"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, março 25, 2012

A Aldraba em Odivelas




























A Aldraba, Associação do Espaço e Património Popular, depois de Cacilhas e Almada, visitou, neste início de Primavera, o património de Odivelas, contactando com os seus artesãos, degustando a gastronomia de uma tasquinha e auscultando a vida associativa.
Com o frio a voltar, mas um sol de partilha nos gestos, assim se espreitou uma exposição magnífica que reconstitui, como um puzzle, aspectos do quotidiano do tempo de D. Dinis, em especial a preparação militar, com réplicas minuciosas, que pareciam exemplares verdadeiros, apesar de também estarem visíveis pedaços de artefactos reais, escavados em campanhas arqueológicas. A Poesia do rei Lavrador e outros aspectos relacionados com este actor da nossa História, integram o interesse da mostra, realizada com os recursos actuais da autarquia.
Visitou-se de seguida, o sr. Garrido, amolador, uma farmácia onde assistimos à preparação artesanal de um creme cicatrizante, o alfaiate que fez o guarda-roupa da série "Conta-me como Foi".
Após o almoço na tasquinha dos Caracóis, a Aldraba ouviu 3 dirigentes da direcção da Sociedade Musical Odivelense, maioritariamente composta por mulheres, entre as quais a presidente.
Foi um dia memorável, pelo que se conheceu e saboreou. E nunca é demais repetir: O melhor património são estas pessoas, que continuam a produzir um saber - fazer identitário, que nos enriquece.
E como foi maravilhoso, limpar a alma - perdoem-me este desabafo - dos bombardeamentos tele-jornalísticos, onde apenas se espelha o Mal, a Desgraça, o Crime, o banditismo, a Angústia, o Sofrimento, a Lágrima arrancada com pressões execráveis tipo "E então o que sente pelo assassinato do seu irmão?"
Em Odivelas usufruímos da Sabedoria de um punhado de pessoas Vivas, que as televisões ignoram. Porém, é com eles, a começar por Miguel Ferreira, Antropólogo da Câmara Municipal de Odivelas, que se vivenciam dias à escala humana.
A todos os que asseguram o Melhor de Ser Português, em Odivelas, e nos mais diversos lugares do território nacional, um Grande Bem Haja!
Luís Filipe Maçarico (Antropólogo; Historiador; Poeta) texto e fotografias.

quinta-feira, março 22, 2012

O Espólio e o Despojamento







Na passada segunda feira, entreguei no Núcleo de Documentação, da cidade onde nasci, cadernos de viagem a Cabo Verde, Cuba e Alentejo(s), fotografias do meu percurso, correspondência recebida de Mário Soares, Eugénio de Andrade e Álvaro Cunhal, agradecendo o envio de livros meus, recortes de imprensa de 1970 a 1983, com poesia minha, publicada em jornais e revistas.

Não fiquei com cópias.
E na carta que escrevi à edilidade, caso aceitem, frisei que podem desde já facultar esse espólio, não precisando de aguardar que eu morra, para deixarem consultar, se houver quem tenha interesse em conhecer o que fiz neste mundo...

Prefiro fazer assim do que distribuir por amigos, cujos filhos um dia deitarão no lixo o legado que nada lhes diz...

Com este gesto iniciei uma nova fase, para me desligar de memórias e ficar livre.
Quero ficar com o mínimo dos mínimos, para poder caminhar sem pena, rumo o futuro.
Há quem diga que a decisão demonstrou muita coragem. Prefiro chamar-lhe lucidez.

Despojar é o verbo mais importante para mim, a partir de agora...
Até porque para onde vou, não se entra com tralha...
O passaporte só inclui o velho corpo cansado...

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

terça-feira, março 06, 2012

BIMESTRE


Completei no passado dia 27 de Fevereiro, na Universidade do Algarve (UALG), em Gambelas (Faro) o Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo", com a apresentação da dissertação intitulada "A Mão que Protege e a Mão que Chama: Orientalismo e Efabulação em Torno de um Objecto Simbólico do Mediterrâneo", no âmbito do Mestrado "Portugal Islâmico o Mediterrâneo".

O júri foi constituído por:

Prof. Dr. Joaquim Pais de Brito, director do Museu Nacional de Etnologia - arguente;
Prof. Dr. Cláudio Torres, director do Campo Arqueológico de Mértola - orientador;
Prof. Dr. Luís Filipe Oliveira, membro do Instituto de Estudos Medievais, co-orientador.
O Prof. Dr. António Rosa Mendes, comissário da Faro - Capital da Cultura, presidiu ao júri.

Na sua avaliação, o Júri decidiu atribuir-me a classificação de dezassete valores.

Recordo que em Setembro de 2005 obtive o grau de Mestre, em Antropologia - Patrimónios e Identidade, no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE), Lisboa.

Para que conste!

http://aguasdosul.blogspot.com/2005/09/tese-de-mestrado.html

Fotografia de Miguel Rego (Na foto, além do bimestre, o Prof. Dr. Luís Filipe Oliveira, a mestre Ana Dias, colega de curso, que também apresentou a sua dissertação sobre o Adufe, o Prof. Dr. Joaquim Pais de Brito, a Prof.ª Dra. Susana Gómez e o Prof. Dr. Cláudio Torres.

sábado, março 03, 2012

A Matriz do Medo


Afinal o ovo de serpente germinou carnívoros frutos...
Os Nazis, estão em grande..porque os deixámos sair da casca...
Morreram este Inverno mais velhotes, impedidos de ter saúde e sem proventos para comprar os remédios salvadores...

Recuso-me a publicar fotos de governantes, que lhes garantam propaganda disfarçada de humor e por conseguinte continuidade...
É uma opção tomada quando criei este blogue. E nem por isso deixei de criticar quem devia...

A matriz judaico - cristã do nosso povo acaba por aceitar o sacrifício, o sofrimento, como purificação. Das conversas que tenho com pessoas amigas na capital ou noutras regiões do país, apercebo-me da mentalidade que impera...E eles sabem isso...

Como se não bastasse, temos no ADN o fado fatalista, o destino herdado da matriz árabe.
O somatório é este medo, esta paz podre, que faz voltar sempre ao poder os mesmos, com a alegação que são todos farinha do mesmo saco.

Por vezes, tenho pena de ser português, neste século... A minha geração, do Fascismo à Guerra Colonial atravessou anos terríveis. Nunca pensei que fosse possível retroceder tanto. As pessoas vendem-se por um pastel de nata e um cálice do Porto. Por um almocinho. Por um sorriso do chefe. Por tuta e meia... Readaptam-se a tudo. Nanja eu...

A propósito, continuo a resistir à caixa DDT, para ver televisão. Não vejo há um mês!
Ando com a minha hipertensão muito mais calma... e não deixei de ser quem era.

texto e fotografia de LFM