MEMÓRIA DA PISCINA DOS OLIVAIS E DOS ARQUITECTOS ANÍBAL BARROS DA FONSECA E EDUARDO PAIVA LOPES
Completam-se hoje, dia 25 de Julho, quarenta anos sobre a inauguração da Piscina Municipal dos Olivais, a primeira que existiu na cidade de Lisboa com características olímpicas, e durante a qual foram batidos 12 recordes nacionais, sobressaindo uma atleta moçambicana - Dulce Gouveia.
Mário Simas, antigo nadador internacional e olímpico, recordista e campeão nacional, efectuou o percurso inaugural.
Grandes provas da natação internacional e atletas de renome utilizaram aquele espaço desportivo da cidade, conferindo-lhe um brilho e uma festividade que permaneceu no imaginário de homens como Paulo Frischknecht, o actual presidente da Federação Portuguesa de Natação.
O Torneio das Seis Nações decorreu pouco tempo após a abertura, com vantagem para a equipa de nadadores espanhóis.
Das últimas iniciativas mais retumbantes que ali aconteceram, evidencia-se a III Festa das Colectividades de Lisboa, em 1998, com uma exposição e fados, entre outras actividades, nomeadamente desportivas.
Os dois arquitectos que conceberam o projecto da piscina municipal dos Olivais, Aníbal Barros da Fonseca e Eduardo Paiva Lopes, destacaram-se ainda pelo conjunto arquitectónico do Hotel Lutécia, Cinema Vox e Teatro Maria Matos.
Aníbal Barros da Fonseca foi também, com o arquitecto Rodrigues Lima, autor dos emissores de Monsanto, Montejunto e Coimbra (Lousã) da Radiotelevisão Portuguesa e de lojas para venda de televisores, nomeadamente na Praça de Londres.
Eduardo Paiva Lopes, em parceria com o arquitecto Manuel Silva Fernandes, recebeu o prémio Valmor de 1985, pelo edifício de escritórios do Banco Crédit Franco - Portugais.
Na acta da atribuição do galardão, o arquitecto Sousa Martins distinguiu o imóvel enquanto “projecto de qualidade” e o arquitecto Antero Ferreira considerou-o “uma obra de força arquitectónica, que impõe uma presença, harmoniza os contrários que estão à sua volta.”
Estranha-se pois que o “Dicionário dos Arquitectos activos em Portugal do Século I à actualidade”, de José Manuel Pedreirinho, tenha omitido a actividade dos dois conceituados autores, até porque dentro dos critérios de selecção, “em termos geográficos serão mencionados aqueles que se tem conhecimento terem trabalhado em Portugal” (Op. Cit., 1994, p.9). Não obstante, em 2003, no volume “100 Anos Prémio Valmor” o autor assinalou a distinção atribuída a Paiva Lopes.
Segundo a arquitecta Helena Roseta, estes homens “desempenharam um papel significativo na cultura portuguesa num período político em que o imobilismo era real”, considerando que a piscina dos Olivais se insere num contexto de piscinas de “referência para os arquitectos e para as populações”, como a do Campo Grande, de Keil do Amaral e a do Areeiro, de Alberto José Pessoa. Todas elas “foram executadas com um cuidado extremo, quanto à funcionalidade, à articulação com as artes plásticas e à pormenorização construtiva que revelam a destreza e inteligência da arquitectura produzida no país durante a década de 60.”[1]
Estando a desenvolver um estudo sobre o Complexo Desportivo dos Olivais, onde a piscina de Barros Fonseca e Paiva Lopes se insere, pareceu-me interessante assinalar a data da sua inauguração e registar alguns factos marcantes do percurso dos dois criadores.
Importa acrescentar que este Complexo Desportivo se encontra em fase de requalificação, para responder com eficácia às exigências da vida actual. Prevê-se que o reinício da actividade, possa assinalar um novo e profícuo período na existência daquele espaço desportivo da cidade.
Lisboa, 19-7-2007
LUÍS FILIPE MAÇARICO
(Antropólogo)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FONTES IMPRESSAS
Imprensa da época: “A Bola”, “Diário de Lisboa”, “Diário de Notícias”, “Diário Popular”, “O Século”, “Record”, “República”, "Mundo Desportivo"
Revista Binário, nºs 17 de Fev. 1960 e 135 de Dez. de 1969.
LIVROS E FOLHETOS
AVV (2004) “Lisboa Prémio Valmor”, Câmara Municipal de Lisboa/pelouro de Licenciamento Urbanístico e Reabilitação Urbana.
AAVV (2003) “Património Moderno Arquitectura Moderna Portuguesa 1920-1970”, IPPAR/Ministério da Cultura.
AAVV (1997) “Arquitectura do Século XX Portugal” edição Pelouro de Cultura e Tempos Livres/Departamento para a Ciência e Arte do Município de Frankfurt em Main, Deutches Architektur - Museum e Portugal – Frankfurt 97.
AAVV (1994) “Anos 60 Anos de Ruptura Arquitectura Portuguesa nos Anos Sessenta”, Livros Horizonte/Lisboa 94.
BORGES, França (1967) “Inauguração da Piscina Municipal dos Olivais”. Edição da Câmara Municipal de Lisboa
PATRONI, Hermano (1983) “Contributo para a História da Natação em Portugal”, edição Associação Portuguesa de Treinadores de Natação.
NUNES, João Pedro Silva (2007) “Arquitectura e Urbanismo à Escala Humana. Planeamento Urbano e Arquitectura de Habitação em Olivais Sul (Lisboa, 1959-1969)”, Câmara Municipal de Lisboa.
AGRADECIMENTOS:
Catarina Barradas, Dra Fátima Coelho e Paula Mendes.
Completam-se hoje, dia 25 de Julho, quarenta anos sobre a inauguração da Piscina Municipal dos Olivais, a primeira que existiu na cidade de Lisboa com características olímpicas, e durante a qual foram batidos 12 recordes nacionais, sobressaindo uma atleta moçambicana - Dulce Gouveia.
Mário Simas, antigo nadador internacional e olímpico, recordista e campeão nacional, efectuou o percurso inaugural.
Grandes provas da natação internacional e atletas de renome utilizaram aquele espaço desportivo da cidade, conferindo-lhe um brilho e uma festividade que permaneceu no imaginário de homens como Paulo Frischknecht, o actual presidente da Federação Portuguesa de Natação.
O Torneio das Seis Nações decorreu pouco tempo após a abertura, com vantagem para a equipa de nadadores espanhóis.
Das últimas iniciativas mais retumbantes que ali aconteceram, evidencia-se a III Festa das Colectividades de Lisboa, em 1998, com uma exposição e fados, entre outras actividades, nomeadamente desportivas.
Os dois arquitectos que conceberam o projecto da piscina municipal dos Olivais, Aníbal Barros da Fonseca e Eduardo Paiva Lopes, destacaram-se ainda pelo conjunto arquitectónico do Hotel Lutécia, Cinema Vox e Teatro Maria Matos.
Aníbal Barros da Fonseca foi também, com o arquitecto Rodrigues Lima, autor dos emissores de Monsanto, Montejunto e Coimbra (Lousã) da Radiotelevisão Portuguesa e de lojas para venda de televisores, nomeadamente na Praça de Londres.
Eduardo Paiva Lopes, em parceria com o arquitecto Manuel Silva Fernandes, recebeu o prémio Valmor de 1985, pelo edifício de escritórios do Banco Crédit Franco - Portugais.
Na acta da atribuição do galardão, o arquitecto Sousa Martins distinguiu o imóvel enquanto “projecto de qualidade” e o arquitecto Antero Ferreira considerou-o “uma obra de força arquitectónica, que impõe uma presença, harmoniza os contrários que estão à sua volta.”
Estranha-se pois que o “Dicionário dos Arquitectos activos em Portugal do Século I à actualidade”, de José Manuel Pedreirinho, tenha omitido a actividade dos dois conceituados autores, até porque dentro dos critérios de selecção, “em termos geográficos serão mencionados aqueles que se tem conhecimento terem trabalhado em Portugal” (Op. Cit., 1994, p.9). Não obstante, em 2003, no volume “100 Anos Prémio Valmor” o autor assinalou a distinção atribuída a Paiva Lopes.
Segundo a arquitecta Helena Roseta, estes homens “desempenharam um papel significativo na cultura portuguesa num período político em que o imobilismo era real”, considerando que a piscina dos Olivais se insere num contexto de piscinas de “referência para os arquitectos e para as populações”, como a do Campo Grande, de Keil do Amaral e a do Areeiro, de Alberto José Pessoa. Todas elas “foram executadas com um cuidado extremo, quanto à funcionalidade, à articulação com as artes plásticas e à pormenorização construtiva que revelam a destreza e inteligência da arquitectura produzida no país durante a década de 60.”[1]
Estando a desenvolver um estudo sobre o Complexo Desportivo dos Olivais, onde a piscina de Barros Fonseca e Paiva Lopes se insere, pareceu-me interessante assinalar a data da sua inauguração e registar alguns factos marcantes do percurso dos dois criadores.
Importa acrescentar que este Complexo Desportivo se encontra em fase de requalificação, para responder com eficácia às exigências da vida actual. Prevê-se que o reinício da actividade, possa assinalar um novo e profícuo período na existência daquele espaço desportivo da cidade.
Lisboa, 19-7-2007
LUÍS FILIPE MAÇARICO
(Antropólogo)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FONTES IMPRESSAS
Imprensa da época: “A Bola”, “Diário de Lisboa”, “Diário de Notícias”, “Diário Popular”, “O Século”, “Record”, “República”, "Mundo Desportivo"
Revista Binário, nºs 17 de Fev. 1960 e 135 de Dez. de 1969.
LIVROS E FOLHETOS
AVV (2004) “Lisboa Prémio Valmor”, Câmara Municipal de Lisboa/pelouro de Licenciamento Urbanístico e Reabilitação Urbana.
AAVV (2003) “Património Moderno Arquitectura Moderna Portuguesa 1920-1970”, IPPAR/Ministério da Cultura.
AAVV (1997) “Arquitectura do Século XX Portugal” edição Pelouro de Cultura e Tempos Livres/Departamento para a Ciência e Arte do Município de Frankfurt em Main, Deutches Architektur - Museum e Portugal – Frankfurt 97.
AAVV (1994) “Anos 60 Anos de Ruptura Arquitectura Portuguesa nos Anos Sessenta”, Livros Horizonte/Lisboa 94.
BORGES, França (1967) “Inauguração da Piscina Municipal dos Olivais”. Edição da Câmara Municipal de Lisboa
PATRONI, Hermano (1983) “Contributo para a História da Natação em Portugal”, edição Associação Portuguesa de Treinadores de Natação.
NUNES, João Pedro Silva (2007) “Arquitectura e Urbanismo à Escala Humana. Planeamento Urbano e Arquitectura de Habitação em Olivais Sul (Lisboa, 1959-1969)”, Câmara Municipal de Lisboa.
AGRADECIMENTOS:
Catarina Barradas, Dra Fátima Coelho e Paula Mendes.
FOTOGRAFIA ( O jovem nadador Paulo Frischnechkt no pódium da Piscina dos Olivais) DE: Ana Paula Filipe Piedade Pedro
[1] Fonte: Ordem dos Arquitectos.
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