Sidi Bou Said é uma cidade azul e branca, belíssima, construída em anfiteatro diante do Mediterrâneo, a dois passos de Cartago e a escassos quilómetros de Tunis. Passear nas suas ruas de jasmim e buganvília, observando as portas com 3 batentes, um para o homem, outro para a mulher e outro para a criança, todos com sonoridades diferentes, é mágico. Já por lá andei com sol e chuva, em dias de frescor e em tempo de lume e cigarras, e por ali bebi um extasiante chá de menta com pinhões. Mas o que eu hoje venho dizer aqui é que num país dito do 3º mundo, a verdade é que as portas e as aldrabas do centro histórico são preservadas e até há colecções de postais com este património, valorizando-se junto do visitante essa identidade que os objectos com valor histórico e afectivo conferem. No Portugalete dos espertalhaços, é o alumínio que devora as fachadas, apagando-se séculos de sociabilidades à volta destes utensílios de cunho simbólico. Aqui o que está a dar é o plástico do esquecimento, o tufão do desprezo, o vómito da miséria mental. Quando vejo mais uma triunfante novel porta, metálica e feia, derrubar outra trabalhada, de madeira, apesar de velha, num centro histórico, seja em Miranda do Douro, seja em Lisboa, nessas ocasiões tenho vergonha de ser português...
4 comentários:
Agradou-me a parte da cidade azul e branca!! ;)
Tens razão na tua crítica, mas não ataques muito o aluminio! É possivel conciliar as duas coisas!!!
Agora reparo mais uma vez nas frases que tens no cabeçalho do teu blog. Aquela do conhecer alguém é ficar magoado é de um pessimismo terrivel!!! Mesmo que às vezes fiquemos magoados com alguma pessoa, não nos devemos arrepender de conhecer e gostar de alguém! E o que se aprende e partilha com os outros? As relações sejam elas quais forem, não tem de ter prazos ilimitados de duração, devem ser vividas no momento, no presente e não no amanhã. As coisas duram enquanto tiverem condições para isso. Tu conheces tanta gente, tens muitos amigos que te adoram!! Por isso, reflecte bem sobre aquela frase (que até arrepia), porque eu não te revejo nela.
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E pronto, não sei o que me deu para escrever isto, mas apeteceu-me.
Tem um bom fim de semana. Boa viagem até Alpedrinha, e que corra tudo bem com o lançamento da 'Caligrafia...'
E porque a Ana não conseguiu escrever a sua opinião, mas escreveu para o meu e.mail a partilhar memórias, transcrevo as suas palavras:
"Lembrei-me da Travessa do Pasteleiro e das 3 repenicadas (lado esquerdo.... tão engraçado....) e quanto fiquei feliz quando foi colocada uma porta de alumínio e com capainha e tudo (quem me dera esse tempo... tão menina que eu era.... ).
Tens este condão que mais ninguém consegue e vai conseguir alguma vez , na minha vida:
Transportar a minha memória a lugares tão "guardados".
Era uma mãozinha que batia numa bola de ferro enferrujado colocada na porta velha de madeira... até as caixas de correio eram em ferro já mt velho onde o meu pai depositava um chocolate pela surra para depois abrir a caixa mágica onde estava aquele maravilhoso "pack" que eu adorava comer....
Obrigada, muito obrigada, por me fazeres recordar esse tempo.
Aquele doce beijo.
ANA"
E porque a Ana não conseguiu escrever a sua opinião, mas escreveu para o meu e.mail a partilhar memórias, transcrevo as suas palavras:
"Lembrei-me da Travessa do Pasteleiro e das 3 repenicadas (lado esquerdo.... tão engraçado....) e quanto fiquei feliz quando foi colocada uma porta de alumínio e com capainha e tudo (quem me dera esse tempo... tão menina que eu era.... ).
Tens este condão que mais ninguém consegue e vai conseguir alguma vez , na minha vida:
Transportar a minha memória a lugares tão "guardados".
Era uma mãozinha que batia numa bola de ferro enferrujado colocada na porta velha de madeira... até as caixas de correio eram em ferro já mt velho onde o meu pai depositava um chocolate pela surra para depois abrir a caixa mágica onde estava aquele maravilhoso "pack" que eu adorava comer....
Obrigada, muito obrigada, por me fazeres recordar esse tempo.
Aquele doce beijo.
ANA"
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