Conflitos e guerras entre vizinhos, sempre existiram, nem mais, nem menos que nos outros bairros mais espelhados que este, mas as pazes faziam-se seguramente de outra maneira, rápida e com uma resolução insólita. Numa festa, baile, na praça, à sueca, na tasca do Gordo, na sede do bairro a ver um jogo de bola e mesmo a reparar um cano de água, antena, máquinas de lavar roupa, raríssimas nestes locais, assim como técnicos. Com uma união e entreajuda para tentar resolver qualquer problema que aparecesse, havia sempre alguém que conhecia um vizinho e este outro que conhecia a pessoa indicada para fazer a reparação. Não se pagava favores, comia-se em família com todos os actores e mais alguns que ficariam convidados de ultima hora, enfeitiçados pelo cheiro e da alegria contagiante destas festas improvisadas, à custa de uma avaria ou remodelação da casa do bairro, onde os participantes conseguiam esquecer alguns preconceitos, relacionados com as dificuldades de mercado alimentar, ficando assim contentes de ter contribuído para uma causa, que traria outra beleza à rua e fortificava a amizade. 30/08/04
Manuel José Graça da Silva
NOTA FINAL
Completa-se aqui o conjunto de textos que o Mané teve a amabilidade de me enviar e o entusiasmo de escrever-parece que não voltou a passar para o papel a lembrança desses dias remotos. O trabalho, os estudos (curso nocturno), a aprendizagem da condução, os petiscos, o convívio com amigos e a nova família, parece que o têm impedido de avançar mais umas páginas nestas memórias...De qualquer maneira, os textos ficam para a vossa apreciação. Deêm opiniões, que estes momentos revividos pelo Mané merecem uma atenção particular por integrarem um olhar por dentro de um bairro degradado, que deu lugar a um bairro novo de gente com algum dinheiro ou posição social para comprar casas bonitas.
LFM
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