E surge-me muitas vezes a imagem que dele guardo, quando em plena homenagem na sua terra- Póvoa de Atalaia- ao ver-me entre a multidão me chamou para o seu lado.
Tal como recordo o momento em que numa Feira do Livro, finalmente pude conhecê-lo e lhe ofereci um postal com umas palavras repletas de claridade, que ele agradeceu.
Entrei uma vez na sua casa despojada da Rua Duque de Palmela, com a Cristina Pombinho e o poeta ofereceu-nos um cálice de Porto cuja voluptuosa cor estendeu ao sol como se quisesse brindar também ao seu amigo que tanta luz trouxe à sua poesia, poesia solar que ele me contou ter tocado os presos políticos que em tempos de trevas lutaram pela liberdade.
Tornei a entrar na casa do poeta, agora já na Calçada de Serrúbia, com a Mena Brito e com o Alfredo Flores, ela pintora, ele antigo elemento da Orquestra Gulbenkian. Falámos de cultura e do arrepio que a vida, transposta para a música, para o poema ou para a tela causa, quando está imbuída do espírito da grande arte.
Enviei-lhe poemas, livros, ele foi respondendo com poemas e estímulos.
Devo-lhe essas horas felizes.
Obrigado, Eugénio de Andrade!
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