Desde Agosto, quando comecei a blogar, que não inseria poemas de minha autoria no "Águas do Sul"... Vá lá mais um texto, a destoar da época que atravessamos. Esta quadra tem gente bem intencionada, a querer celebrar a amizade, embora manietada pelo consumismo supérfluo.Todavia, o pior é que há uma enxurrada de indivíduos a afivelar máscaras, sorrisos postiços, carnavalescos, com música de fundo obrigatória, de sinos totalitários e anjos de pesadelo infestando os ares com as suas cantilenas demodées... E chamam a isto Natal: tempo de engorda com bolo-rei, docinhos e frituras, fretes de famílias a finjir que são unidas e televisores a vomitar guerras...
Não há nada como um poema para afirmar o sofrimento, que nos marca para sempre. Este é retirado do meu último livro("Caligrafia do Silêncio", 2004, edição de autor) apresentado no passado dia 27 de Novembro em Alpedrinha.
RITUAL
Desse longo latir
Da vida sabes tu
Para chegar aqui
Foi preciso comer merda
Não é fácil sentares-te
À mesa para arrancar
A pele...
Desse longo latir
Da vida sabes tu
Para chegar aqui
Foi preciso comer merda
Não é fácil sentares-te
À mesa para arrancar
A pele...
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