À beira de mais um Natal, vieram-me à ideia os presépios da minha avó, a magia que tinham e o pinheiro enfeitado com luzinhas e brilhos, que ela também fazia, com tanto carinho, encantando os meus olhos deslumbrados. Não são precisas muitas palavras para falar destas coisas, que todos nós fomos guardando no sítio mais luminoso da memória. A memória das avós que perdemos, dos amigos que também se foram, a sensação de perda que há em cada rua iluminada, em cada sino que toca,em cada prenda que alguém insiste em oferecer, lembram os que ficaram pelo caminho: Artur, Gertrudes, Clarinha ...
Para falar deles ocorreu-me retirar do meu livro "A Secreta Colina" (Maio 2001, edição Câmara Municipal de Lisboa/Cultura) este poema, escrito em Março de 1999:
OS AMIGOS VÃO MORRENDO…
Os amigos vão morrendo
E a poesia transforma-se
No tronco sem ramos
Da oliveira carcomida
Por ventos e trovoadas.
São rios que secam,
Essas bocas sem voz.
Energias à procura
Doutra casa
Onde a manhã
Seja pássaro ou flor
De sol.
Os amigos vão morrendo
E a poesia transforma-se
No tronco sem ramos
Da oliveira carcomida
Por ventos e trovoadas.
São rios que secam,
Essas bocas sem voz.
Energias à procura
Doutra casa
Onde a manhã
Seja pássaro ou flor
De sol.
1 comentário:
Humm!!! Bem!!!
Enviar um comentário