sacos de plástico, com os detritos, bem acondicionados....

Será que todos os governantes (Governo Central e Câmaras Municipais) pensaram nisto, ou como é costume, implementa-se primeiro a nova medida, restritiva, e depois, consoante os resultados, logo se vê...

No meu caso específico, utilizo o saco de plástico, para depositar os resíduos, decorrentes da atividade doméstica, reciclando ainda garrafas e garrafões de plástico, embalagens cartonadas, etc, que considero excessivas, pois os produtos seriam seguramente mais baratos, se não tivéssemos de pagar tanto estrago. A verdade é que o abuso da utilização do plástico foi imposta pela União Europeia...
Inúmeros vegetais, frutas e demais produtos agrícolas, tiveram de ser expostos - obrigatoriamente - dentro de autênticas redomas plastificadas. 
Os próprios jornais, alguns dos quais sou assinante, passaram a ser expedidos via ctt, em embalagem plastificada, quando vinham com uma cinta de papel identificador do assinante.
Note-se que não sou contra a redução do plástico e até aplaudo os sacos de papel reciclado que as grandes superfícies oferecem aos consumidores dos seus produtos....

Tudo somado e dissecado, parece que afinal as pseudo regras, que visam melhorar o desperdício, configuram, não benefícios para o ambiente, mas uma nova taxa encapotada, em nome da protecção da Natureza, mas destinada a fins diversos. Na Antena Um, foi isto que percebi, durante uma reportagem, que desmontava a suposta inovação verde...

Há poucos dias, comerciantes da Rua Prior do Crato (Lisboa) insurgiam-se contra o facto das pessoas não reagirem a esta medida, recusando comprar sacos de plástico e depondo o lixo, directamente de um balde para o contentor. 
Numa loja chinesa, a proprietária queixava-se de ter comprado centenas de sacos de plástico, para a sua actividade, tendo sido apanhada de surpresa, com esta medida restritiva ao uso dos mesmos. 
Noutra loja de indianos, que abriu há menos de um mês, um saquinho frágil já é cobrado a dez cêntimos, se não quisermos trazer o rolo de papel higiénico ou a garrafa de água na mão. Curiosa, a febre de implementar a regra do pagamento do saco de plástico, quando esta casa está aberta das 8 às 24h, e os comerciantes em redor - de drogaria, sapataria e mercearia - têm de fechar para almoço, cumprindo regras que afinal não são para todos...

Afinal, em que ficamos?

Luís Filipe Maçarico

sábado, fevereiro 14, 2015

As Elites Labregas de Portugal

No ano em que Sócrates resolveu tratar todos os funcionários públicos como bandidos, impedindo o médico, que me conhecia há anos e acompanhava as minhas maleitas, de passar uma simples baixa de dois dias por gripe, obrigando-me - e a todos os trabalhadores da função pública, para obter o merdoso papel, a ir a um centro de saúde do SNS, aconteceu-me um episódio que merece ser contado.

Na altura, levando uma carta do meu médico, que atestava o meu mal estar, fui escorraçado pela médica de família, que o destino ou qualquer outra entidade estranha me destinara, alegando que era a sua hora de saída e não me conhecia de lado nenhum como seu paciente.

Voltei no dia seguinte à consulta das quatro da tarde e a megera vociferava que nunca aceitaria o que o meu médico dizia na carta e se eu estava ali para obter uma baixa, que me desiludisse.
Pacientemente aguentei.
Expliquei que era antropólogo e estivera num cine teatro do Alentejo apresentando uma comunicação e que a autarquia resolvera estrear um novo sistema de ar condicionado, estando o interior do recinto a 30 e tal graus, quando na rua estavam menos de 10 e ainda por cima havia uma porta aberta por detrás do palco, a fazer corrente de ar...

A serventuária do engenheiro mudou automaticamente de discurso e, abrandando o tom, perguntou-me se eu tinha algum delegado de propaganda médica na família pois o meu rosto fazia-lhe lembrar alguém dessa área...
Já tinha tentado humilhar-me o suficiente para eu a aturar mais. Exigi que me visse a garganta, que me doía.
"Mas o senhor está com uma grande infecção!" exclamou a labrega.

Saí daquele centro médico para onde tinha sido mandado por carta, e que não correspondia à minha residência, ansiando mudar-me para o sítio certo, a que hoje pertenço e onde há médicos correctos e competentes, que tratam os doentes de acordo com a ética e o respeito pelo ser humano.

Arrependo-me de não ter participado daquela aberração, pois gentalha desta fica a fazer mal a muitos pacientes que não necessitam de gritos nem de punições.
Espero que com as reviravoltas que a política e a vida dão, a doutora capacho dos poderosos já tenha tido a lição que merece e que alguém menos paciente que eu lhe tenha ido às trombas.

As élites portuguesas são muito labregas. Os exemplos estão sempre a acontecer.
Eu fico-me por aqui...

Luís Filipe Maçarico

Consequências da Privatização dos CTT





Os resultados da privatização dos CTT começam a revelar-se.
Já lá diz a voz do povo: Colhemos o que semeamos...
Uma carta expedida em Setembro de 2014, pela Associação dos Diabéticos de Portugal, convocando-me para exames (dia 7 de Janeiro de 2015) e uma consulta (dia 13 de Janeiro de 2015), chegou às minhas mãos no dia 27 de Janeiro de 2015. 
Preciso de acrescentar alguma coisa mais ao óbvio?

Luís Filipe Maçarico (fotografia de Jorge Cabral)