"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, julho 31, 2007

Francisco Colaço e a Personalidade de João Gonçalves Carrasco




Partilho este Mail enviado por Francisco Colaço:
"Que bela jornada! O calor humano irradiado por todos quantos comungaram essa singela, mas tão significativa homenagem prestada ao poeta e exemplar cidadão que foi João Gonçalves Carrasco representou a frescura de que necessitávamos para combater o calor tórrido que se fazia sentir ontem à tarde. Não sei se exprimo bem aquilo que senti, que todos sentimos!
Foi muito gratificante para mim ter partilhado esse sentimento que se gerou à volta da memória daquela personagem tão singular. Os testemunhos daqueles que quiseram partilhar connosco o seu sentimento em relação ao homenageado foram de uma extraordinária grandeza e de valor humano que não se vive todos os dias.

Ontem à noite fui a casa do Luís Bartolomeu entregar-lhe o livro, tendo ficado muito sensibilizado pela lembrança e lamentou não ter ido. Já hoje estive com o João dos Santos, irmão do Zé Soares, a quem eu tinha desafiado para ir comigo. Só podia fechar a oficina a partir da 1 hora. (Isto aos 80 anos!). Ele podia enriquecer a sessão, pois é um bom recitador. E a sua poesia tem uma grande profundidade social. Para que recordes envio-te em anexo o poema do "Velho mineiro", que ele declama de cor com grande sentimento. Calcula que nesse nosso breve encontro ele o fez quando lhe estava a relatar a jornada de ontem.

No regresso a casa, no trajecto entre Entradas e Carregueiro, ainda tive tempo de fotografar esse cenário do amalhar de milhares de garças nesses eucaliptos. é um espectáculo impressionante. Esse cenário transporta-nos a paisagens africanas. A luz era muito fraca, pois o sol já desaparecera, o que dificultou a fotografia. Tenho que lá voltar um pouco mais cedo.
Um grato abraço do"

Francisco Colaço (texto e fotos)

segunda-feira, julho 30, 2007

A Aldraba no Pragal: Migrações dos Alentejanos em Análise




O IX Encontro da Aldraba, decorreu ontem, domingo, no Centro de Dia da Alma Alentejana do Pragal. As antropólogas Ana Durão Machado e Inês Fonseca abordaram as migrações dos alentejanos.
O Património e a Identidade, presentes no Cante dos "Amigos do Alentejo", do Clube Recreativo do Feijó (tema da tese de mestrado de Ana) e na reconfiguração das aldeias, como Aivados e Esperança (assuntos estudados por Inês), bem como a problemática do associativismo, reflectida por Joaquim Avó, mereceram amplo e animado debate.
Após o almoço, um artesão, Rosa Dias e as Cantadeiras da Alma Alentejana trouxeram a poesia e a memória dos trabalhos rurais, espelhada nas palavras, nos trajes e nos objectos.
Simples mas profundo, o evento reuniu cerca de 30 participantes, ou seja foi uma aposta conseguida. Foi igualmente apresentado no Encontro o nº 3 da revista "Aldraba".
Fotos de Luís Maçarico e António Brito

domingo, julho 29, 2007

Nazaré e Joaquim Avó



Chamam-se Nazaré e Joaquim Avó. Animam de forma marcante a associação de alentejanos que contribui para o bem estar espiritual e físico daqueles que envelheceram longe do seu Alentejo.
Os cabelos brancos não são apenas devido à idade...
Os obstáculos, as preocupações, algumas pessoas que não se envolveram de forma intensa com o sonho, para construir a bela realidade que é hoje a Alma Alentejana, contribuíram certamente para coroar a cabeça, destes dois associativistas, com a prata da vida.
Ontem apareceram em Santana de Cambas, vindos de uma feira de artesanato em Nisa (300 km) e ainda foram para um colóquio na Trafaria. Hoje, abriram as portas do Centro de Dia do Pragal, para receberem o IX Encontro da Aldraba e a Nazaré fez um cosido de grão inolvidável.
Esta é a minha maneira singela de lhes agradecer a fraternidade!
Texto e Fotos de LFM (Alte, 30-11-2006)

O Melhor Património, As Pessoas










Com uma temperatura superior a 40 graus, dezenas de habitantes e de amigos de Santana de Cambas participaram no lançamento do livro de João Gonçalves Carrasco "Fui Camponês, Fui Caixeiro". Para lá das intervenções anunciadas, nomeadamente da filha do homenageado, Maria Júlia Carrasco, um dos pontos altos do evento foi a tertúlia com aqueles que quiseram deixar o seu testemunho.
Santana de Cambas está uma vez mais de parabéns, pela forma como a autarquia local honra o melhor património que são as pessoas e as suas memórias.
Com várias associações presentes e um público com uma boa componente de jovens, a iniciativa do presidente da junta José Rodrigues Simão deixou boa lembrança e fica para a história da terra como um momento importante.
Texto e fotos de LFM

quinta-feira, julho 26, 2007

"FUI CAMPONÊS, FUI CAIXEIRO"


No próximo sábado dia 28 de Julho, pelas 16 h 30m, no edifício da Junta de freguesia de SANTANA DE CAMBAS (MÉRTOLA), será apresentado o livro de JOÃO GONÇALVES CARRASCO "FUI CAMPONÊS, FUI CAIXEIRO", com a presença de MARIA JÚLIA CARRASCO E TOI CARRASCO (FILHOS), LUÍS FILIPE MAÇARICO (AUTOR DA INTRODUÇÃO), Engº JOSÉ ALBERTO FRANCO, presidente da Aldraba - Associação do Espaço e Património Popular (que dará conhecimento de um texto da Antropóloga ALEXANDRA LEANDRO, acerca do autor) e do PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE SANTANA DE CAMBAS, entidade que edita a obra, JOSÉ RODRIGUES SIMÃO.
Lembramos, para quem vier de Lisboa por Mértola, que deve atravessar a ponte do Guadiana, a seguir às bombas de gasolina, no início da localidade, seguindo como se fosse para Serpa, virando à direita, onde diz Pomarão, antes de Moreanes. Quem utilizar a estrada que vem de Serpa, deverá virar à esquerda, a seguir a Moreanes, seguindo pela estrada do Pomarão...
A VOSSA PRESENÇA SERÁ MUITO ENRIQUECEDORA! NÃO FALTEM A ESTE CONVÍVIO!
(NOTA: Este é o Post nº 600!)

quarta-feira, julho 25, 2007

A PISCINA DOS OLIVAIS FAZ HOJE QUARENTA ANOS


MEMÓRIA DA PISCINA DOS OLIVAIS E DOS ARQUITECTOS ANÍBAL BARROS DA FONSECA E EDUARDO PAIVA LOPES

Completam-se hoje, dia 25 de Julho, quarenta anos sobre a inauguração da Piscina Municipal dos Olivais, a primeira que existiu na cidade de Lisboa com características olímpicas, e durante a qual foram batidos 12 recordes nacionais, sobressaindo uma atleta moçambicana - Dulce Gouveia.
Mário Simas, antigo nadador internacional e olímpico, recordista e campeão nacional, efectuou o percurso inaugural.

Grandes provas da natação internacional e atletas de renome utilizaram aquele espaço desportivo da cidade, conferindo-lhe um brilho e uma festividade que permaneceu no imaginário de homens como Paulo Frischknecht, o actual presidente da Federação Portuguesa de Natação.
O Torneio das Seis Nações decorreu pouco tempo após a abertura, com vantagem para a equipa de nadadores espanhóis.
Das últimas iniciativas mais retumbantes que ali aconteceram, evidencia-se a III Festa das Colectividades de Lisboa, em 1998, com uma exposição e fados, entre outras actividades, nomeadamente desportivas.

Os dois arquitectos que conceberam o projecto da piscina municipal dos Olivais, Aníbal Barros da Fonseca e Eduardo Paiva Lopes, destacaram-se ainda pelo conjunto arquitectónico do Hotel Lutécia, Cinema Vox e Teatro Maria Matos.

Aníbal Barros da Fonseca foi também, com o arquitecto Rodrigues Lima, autor dos emissores de Monsanto, Montejunto e Coimbra (Lousã) da Radiotelevisão Portuguesa e de lojas para venda de televisores, nomeadamente na Praça de Londres.

Eduardo Paiva Lopes, em parceria com o arquitecto Manuel Silva Fernandes, recebeu o prémio Valmor de 1985, pelo edifício de escritórios do Banco Crédit Franco - Portugais.
Na acta da atribuição do galardão, o arquitecto Sousa Martins distinguiu o imóvel enquanto “projecto de qualidade” e o arquitecto Antero Ferreira considerou-o “uma obra de força arquitectónica, que impõe uma presença, harmoniza os contrários que estão à sua volta.”

Estranha-se pois que o “Dicionário dos Arquitectos activos em Portugal do Século I à actualidade”, de José Manuel Pedreirinho, tenha omitido a actividade dos dois conceituados autores, até porque dentro dos critérios de selecção, “em termos geográficos serão mencionados aqueles que se tem conhecimento terem trabalhado em Portugal” (Op. Cit., 1994, p.9). Não obstante, em 2003, no volume “100 Anos Prémio Valmor” o autor assinalou a distinção atribuída a Paiva Lopes.

Segundo a arquitecta Helena Roseta, estes homens “desempenharam um papel significativo na cultura portuguesa num período político em que o imobilismo era real”, considerando que a piscina dos Olivais se insere num contexto de piscinas de “referência para os arquitectos e para as populações”, como a do Campo Grande, de Keil do Amaral e a do Areeiro, de Alberto José Pessoa. Todas elas “foram executadas com um cuidado extremo, quanto à funcionalidade, à articulação com as artes plásticas e à pormenorização construtiva que revelam a destreza e inteligência da arquitectura produzida no país durante a década de 60.”[1]

Estando a desenvolver um estudo sobre o Complexo Desportivo dos Olivais, onde a piscina de Barros Fonseca e Paiva Lopes se insere, pareceu-me interessante assinalar a data da sua inauguração e registar alguns factos marcantes do percurso dos dois criadores.
Importa acrescentar que este Complexo Desportivo se encontra em fase de requalificação, para responder com eficácia às exigências da vida actual. Prevê-se que o reinício da actividade, possa assinalar um novo e profícuo período na existência daquele espaço desportivo da cidade.

Lisboa, 19-7-2007

LUÍS FILIPE MAÇARICO
(Antropólogo)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FONTES IMPRESSAS

Imprensa da época: “A Bola”, “Diário de Lisboa”, “Diário de Notícias”, “Diário Popular”, “O Século”, “Record”, “República”, "Mundo Desportivo"
Revista Binário, nºs 17 de Fev. 1960 e 135 de Dez. de 1969.

LIVROS E FOLHETOS

AVV (2004) “Lisboa Prémio Valmor”, Câmara Municipal de Lisboa/pelouro de Licenciamento Urbanístico e Reabilitação Urbana.

AAVV (2003) “Património Moderno Arquitectura Moderna Portuguesa 1920-1970”, IPPAR/Ministério da Cultura.

AAVV (1997) “Arquitectura do Século XX Portugal” edição Pelouro de Cultura e Tempos Livres/Departamento para a Ciência e Arte do Município de Frankfurt em Main, Deutches Architektur - Museum e Portugal – Frankfurt 97.

AAVV (1994) “Anos 60 Anos de Ruptura Arquitectura Portuguesa nos Anos Sessenta”, Livros Horizonte/Lisboa 94.

BORGES, França (1967) “Inauguração da Piscina Municipal dos Olivais”. Edição da Câmara Municipal de Lisboa

PATRONI, Hermano (1983) “Contributo para a História da Natação em Portugal”, edição Associação Portuguesa de Treinadores de Natação.

NUNES, João Pedro Silva (2007) “Arquitectura e Urbanismo à Escala Humana. Planeamento Urbano e Arquitectura de Habitação em Olivais Sul (Lisboa, 1959-1969)”, Câmara Municipal de Lisboa.

AGRADECIMENTOS:
Catarina Barradas, Dra Fátima Coelho e Paula Mendes.

FOTOGRAFIA ( O jovem nadador Paulo Frischnechkt no pódium da Piscina dos Olivais) DE: Ana Paula Filipe Piedade Pedro
[1] Fonte: Ordem dos Arquitectos.

terça-feira, julho 24, 2007

NOTA ESTIVAL


Não há mesmo pachorra para a demagogia dos ministros e para a imbecilidade das maiorias que os meteram lá, peregrinando de shopping em shopping, entre o jipe desmesurado, que lembra carros funerários e a moto de água, poluidora das praias com a arruaça, o ruído e o óleo na água...

Este país está cada vez mais parecido com um vómito.

Que nome dar a este hospício dos ladrões de sonhos?

segunda-feira, julho 23, 2007

MANJARES SERRANOS NA CORTELHA


Na aldeia da Cortelha (freguesia de Salir, concelho de Loulé) continuam a ser reavivados paladares e costumes ancestrais. Os requintados sabores e as mais genuínas tradições da Serra do Caldeirão servem de mote para mais um fim-de-semana de animação, que decorrerá nos próximos dias 4 e 5 de Agosto, com a realização do evento Manjares Serranos, onde se insere igualmente o 4º Festival de Folclore da Serra do Caldeirão.

A típica aldeia situada no coração da Serra do Caldeirão, serve de cenário, no primeiro fim de semana de Agosto, para mais um momento inesquecível de muita animação, proporcionado pela Associação dos Amigos da Cortelha, que após o sucesso de edições anteriores volta a organizar os Manjares Serranos, que já vão na sua 7ª edição.

Alternativa ao habitual turismo de sol e praia, este encontro possibilita aos muitos visitantes reviver a vida, os sabores e as tradições desta zona serrana do Algarve. Impulsionada pela organização, toda a aldeia se junta para o sucesso de uma iniciativa que nos últimos anos tem atraído até à Cortelha largas centenas de pessoas, que para além de degustarem os genuínos sabores da tradicional cozinha serrana, assistem a um Festival de Folclore que junta grupos originários dos quatro cantos do país.

Assim, no dia 4 de Agosto espera-se muita animação, com a actuação no palco do Polidesportivo da Cortelha do Rancho Folclórico de Praias do Sado (Setúbal), Rancho Regional do Olival (V.N Gaia), Rancho Folclórico do Freixial (Leiria) e Rancho dos Campinos da Azinhaga (Golegã), para além da actuação do jovem mas conceituado grupo da casa, o Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão (Cortelha-Loulé).

No dia 5 de Agosto terá lugar o Encontro de Sons Tradicionais; passarão pelo palco vários grupos de música tradicional portuguesa, oriundos do Algarve e Alentejo, nomeadamente “As Ceifeiras de Semblana”, “As Moças Nagragadas” e os “Psss Tó Maxoste”, que vêm dar um brilho especial a este evento.

À mesa estarão manjares que farão com certeza a delícia dos muitos forasteiros, como sejam a tradicional orelha de porco, o chouriço e presunto caseiro, o galo guisado, borrego ou javali e as famosas papas de milho, acompanhados de vasta doçaria regional algarvia e da aguardente de medronho.

Manjares e Folclore, serão assim cabeça de cartaz num evento que tem vindo a marcar o seu espaço no seio do cartaz cultural algarvio, ganhando a cada ano que passa novos públicos e demonstrando que no interior algarvio ainda se respira tradição e cultura.

Os Manjares Serranos são uma organização da Associação dos Amigos da Cortelha e contam com o apoio da Câmara Municipal de Loulé, Junta de Freguesia de Salir, Escola de Salir, INATEL e Região de Turismo do Algarve. São parceiros da organização o Jornal Folclore, Região Sul, a Rádio Gilão e RCS.

BREVE NOTA SOBRE O GRUPO ETNOGRÁFICO DA SERRA DO CALDEIRÃO

O Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão – Cortelha foi fundado a 26 de Julho de 2003, na Cortelha, aldeia serrana da freguesia de Salir, do concelho de Loulé.
Foi preocupação dos seus fundadores, divulgar as suas tradições, os seus usos e costumes. Para atingirem os seus fins, foi congregada toda a população da zona na recolha do manancial etnográfico, danças e cantares, trajes e utensílios de trabalho, gastronomia, contos e adivinhas, para representação das várias profissões e actividades, que foram o suporte económico da sua ruralidade, nomeadamente os ceifeiros, a padeira e o moleiro, entre outros.
O grupo é constituído por cerca de 62 elementos, com idades compreendidas entre os 5 e os 75 anos, apesar da sua pouco idade, já fez várias deslocações pelo país e participou no Festival Internacional em Paris, vai participar em Agosto, no Festival Internacional na Hungria. É filiado no INATEL e sem dúvida um óptimo representante da Serra Algarvia.

PROGRAMA

4 de Agosto

16:00 H – Abertura do Certame
18:00 H – Animação com Leonel Alexandre
21:30 H – Festival de Folclore
Rancho Folclórico de Praias do Sado – Setúbal (Estremadura Sul)
Rancho Regional do Olival – V. N. Gaia (Douro)
Rancho Folclórico do Freixial – Leiria (Alta Estremadura)
Rancho dos Campinos da Azinhaga – Golegã (Ribatejo)
Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão – Cortelha – Loulé (Algarve)
5 de Agosto

16:00 H – Abertura do Certame
17:00 H – Animação com Conjunto Sons do Sul
18:30 H – Grupo Coral “As Ceifeiras de Semblana” (Almodôvar)
19:30 H – Grupo “As Moças Nagragadas” (Paderne)
20:30 H – Grupo “Psss Tó Maxoste” (Panóias – Ourique)

Foto: tela, exposta no Solar dos Presuntos, Cortelha, da autoria da filha dos proprietários :LFM; Texto (recebido por e-mail e adaptado) da Associação dos Amigos da Cortelha.

domingo, julho 22, 2007

A Frase do La Moneda

Um destes dias encontrei numa parede do LA MONEDA, um bar/restaurante simpático, situado na Rua da Moeda, perto do Mercado da Ribeira, esta frase - sem indicação do autor - em castelhano (cujo atrevimento pela tradução e adaptação é da minha lavra) que partilho:
"As pessoas preocupam-se em arranjar o cabelo, mas não se importam com o coração."
Fotografia: LFM (Odeceixe)

sábado, julho 21, 2007

LEMBRANÇA DOS MASTROS DE S. TEOTÓNIO




Este ano, Junho e Julho andaram de mãos dadas com o vento, e a chuva invadiu as noites dos santos populares, tradicionalmente quentes. Por todo o lado, oiço as pessoas queixarem-se do frio que sentem, quando o céu se enche de estrelas.
Quando regressava de Odeceixe, no final do mês passado, passei por São Teotónio, onde, de dois em dois anos acontece o festival dos Mastros. Descoloridos, chicoteados pelas águas do céu, lá estavam os belos mastros, que a população inventa. Oxalá em 2009 o sol e a imaginação não abandonem este povo do litoral alentejano, tão criativo (e festivo)!
Texto e fotos:LFM

quarta-feira, julho 18, 2007

BALADA


À luz deste mar
azul de tanto sol
dir-te-ei segredos
com sabores de longe

À luz deste céu
azul de tanto mar
dar-te-ei canções
com sabores daqui

À luz deste sal
azul de tanto amor
dar-te-ei um corpo
com aromas de esteva

À luz deste azul
azul de tanto sul
sonharemos outro ar
entre a Terra e o Mar.

15-6-2001

Luís Filipe Maçarico (poema e foto/Beliche)

terça-feira, julho 17, 2007

O BUSÍLIS


Em "Keil do Amaral - Urbanista Tradição e Modernidade na sua Obra" aparece esta frase do célebre arquitecto, cujo contexto tinha a ver com o facto de Duarte Pacheco, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, não lhe ter pago um trabalho, pretendendo saldar a dívida com o aliciamento para a entrega de um novo projecto:

"Eu já vi, que quem está errado sou eu, pois num país em que a desonestidade é que é premiada, ser honesto é que é o problema."
Texto (recolha) e foto (pormenor da entrada de uma casa em Nave do Barão/Loulé):LFM

segunda-feira, julho 16, 2007

NOTÍCIAS INCERTAS


Nos próximos dois anos, Lisboa terá um executivo constituído por dezassete vereadores de seis listas (4 de partidos e 2 de dissidentes partidários). Escolhido por um terço dos eleitores.
Saramago disse que Portugal será uma província de Espanha, devendo esta passar a chamar-se Ibéria.
Eu voto SIM para a independência da Madeira e NÃO ao Tratado Constitucional da União Europeia.
O meu café de bairro fechou para férias e a melhor telenovela de sempre ("Páginas de Vida") acaba quarta-feira. Sinto-me orfão...

sexta-feira, julho 13, 2007

O MEU VOTO EM LISBOA


Domingo dia 15 de Julho, nas eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa, a minha escolha é numa alternativa de esquerda, que não está comprometida com o que de pior se fez na autarquia e que soube dizer Não quando foi preciso.
Lembro-me de saudosas conversas, advertências, que Artur Bual teve comigo e com outros amigos, que frequentavam o seu atelier, sobre os novos fascistas encapotados, que dão ordens por computador (ou que nos roubam sonhos e projectos, como é o caso dos partidos de alterne do Poder). O que pude comprovar nos últimos anos: uns na Câmara (que agora são independentes e amaldiçoam os partidos que lhes deram o prestígio e o curriculum, que não conseguiriam obter, só através da cátedra ou da empresa) entregando a não eleitos o poder que deviam exercer; outros no Governo a complicar e a destruir a vida do povo, fazendo o contrário do que prometeram.

É por não acreditar em todo esse cortejo de demagogia, que apoio a CDU e voto na CDU.
Desenho: Artur Bual

quarta-feira, julho 11, 2007

Cidadãos Por Lisboa Visitaram Tapada das Necessidades






Transcrevo António Eloy, num excerto do seu blogue Insignificante que hoje atingiu o post nº 1000!
Diz ele:
Hoje foi o meu dia verde.
De manhã a Tapada das Necessidades, espaço espectacular e trepidante de problemas de situações dúbias, onde pequenas intervenções são necessárias, onde mais uma vez o poder da CML choca com outros poderes, outras tutelas.
Depois um almoço, prolongado, no Sebastião, hoje a iluminar o restaurante da Casa de Goa, com o departamento dos Espaços Verdes e Ambiente da CML e as Matas, para perceber que ideias germinam, que ideias podem germinar aqui. Parece que mais ninguém quis saber, parece que inverdades e ideias erradas sobre este potencial fantástico, e os problemas de gestão aqui, por aqui, ficaram esquecidas.

A lista Cidadãos por Lisboa visitou a Tapada das Necessidades esta manhã. Apenas duas das doze listas candidatas às eleições intercalares (CDU e Helena Roseta) se interessaram por este património, comprometendo-se a actuar em prol da salvaguarda deste jardim histórico.
Domingo, ao votar, não se esqueça que todos os outros passaram ao lado deste e de muitos outros problemas...
Fotos de A. Brito

segunda-feira, julho 09, 2007

INTERVENÇÃO NO 121º ANIVERSÁRIO DA SOCIEDADE FILARMÓNICA UNIÃO E CAPRICHO OLIVALENSE, EM 22 DE JUNHO DE 2007








Exmos. Senhores Membros dos Corpos Sociais da Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense, Entidades, Associados, Amigos da Música e desta colectividade:

Agradeço, em nome da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, o convite para participar no 121º Aniversário da SFUCO, e aproveito para saudar o relacionamento fraterno e leal e o espírito elevado desta instituição, através dos tempos, com a luta do Movimento Associativo Popular, representado pela Confederação.

As questões que há seis anos atrás coloquei, sobre a forma como alguns poderes procedem com as colectividades, infelizmente mantêm-se actuais.

Na última meia dúzia de anos, o contacto do executivo municipal com as colectividades, ressentiu-se da mudança de sucessivos responsáveis do pelouro, à média de um vereador e meio por ano, no primeiro mandato, e teve como protagonista de um guião embalador, uma representante de um eleito para o louvaminhar nos almoços de aniversário, que ocorreram em 2006-2007, prometendo com grande ênfase que o remake do milagre das rosas iria acontecer em breve.
Pergunto: que benefícios teve a Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense, durante o tempo em que a criatura ocupou a cadeira?
Para lá de um apoio pontual para adoçar a boca, aquando das eleições de Outubro de 2005, preocuparam-se por exemplo, em isentar a SFUCO do Imposto Municipal sobre Imóveis?

A SFUCO espelha o valor da força associativa, pois ao longo de cento e vinte e um anos, gerações resistentes de homens e mulheres fraternos, conseguiram idealizar e manter um espaço magnífico de companheirismo e criatividade.
A vossa escola de música, obra notável, em funcionamento ininterrupto há três décadas, é o resultado do estímulo e entrega de homens generosos e discretos, que se empenharam e honram, criando futuro, contribuindo decisivamente no desenvolvimento sócio - cultural dos jovens alunos.
São ensinamentos como o vosso que nos estimulam a progredir nos caminhos do associativismo, pugnando por uma qualidade de vida que falta realizar, depois de Abril.

Há quatro anos, em resultado de um consequente debate colectivo, foram reconhecidos, pela Assembleia da República, o Dia Nacional das Colectividades e o Estatuto de Parceiro Social, consignados na Lei 34/2003.

A Confederação faculta aos associados e dirigentes das colectividades, um conjunto de apoios que vale a pena relembrar:

- Postos públicos de Internet Associativa Grátis (em centenas de colectividades do país).

- Formação Associativa, através de cursos para actualizar o desempenho dos dirigentes

- Parceria com Universidades, cujos estudantes investigam temas associativos.

- Gabinete Jurídico, com larga experiência no apoio e na emissão de pareceres, além de preparar e entregar processos de Utilidade Pública associativa,

- Dinamizamos os projectos “Agita Portugal” e “Jogos Tradicionais”, promovendo a actividade física, as tradições populares e a convivência entre colectividades.

- Podemos divulgar as vossas iniciativas e projectos no boletim “Elo Associativo” e no portal da Internet.

Se é verdade que estas propostas não superam todos os problemas com que se deparam, nem substituem os poderes que têm a obrigação de não deixar esmorecer esforços hercúleos, na salvaguarda do património identitário local e até nacional, sinto que o alento das palavras e de alguns gestos fazem falta, pois incentivam sempre a prosseguir este ideal que nos mantém vivos e actuantes.
Bem Hajam, amigos pelo exemplo da vossa dedicação!

Lisboa, 22 de Junho de 2007

Luís Filipe Maçarico

AGRADECIMENTO ESPECIAL A JOAQUIM BARATA que me enviou estas imagens da sessão solene dos 121 anos da SFUCO, onde se destaca a actuação da Escola de Música. Autor das fotografias: RUI ELIAS

BOA TARDE, JAIME CARVALHO!




Às cinco da tarde de um dia sonolento daquele Verão, Elvira Magusto telefonou-me para me dar a triste notícia: O Jaime partira!
Nesse momento, chorei com profundo desgosto, porque ele tornara-se um ente muito querido, como um pai ou irmão mais velho.
Tive o privilégio de estar com o Jaime em ocasiões de grande alegria e cumplicidade. Integrámos a Comissão Executiva da Primeira Festa das Colectividades, realizada no Pavilhão Carlos Lopes, em Outubro de 1996, estive ao seu lado quando a Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense fazia anos, participámos em reuniões e patuscadas que me deixaram saudades pelo convívio inesquecível.
No mês passado, Lisboa honrou Jaime Carvalho, associativista, autarca, homem fraterno, ser humano excelente, atribuíndo o seu nome a uma rua dos Olivais.
O amigo Joaquim Barata enviou-me várias imagens, das quais partilho estas: a placa toponímica, o Vítor Leote, O Joaquim e o Abílio, durante a celebração e o instante de descerrar a placa, tapada com a bandeira da SFUCO.
Deixo aqui a minha modesta homenagem.
Jaime Carvalho é um nome que nunca esquecerei, pela postura e carácter exemplar do cidadão, que viverá sempre, na memória das palavras, na elegância dos gestos, na impetuosidade da pegada. Na partilha com que festejava a vida!
Boa tarde, Jaime!

sexta-feira, julho 06, 2007

FLEXI-SEGURANÇA VERBAL


Os nossos políticos de todos os quadrantes gastaram o advérbio de modo "Basicamente" com que engalanaram as suas discursatas In Illo Tempore...

Modernizaram-se. Agora utilizam com sofreguidão um novo advérbio de modo: "Seguramente". Talvez com receio de serem considerados básicos, muniram-se de uma flexi-segurança verbal...

Texto: Luís Maçarico; Foto: Sónia Frade

terça-feira, julho 03, 2007

Memória de uma Intervenção na Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense Há Seis Anos


Ao completar 115 anos[1] de sonhos contra a sempre dura realidade, a Sociedade Filarmónica União e Capricho Olivalense deve orgulhar-se de um percurso que se traduz na actualidade por uma postura de grande dignidade, coerência e qualidade.
São grandes homens e mulheres, aqueles que, geralmente, ao fim do dia, asseguram que os sonhos continuem, são grandes mulheres e homens, estes que prosseguem a pegada de grandes glórias (quantas vezes anónimas) para manter vivos: a chama da Música, o ideal da solidariedade, este belíssimo espaço fraternal com mais de um século de grandes feitos.

E que grandeza é esta que, ao chegarmos aqui, faz-nos constatar funcionarem as coisas com a impecabilidade do costume?

É a do voluntariado, do sacrifício, da cordialidade, de um altruísmo, que os governantes das altas esferas não enxergam.

Ao insultuoso alheamento das doutas individualidades, com responsabilidade governativa, a SFUCO mantém-se de pé, com a vitalidade contagiante que se sobrepõe às dificuldades.

Uma casa assim constrói-se com muito suor, determinação e lágrimas.

Não são meras palavras de circunstância, estas, que em nome da Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio vos trago. Como vós, sou dirigente associativo, presido a um colectivo também centenário, infelizmente com o “musical” apenas no nome, e ainda há poucos meses integrei o vasto esforço organizativo, que pôs de pé o IV Congresso das Colectividades.

Ao longo dos cinco anos que tenho de dirigente da Federação, escutei com grande paciência, a mesma paciência com que vocês rumam contra a corrente, as discursatas dos que asseguram saber o que isto é, mas nada fazem, assim traindo a esperança daqueles que acreditaram que os ventos novos (…) trariam para todos pétalas de alegria.

Que nome dar à ausência de representantes do governo no IV Congresso, onde a SFUCO animou magistralmente a parte final da abertura?
Que nome dar à ausência de apoios que o Estado dito democrático mantém insistentemente? Que nome dar à escassez de colectividades com banda em Lisboa?

Aqueles que me conhecem, espantar-se-ão com a acutilância destas palavras, vindas de alguém que tendo os seus ideais, nunca deixou de estabelecer pontes entre as diferenças, na tolerância, na sensibilidade, no humanismo.
Contudo, cansa verificar que velhas aspirações e apreensões, que em diálogo com os saudosos amigos Jaime e Hélder, tantas vezes constatei, não sofreram até hoje a mudança desejada.

Uma certeza porém, todos sabemos. É que as colectividades continuarão a reinvindicar, entre outros, conforme consta na proclamação aprovada em Loures (…): o Estatuto do Dirigente Associativo Voluntário, uma lei que isente as colectividades do IVA na compra de equipamentos para a sua actividade e a alteração de um quadro legal que não serve os seus interesses, mas pelo contrário, agrava e dificulta a sua acção.

Enquanto houver gente que insiste em abrir as portas ao sonho, contra todas as adversidades, como é o vosso caso, sei que podemos vislumbrar uma cidade mais humanizada e saborear algum aroma dessas prometidas pétalas de alegria.

Enquanto houver pessoas com vontade de honrar quem deu a vida por uma causa tão nobre como a Música, o Teatro, o Desporto, o Convívio, a Paz, sei que a Razão triunfará.

Viva o Associativismo!
Viva a SFUCO!

[1] Esta intervenção, foi proferida por mim, enquanto primeiro secretário da direcção da antecessora da actual Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, e decorreu em 24 de Junho de 2001, em Lisboa.

segunda-feira, julho 02, 2007

O 78º Aniversário do Grupo Português de Excursão e Recreio



O Grupo Português de Excursão e Recreio completou 78 anos de existência, tendo assinalado na sua sede a efeméride, com uma sessão solene, onde estiveram presentes, além de muitos associados, os participantes no torneio inter-sócios, que receberam medalhas de participação e cujos vencedores foram premiados com troféus e entusiásticas palmas por parte da animada assistência.
Igualmente, duas congéneres ("Cova da Moura" e "Ordem e Progresso") foram agraciadas com lembranças, tendo a primeira retribuído com uma bonita salva. Estas colectividades receberam ainda medalhas e troféus por terem protagonizado com a aniversariante o torneio inter-colectividades, em honra do seu 78º aniversário.
Em qualquer dos casos, as modalidades foram o dominó e a sueca.
A Junta de Freguesia dos Prazeres, cujo presidente não pode estar presente, foi lembrada com um diploma, bem como todos os comerciantes da zona, que deram algum apoio, para a colectividade se manter em actividade.
Foi uma sessão muito digna, que na minha qualidade de associado recente, apreciei pela bela festa que esta simpática colectividade proporcionou.
Fotos (o estandarte e dois dirigentes do GPER - Edmundo Flores, o presidente da direcção à esquerda e Laurindo Santos, o tesoureiro) e texto de Luís Filipe Maçarico.

domingo, julho 01, 2007

Encontro da CDU na Tapada das Necessidades


















A CDU realizou na tarde do passado sábado dia 30 de Junho, um Encontro com os moradores da freguesia dos Prazeres, que teve a participação de dezenas de pessoas interessadas na salvaguarda do património natural e ambiental da cidade.
O local escolhido para esta tertúlia foi a Tapada das Necessidades, espaço pouco conhecido dos lisboetas cuja salvaguarda anima um movimento de cidadãos denominado Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades.
O candidato Carlos Moura, engenheiro do ambiente, escutou atentamente as pretensões daquele grupo, representado por vários elementos da Comissão Instaladora, que não só expuseram as suas apreensões face à degradação da Tapada, como o guiaram numa visita onde chamaram a atenção para o abandono de diversas instalações,nomeadamente da antiga secretaria e de uma estátua cuja cabeça foi decepada e de inúmeras floreiras derrubadas.
"Seguramente na Câmara e na Assembleia Municipal este assunto será abordado pela CDU, para que seja alterada a situação actual", prometeu o candidato, comprometendo-se a prestar contas da sua intervenção, daqui a dois anos.
A CDU foi a primeira força política a interessar-se por este assunto, inserindo nas suas preocupações sobre o futuro de Lisboa, a degradação da tapada e a urgente recuperação e animação do espaço, para fruição plena dos habitantes da cidade.

Fotos de LFM:
A tertúlia, a degradação da antiga secretaria, Carlos Moura e moradoras da freguesia dos Prazeres, o atelier de pintura da rainha Dona Amélia transformado em gabinete de Jorge Sampaio, o moinho, a estátua decepada, a estufa com os vidros destruídos, lixo proveniente de obras no Palácio aos pés de outra estátua