"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, janeiro 31, 2012

NAZIS!!!


Garantia-me há dias, uma médica amiga, durante uma consulta, suspeitar que, por este andar, daqui a dois anos, vamos sentir-nos no nosso país, como um emigrante em Londres, pois viver aqui está a tornar-se muito caro.
Emigrem seus tugas, dizem alguns políticos que estão na crista da onda...

No "Prós & Prós" discutiu-se a nova lei do arrendamento. Quem tenha acompanhado o que disseram os diversos intervenientes só pode ter ficado baralhado. Os despejos mais fáceis (tal como os despedimentos, no que concerne à lei laboral), é o leit-motiv...
Morram seus cotas, parecia ansiar a Cristas, à espera de boa onda...talvez de um tsunami de despejos...

Num lugar da Beira Baixa, uma senhora que tem dois familiares com deficiências renais, disse-me que a criatura que propôs que os septuagenários que fazem hemodiálise terão de passar a pagar os tratamentos está doida.

Passadas várias semanas de silêncio, ao espreitar o telejornal, deparou-se-me o caso criminoso de uma idosa transmontana, que tinha deixado de ir à consulta no Porto, para tratar de um cancro de pele, por não poder pagar os 200 euros da ambulância.

Isto cheira a Chile de Pinochet, sem fuzilamentos, mas com muita tortura psicológica e doses cavalares de humilhação, geridas por uma geração descendente de colonos, que parece estar a vingar-se da descolonização...terei de mudar de lentes, ou a visão é mesmo dantesca?

Entre Agosto de 2011 e Janeiro de 2012, para ir até Alpedrinha de comboio, os 14 euros que pagava transformaram-se em 18 euros. Amanhã, os preços dos transportes tornam a aumentar.

Angela Merkel, a chanceler - fürer, proclamou que a Alemanha terá de ocupar países, como a Grécia ou Portugal, que deverão perder a sua soberania. Um condottieri do mundo das finanças rebaptizou países do mediterrâneo, os antigos PIGS (porcos) - como GIPS (ciganos)...
As agências de rating divertem-se chamando-nos lixo...
(Guterres já avisara que isto era um pântano, Barroso viu-nos de tanga e Mário Lino profetizou o deserto para todo o sul...)

Há apenas uma palavra, para definir o desconforto e o abismo, em que os políticos rascas e alternadeiros, que o povo foi escolhendo e de que também é culpado, nos meteram:

NAZIS!!!

LFM (texto e fotografia)

sábado, janeiro 21, 2012

Livro do Antropólogo António Galamba sobre os Mineiros de Aljustrel













No final da tarde deste sábado, um dos salões da Casa do Alentejo ficou repleto de amigos, que quiseram assistir ao lançamento do livro do antropólogo António Sérgio Lains Galamba "Mineiros de Aljustrel - nas barrenas da memória Trabalho e Resistência sob o Fascismo".
Excelente orador, António Sérgio afirmou que este trabalho é fruto de uma grande envolvência com Aljustrel, tendo recolhido junto dos ex-mineiros e outros informantes, testemunhos que são o retrato de uma época.

Sérgio Ribeiro e José Casanova falaram do autor e das histórias de vida, apresentadas na obra, que são um importante contributo contra o branqueamento de um regime opressivo.
Para os fazedores de opinião, segundo o director do "Avante", o governo de então é visto como tendo sido apenas autoritário, havendo na actualidade, mais indícios do 24 que do 25 de Abril. Porém, o facto dos trabalhadores partilharem a memória e a verdade, lutando contra a situação actual de perda dos direitos conquistados, pode inverter a marcha do retrocesso, pois um dia, a Reforma Agrária voltará.

Roberto Chichorro, presente no acto, acompanhou depois os convivas até à sala, onde se encontram expostos os desenhos, de sua autoria, que ilustram o livro de António Galamba.

Rosa Calado fez as honras da Casa e o Grupo Coral dos Mineiros de Aljustrel abriu e fechou a sessão.

Texto e fotografias de Luís Filipe Maçarico

quinta-feira, janeiro 19, 2012

A Propósito do Acordo Ortográfico. Um Artigo de Octávio dos Santos


Debate – A língua portuguesa e Acordo Ortográfico

‘Velho do Restelo’, e com muito orgulho!

Octávio dos Santos
Jornalista e escritor

Em Setembro de 2011, num dos vários “debates blogosféricos” em que regularmente participo, alguém — anónimo, claro! — chamou-me “Velho do Restelo” por ser contra o Acordo Ortográfico. Ao que eu respondi: “antes “Velho do Restelo” do que “piloto enviado por Baco”; antes céptico do que traidor.” E com muito orgulho!

Como aos “acordistas” faltam argumentos e factos convincentes e racionais, a sua “defesa” habitual passa, precisamente, por chamar nomes aos que se opõem ao “aborto ortográfico”. E as calúnias mais frequentes são as de “bota-de-elástico”, “conservador”, “avesso à mudança”, ou outros termos semelhantes. Para eles, “mudar”… é sempre bom, mesmo que não seja necessário, mesmo que muitos (a maioria) não o queiram; eles acreditam que, porque se mudou antes (e há que saber sempre em que circunstâncias se processaram essas mudanças), nada de válido pode haver que impeça que se mude outra vez (e outra… e outra… e outra…). Os acordistas” são como ladrões que dizem para as suas vítimas: “Se já vos roubámos antes, em outras ocasiões, por que não haveremos de o fazer outra vez? Se já se habituaram a que vos tiremos coisas, por que é que refilam agora, quando já pouco vos resta?” Dizem eles que a língua tem de “evoluir”. Mas quem é que decide o tempo e o modo dessa “evolução”?

Ao contrário de “acordos” e de “reformas” na ortografia anteriores, o AO90 assenta numa alteração radical: já não se trata de substituir (o “ph” pelo “f”, o “y” pelo “i”) ou de simplificar (deixar de haver consoantes repetidas), mas sim de cortar, eliminar, letras e acentos que são necessários, que têm funções concretas. É uma “mudança revolucionária” através de uma “ditadura de uma (muito pequena) minoria”. E aos que acharem abusiva a aplicação de expressões de cariz ideológico a um assunto cultural pode e deve recordar-se o que o “secretário-geral” João Malaca Casteleiro disse em 2008: o acordo ortográfico “não é uma questão linguística, é uma questão política”. Ao contrário de «acordos» e de «reformas» na ortografia anteriores, o AO90 assenta numa alteração radical: já não se trata de substituir (o «ph» pelo «f», o «y» pelo «i») ou de simplificar (deixar de haver consoantes repetidas) mas sim de cortar, eliminar, letras e acentos que são necessários, que têm funções concretas. É uma «mudança revolucionária» através de uma «ditadura de uma (muito pequena) minoria». E aos que acharem abusiva a aplicação de expressões de cariz ideológico a um assunto cultural pode-se e deve-se recordar o que o «secretário-geral» João Malaca Casteleiro disse em 2008: o acordo ortográfico «não é uma questão linguística, é uma questão política». E quem é ele para ser um protagonista numa questão política? Quem é que lhe deu o poder para decidir, para determinar uma transformação tão profunda e fundamental de âmbito nacional? Não fui eu, de certeza, nem a generalidade dos portugueses.

A questão fulcral aqui é, de facto, a de (saber quem tem) autoridade, legitimidade — científica, moral, política. De que decorre, por sua vez, um “confronto” inevitável e, aparentemente, inultrapassável: por um lado, os alguns) supostos “especialistas”, elitistas, por vezes com acesso privilegiado ao poder e “credibilidade” junto dele, que se consideram como que a “vanguarda da classe (operária ou literária)” e adoptaram como missão a sua vida instruir, “iluminar” as massas populares ignorantes; por outro lado, a esmagadora maioria da população, onde se incluem tanto entendidos como leigos, e que consideram que a língua, a ortografia, é um assunto demasiado importante para ser deixado apenas nas mãos de um qualquer grupo obscuro ou de uma qualquer sociedade secreta. Em suma, é um confronto entre não-democratas e democratas.

Ninguém tem o dever de aceitar (e de se habituar a) este AO, que é ilegítimo (na forma e no conteúdo), irracional e inútil. Ele seria inaceitável mesmo que obrigasse a uma verdadeira “uniformização” da ortografia… só que, para cúmulo do ridículo, o “acordo” não só não “uniformiza” como aumenta, por via do acréscimo de novas duplas grafias, o número de palavras “à paisana”! Repare-se: no Brasil continuará a ser “autorizado” escrever, por exemplo, “detectar” e “receptivo”; porém, em Portugal é suposto passar a escrever-se “detetar” e “recetivo”. E quem é que, honestamente, consegue jurar que, por exemplo, “espectador” e “espetador” se lêem da mesma maneira? Acaso alguém com um mínimo de juízo, de sensatez, irá alinhar nesta anedota? Acaso ainda restam algumas dúvidas quanto à utilidade e à validade (zero em ambos os casos) de todo este processo?

Por os disparates serem tantos que já não é possível disfarçá-los, surgiu entretanto a ideia de que o AO90 é “corrigível”… apesar de continuar a ser “irreversível”. Se for tão “irreversível” como o acordo de 1945, estamos conversados… No entanto, não faltam, no grande “cemitério da História”, ideias, factos, entidades e até países “irreversíveis”. Como o “Reich dos 1000 anos”. Ou a URSS. Aliás, com o Adolfo ou com o José teriam sem dúvida carreiras de sucesso alguns dos mais fanáticos “acordistas” — em que se incluem alguns ditos “jornalistas” que admitem que têm de se “render” ao AO e que se vangloriam de ajudar a “quebrar a oposição” ao dito cujo por parte dos portugueses. É por isso que estes têm na subscrição da Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico (http://ilcao.cedilha.net/) a melhor resposta a dar a tamanha “declaração de guerra”… e demonstração de desprezo.

Octávio dos Santos, jornalista e escritor PÚBLICO edição de 15-1-2012 pág. 54

domingo, janeiro 08, 2012

A Democracia...do Diabo


Alguém que me diga, se a minha suspeita é mera paranóia, ou se tenho alguma razão, ao afirmar que é uma negociata de grande escala (o país inteiro), a televisão sem espinhas, que se anuncia, em troca de 200€ o plasma mais baratucho ou de uma caixinha preservativa, para impedir o mergulho no vazio (com um custo de cerca de 40€ com desconto para os pobrezinhos que mostrem um pê na testa ou o respectivo atestado)...

Súbito, em nome da tal Europa, que só nos dá dissabores e nos impõe as mais variadas tangas, o vício de ver TV vai-nos sair caro...
Porém e como já vivi décadas sem televisor (avariou, quando O Casarão passava na RTP, era tudo ainda a preto e branco...), desde o reveillon que não ligo o velho aparelho...

A meio da primeira década do século XXI, graças a uma amiga, que se desfez de um pequeno televisor, aceitei que de novo o objecto invadisse o meu espaço, confirmando que, mais do que nunca, a pantalha vomita todos os telejornais: ameaças, medo, violência, notícias degradantes, como se ninguém fizesse coisas boas neste mundo.

Talvez a minha angústia, a minha hipertensão, a obesidade, os diabetes, e outras mazelas, sejam consequência do veneno depressivo e dos sustos que a TV espalha diariamente.
Já viram como é fácil ser comandado pelo Big Brother?
Fazem-nos depender daquela panóplia de séries, novelas, comentadores, vedetas, voyeurismo, concursos, e depois, quando menos esperamos, decretam que ficou tudo obsoleto e obrigam-nos a deitar fora o que funcionava, em nome do Deus Consumo, pois as caixas TDT para os aparelhos daqui a uns tempos terão de ser deitadas fora com os ditos, pois o que está a dar é o plasma - plasmemos de modernidade as nossas existências com esta sensação de conforto que nos deixa mais pobres (de espírito e de bolsa)...

Assim funcionam os Governos: anunciam a desgraça, avisam que a contenção bla bla e levam-nos os anéis, ameaçando amputar dedos se não for suficiente...
Democracia? Só se for... a do Diabo!

Luís Filipe Maçarico (texto e foto)

segunda-feira, janeiro 02, 2012

São João da Serra de Arga










Não há monges nem
peregrinos nesta tarde
de Dezembro com o sol
a doirar arvoredo e granito.

O silêncio e a luz
enleiam-se nos sobreiros
e nos versos.

E o sorriso surge
como a água
irrompendo
das fragas...

31-12-2011
Luís Filipe Maçarico (Poema e fotografias)

Minho Profundo







Os rios continuam a saltitar
pelas serras, junto às aldeias
perto das casas, dentro dos poemas...

Com os olhos, guardo a sua presença
fresca e limpa, no coração das
montanhas e evoco a Natureza
a sua força, o voo da pureza,
o tesouro do silêncio, no meio de
árvores de antanho e fragas
do início dos tempos...

As águas continuam a escrever
quotidianos de solidão, e, entre rebanhos,
vultos de velhos pastoreiam a viuvez,
em crepúsculos de Inverno...

Luís Filipe Maçarico (texto e fotos: Serra de Arga)

domingo, janeiro 01, 2012

ANO BOM! TEM MESMO QUE SER!!!


Começo o novo ano, transcrevendo a melhor mensagem que recebi, pois desde há muito que ninguém me enviava algo tão genuíno e forte, habituado a receber da maioria das pessoas coisas standardizadas, rendida à Sociedade dos patos de plástico...que do Governo às lojas trezentinas, estão em todo o lado, inclusivé em inúmeras cabeças de esferovite...

Aqui inclui-se tudo o que for possível quanto a um Ano Bom para cada um de nós.

Não falo da materialidade do dia a dia (essa está nas mãos deles) mas da imaterialidade (do que nos faz bem, do que pensamos, do optimismo que temos de ir buscar, do que nos constitui como pessoas, em suma, do "fado" de que fazemos parte, e que é parte grande ou partícula importante em cada uma das nossas vidas interiores)

Tu consegues. Tens uma arma poderosíssima: as palavras versus emoções/ sensações.

Eu vou conseguir. Quero buscar um caminho interior não perdido, não esquecido... mas guardado, recolhido, talvez mesmo abafado, e que chegou a hora de o fazer respirar... há um "taiming" para tudo!!!
ANO BOM, MEU AMIGO! TEM MESMO QUE SER!!!

Um Grande Bem Haja à Maria Adelaide Ferreira (esta Adelaide Ferreira é outra, que não a cantora!), autora desta mensagem.

Fotografia: Luís Filipe Maçarico (Jardim do Solar das Werneck, Meadela, Viana do Castelo)