"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, fevereiro 21, 2015

Sacos de Plástico, a Nova Taxa Encapotada.

Pergunto-me se não estamos de volta aos anos 50-60, em termos da deposição dos resíduos sólidos, ou seja, ao balde, onde se despejavam os lixos domésticos (cascas de legumes e frutas), que depois eram removidos pelos "almeidas" (actuais cantoneiros de limpeza)...

Com a imposição do Governo, ao pocurar controlar o uso excessivo de sacos de plástico, que proliferava nas grandes superfícies, qual será no futuro o discurso dos serviços de sensibilização sanitária dos municípios? 

Vamos voltar ao tempo, em que os moradores atiravam, pela janela, os seus lixos, na calada da noite? 

O Porto, cidade tão bonita, talhada em granito, que nos anos 70-80, do século XX, era um viveiro de detritos, atrofiando aquela beleza rude, que ao fim do dia, vista da serra do Pilar transmutava a pedra em oiro...Reencontraremos o Porto sujo, como dantes?

Lisboa, que tem andado mais poluída, conseguirá vencer essas sombras, decorrentes de uma transformção administrativa? A cidade branca não conseguiu ainda o apuramento higiénico do seu status de capital europeia, que pretende ser cartaz turistico....

É que a narrativa da sensibilização sanitária, alude a metermos, dentro dos contentores herméticos, os sacos de plástico, com os detritos, bem acondicionados....

Será que todos os governantes (Governo Central e Câmaras Municipais) pensaram nisto, ou como é costume, implementa-se primeiro a nova medida, restritiva, e depois, consoante os resultados, logo se vê...

No meu caso específico, utilizo o saco de plástico, para depositar os resíduos, decorrentes da atividade doméstica, reciclando ainda garrafas e garrafões de plástico, embalagens cartonadas, etc, que considero excessivas, pois os produtos seriam seguramente mais baratos, se não tivéssemos de pagar tanto estrago. A verdade é que o abuso da utilização do plástico foi imposta pela União Europeia...
Inúmeros vegetais, frutas e demais produtos agrícolas, tiveram de ser expostos - obrigatoriamente - dentro de autênticas redomas plastificadas. 
Os próprios jornais, alguns dos quais sou assinante, passaram a ser expedidos via ctt, em embalagem plastificada, quando vinham com uma cinta de papel identificador do assinante.
Note-se que não sou contra a redução do plástico e até aplaudo os sacos de papel reciclado que as grandes superfícies oferecem aos consumidores dos seus produtos....

Tudo somado e dissecado, parece que afinal as pseudo regras, que visam melhorar o desperdício, configuram, não benefícios para o ambiente, mas uma nova taxa encapotada, em nome da protecção da Natureza, mas destinada a fins diversos. Na Antena Um, foi isto que percebi, durante uma reportagem, que desmontava a suposta inovação verde...

Há poucos dias, comerciantes da Rua Prior do Crato (Lisboa) insurgiam-se contra o facto das pessoas não reagirem a esta medida, recusando comprar sacos de plástico e depondo o lixo, directamente de um balde para o contentor. 
Numa loja chinesa, a proprietária queixava-se de ter comprado centenas de sacos de plástico, para a sua actividade, tendo sido apanhada de surpresa, com esta medida restritiva ao uso dos mesmos. 
Noutra loja de indianos, que abriu há menos de um mês, um saquinho frágil já é cobrado a dez cêntimos, se não quisermos trazer o rolo de papel higiénico ou a garrafa de água na mão. Curiosa, a febre de implementar a regra do pagamento do saco de plástico, quando esta casa está aberta das 8 às 24h, e os comerciantes em redor - de drogaria, sapataria e mercearia - têm de fechar para almoço, cumprindo regras que afinal não são para todos...

Afinal, em que ficamos?

Luís Filipe Maçarico

1 comentário:

Elvira Carvalho disse...

Esta a mim não me preocupa muito. Porquê? Há muito que não uso sacos de plástico nas compras. Tenho um balde do lixo relativamente grande, compro nos chineses uns sacos de 50 litros pretos com fio para fechar que uso para o balde. Quando está cheio , fecho e levo para o lixo. Para a reciclagem, tenho um saco grande cheio de sacos que o continente deu até à pouco tempo, que eu dobrava e guardava para esse efeito.
Um abraço e bom Domingo.