"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, dezembro 31, 2008

Mais Uma Nota Dissonante na Passagem de Ano




Peço desculpa aos meus leitores, por quebrar um dos meus tabús. Até hoje nunca publiquei imagens tão violentas, mas, perante uma mensagem que recebi, partilho algumas fotografias que mostram o que não é possível contornar. É a verdade contra a manipulação.

Após divulgar o artigo anterior, recebi um mail, que parece conjecturado pela Mossad, pena é que não diga que são os Judeus que mandam na América (Metro Goldyn Mayer),e no mundo influente deste sistema capitalista nojento, que foram judeus que expulsaram da sua terra os árabes que viviam naquela região, com a cumplicidade dos antigos colonizadores, e lamento que sejamos tão ignorantes acerca da cultura islâmica.
Que povo ficará indiferente à usurpação do seu território? Que povo apreciará viver entre rios de sangue? Que povo gostará de perder os seus filhos?
E como é possível comparar a força dos que invadem, apetrechados com as máquinas mortíferas mais aperfeiçoadas e as reacções dos espoliados, com pedras e bombas artesanais, sem a sofisticação dos agressores sionistas?
Há muita mentira naquele power point. E quanto ao argumento da violência, tão impressionante e comovente, basta ler Brecht ("Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem")...
Deve ter sido escrito (este power point) por gente da laia de Bernard Lewis. Aconselho a ler Edward Saïd e Cristophe Picard.
Mas há mais: Os grandes poetas árabes? zero! Os filósofos como Averróis e Ibn Khaldoun? zero!
Já agora pergunto: Portugal teve até hoje 2 prémios Nobel...também deverá ir para uma lista negra de pobrezinhos mentais?
Os argumentos do power point fizeram-me lembrar a doutrina da dona Lurdes, e dos senhores Walter & Pedreira. Os Judeus (gente decente, responsável) são eles e seus acólitos, os árabes são os professores, insurrectos, mandriões, inoperantes, que à ordem reagem com a arruaça (se bem interpreto a linguagem dos Ministeriáveis Socretinos).
Será que foram eles que fizeram este rasgado elogio às pombas de Israel?

Assim reajo às palavras que recebi e das quais discordo, pois são uma argumentação pouco racional e muito sionista. Basta ouvir as notícias: a senhora ministra dos negócios estrangeiros de Telavive acaba de dizer numa conferência de imprensa que fizeram 90 mil telefonemas a avisar os palestinianos que se deviam afastar porque iam cair bombas. Humor negro do mais rafinée. Por estas e por muitas mais sei que nunca visitarei Israel.

Ora então, e não obstante, tenham um ano 2009 melhor, contra a corrente: contra os que não nos deixam sonhar, contra os que não querem que tenhamos esperança, contra as prepotências e a corrupção dos poderes, contra a mentira!!! Mas sempre com muita saúde!
Luís Filipe Maçarico

segunda-feira, dezembro 29, 2008

GAZA






Santiago Macias publicou no seu blogue um libelo acusatório à barbárie ,que nos bombardeia, em plena época (hipocritamente) natalícia. Dêem uma vista de olhos por este blogue:
http://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2008/12/gaza-ilha-dos-mortos.html

Não posso deixar de reflectir convosco, a propósito de tão terrível acontecimento.
Israel, tal como fez num passado recente no Líbano, devastou agora a faixa de Gaza.
A linguagem da violência é a forma como reagem a provocações e ameaças, pois falta-lhes sabedoria, para falarem de Paz. Os "países amigos" compreendem e abençoam as suas acções (retaliações) em nome da autodefesa...
E contudo eu vi as imagens horrendas na Internet, que vos poupo de olhar. São os mais fracos que morrem, são crianças, são civis (350 mortos até às 22:30 de hoje, segunda-feira 29 de Dezembro de 2008), gente que sofre há gerações e que em vez de liberdade e independência, vê tanques e mísseis, fogo que chove do ar e destrói vidas e haveres.
Apetece perguntar: os dirigentes de Israel construíram um muro, em nome da tal autodefesa e mesmo assim têm de matar, matar, destruir, destruir?
Até as oliveiras dos palestinianos, os sequazes já impediram de respirar.
Como é possível que judeus, cujos antepassados sofreram horrores, inflijam tais horrores a este infeliz povo árabe?
Mas a verdade não se esconde, nem com muros nem com bombas, e virá ao de cima ,quer eles queiram quer não. O povo palestiniano vai vencer esta guerra injusta, inútil e estúpida, como todas as guerras.

Entretanto, o Hamas conquistou o território político que desfruta, à custa da insanidade dos dirigentes de Israel, que sonham dividir um povo sofredor.
Como se já não bastasse a ocupação de terras, que não lhes pertenciam, afastando os ancestrais habitantes daqueles territórios para outros países, castrando a legítima aspiração do povo palestiniano a ser livre, oprimem-no diariamente. De forma catastrófica, como estamos a assistir. Até quando?
Texto: Luís Filipe Maçarico; Fotos: internet

sábado, dezembro 27, 2008

Neve em Alpedrinha






Esta manhã quando acordei, Alpedrinha tinha um manto branco que a chuva começava a esfarrapar. Não fora um grupo de gente barulhenta que me fez ficar na cama, após uma hora de chavascal entre as 7 e meia e as 8 e 30 da matina, e teria desfrutado de um prazer maior que dormir.
No entanto, quando saí para a rua deparou-se-me o espectáculo da neve, que a chuva varreu.
Voltei à cidade com estas imagens na bagagem para partilhar com os leitores, aproveitando para desejar um 2009 melhor.
Luís Filipe Maçarico

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Época Estranha






No dia 21, enviei por correio electrónico a seguinte mensagem:

"Esta é uma época estranha, cada vez mais estranha...Cinco letras traduzem o desvairo consumista, talvez agora mais contido... Mas continua a haver ostentação e muita injustiça...

Reformados que não têm dinheiro para viver, para ter calorífero, para pagar medicamentos, idosos que ficam nos hospitais, porque as famílias não os vão buscar...é o quê?

Tempo danado, de monstros quotidianos. Festejamos o quê?Natal? Festa da Família?

Como dizia há dias, na Antena Um, o professor Júlio Machado Vaz, o sangue não permite por si só o afecto...

Tempo de Amigos? Tempo de partilha? Mas isso não é para ser todos os dias?

Agradeço e retribuo os votos de saúde, bem estar e de um 2009 melhor. E deixo estas reflexões acerca deste tempo que nos foi dado viver... acrescentando que:

Tem de haver, isso sim, uma energia libertadora desta hipocrisia, desta opressão, cada vez maior e mais insuportável, dentro da qual procuramos sobreviver. Viver não é isto!!!

Abraço (mas por favor não me re-enviem mensagens que não sejam vossas, pois se receber um cena natalícia com FW FW FW adivinhem o que faço?)"

As respostas foram surgindo. Resolvi partilhar - confesso que não tinha pensado fazê-lo ,quando escrevi às pessoas - algumas das mensagens recebidas, salvaguardando a identidade dos meus amigos, pois acho que será interessante abrir aqui um espaço de debate... E vocês que vão ler estes pensamentos, o que dizem?

"estamos de acordo.
quero abraços todos os dias e laços de sorrisos feitos com alegria.
quero calor de um beijo quando faz frio e um aperto de mão quando já não há palavras para mais nada.
quero, sobretudo, respeito pela vida e isso ,Luís, é todos os dias!
todos os dias da nossa difícil vida quando nos tentam vender outro tipo de felicidade.
mas eu insisto nesta.
um abraço, com o meu sorriso de ap, "mulher de sonhos mil"!

"para nós é sempre natal ou seja viver contigo todos os dias no meu coração! bjinho da mana j.

"
EU NÃO FIQUEI.
assino em baixo do que dizes.
A minha mensagem de Natal também é um bocado nesta linha de pensamento. E não o festejo enfeitando-me/nos/a casa... Festejo-o como aos dias em que posso estar com as minhas pessoas. Neste caso a minha mãe e a minha filha e o marido dela e o meu filho e companheiro. Estaremos juntos mas não fazemos culto de prendas. Não quero. Aliás, pratico as coisas assim já há bastante tempo.
Jingã, Luís
B.
E aguarda que te chegará a MINHA mensagem de Natal que mais não é que o que penso todos os dias. "

"Caro Luís:

Percebo bem as tuas preocupações, mas relaxa…! O Natal também tem coisas boas. Uma delas é falar com os amigos (eu sei que o devíamos fazer mais vezes, mas enfim…).

Aqui ficam os meus votos de um Feliz Natal e de um 2009 cheio de coisas boas, incluindo muita poesia!

Por falar nisso, não sei se já te disse: gostei imenso do teu livro!

Um abraço

A."

"Meu amigo a minha resposta ao teu desabafo, é dá um olhinho ao meu blogs sobre festas felizes. Aquele abraço dos amigos do coração R. e T."

"Luís,
Apesar da distância de tempo que nos tem separado, continuo a lembrar-me e a falar de ti, porque te admiro como pessoa e poeta. Só uma pessoa maior se preocupa com aquilo que quase todos esquecem nesta época que deveria ser de afectos.
Tenho tido grandes preocupações ultimamente que me fizeram reflectir naquilo que verdadeiramente importa (o meu pequeno esteve hospitalizado 3 semanas). Que mundo é este em que vivemos? Que exclui? Que desprotege? Que vive de aparências? Que ostenta o supérfluo, esquecendo-se da justiça? Cabe-nos agir, mudar e tentar mudar, pelo menos os que à nossa volta vivem. O monstro é grande, certamente, mas não podemos ficar parados. Gritemos então, pode ser que alguém nos ouça!
Um Natal cheio de bons sentimentos e que o Ano Novo que se aproxima nos dê forças para lutarmos.
Um abraço
J."

"Ouvi o programa da Antena 1 do Júlio e acho que precisamos de rituais como factor de coesão social.
Mas porque não inventamos outro Natal?Com os mais pobres e desfavorecidos.Quem quer agarrar esta ideia? Um abraço do Teu amigo C."

Luís Filipe Maçarico (texto e coordenação) Helena Poejo (registo fotográfico efectuado em Marrocos)

terça-feira, dezembro 16, 2008

Mestres na Arte de Encantar












Foi um privilégio assistir, no âmbito do 4º aniversário das cantadeiras da Alma Alentejana, a um belo espectáculo com cante e viola campaniça, que incluiu uma homenagem a um jovem professor, executante com mestria, no nome e na perfomance: Pedro Mestre.
Com ele vieram os 4 ao sul, as crianças das escolas de Almodôvar, as papoilas, os cardadores e as mulheres, também elas campaniças, que cantam como ninguém, onde floresce a Ana Valadas, voz de oiro do Alentejo. E o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Castro Verde, Paulo Nascimento, homem solidário e de iniciativa.
Parabéns ao Joaquim Avó, à Nazaré, ao Luís Moisão e à Fátima, a todas as cantadeiras, à Rosa Dias, aos Amigos do Alentejo, padrinhos das cantadeiras e ao público estóico, que aguentou uma sala - CIRL, do Laranjeiro, com temperatura gélida, autêntico viveiro da gripe.
E obrigado pelo esforço que permitiu o espectáculo, que também teve as sevilhanas e os cavaquinhos, o saboroso arroz de pato, o convívio e a sempre maravilhosa alegria do povo num domingo outonal, chuvoso e frio.
Luís Filipe Maçarico

domingo, dezembro 14, 2008

De sexta a sábado





















































Todas as semanas, desde 31 de Outubro, volto a Mértola para rever os colegas e ouvir os professores Santiago Macias, Cláudio Torres e Luís Filipe Oliveira.
Aos sábados, almoçamos em grupo, o que é muito simpático. Na semana passada, a Sandra e o P. Carlos trouxeram familiares e amigos e o convívio foi memorável.
Até porque nesse dia, o Marco (de Mafamude) e a Marta (de Beja) tinham dado o nó. Perdoem-me a foto tremida, mas é a minha maneira de os homenagear. E já agora, destaque para a pequena Adriana, pela alegria que trouxe à mesa do colectivo estudantil. Saravá, Ágata e Pedro, pais babados!
É com este pessoal que ando, quando saio de Lisboa, para estudar, de sexta a sábado...
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)

sábado, dezembro 13, 2008

Ercílio




Primeiro, lavou-se...depois, cumprimentou-me.
E tal como surgiu, desapareceu pelas vielas de Mértola, enquanto uma chuva morrinhenta toldava o cenário.
O gato, que todas as semanas nos procura à porta do Campo Arqueológico, na chegada e no intervalo dos estudos, esteve comigo alguns minutos no domingo passado.
O Rolando baptizou-o de Ercílio...
O nome do bichano será certamente mais felino... todavia, a alegria de nos revermos todas as sextas, não precisa de nomes para estarmos ali, olhando o Guadiana, escutando os pássaros...
E tal como o Mário Elias, a Nádia e outras figuras carismáticas de Mértola, o Ercílio tem a magia do lugar, com a diferença que cumprimenta mas quase quer ir para as aulas connosco...
LFM (texto e fotos)