"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, dezembro 27, 2005

Balança


No prato da balança um verso basta
para pesar no outro a minha vida.

Eugénio de Andrade*

(in "Ofício de Paciência", 1994)

*Recordo o poeta, algumas horas antes de voltar à Beira Baixa.
Este poema foi-me enviado, antes de ser publicado e durante alguns anos, até ao poeta adoecer, trocámos correspondência.
Apesar de curtas, as suas palavras, nas cartas e nos versos, foram sempre, serão sempre, um caminho luminoso para prosseguir.
Neste ano, prestes a terminar, em que partiu, não podia deixar de tornar ao meu poeta, com uma lágrima de carinho.

6 comentários:

Manuel Silva disse...

Estou de volta ao teu Blog, vim agora do trabalho e tentar escrever mais uma pagina do livro.
Espero que estejas bem?

Anónimo disse...

Gosto muito da poesia dos nossos poetas!

Anónimo disse...

O trabalhador por contra de outrem que não exerce funções de direcção é, em regra, um tarefeiro. Faz o que lhe mandam, acata ordens, executa com competência, exerce com brio, pugna pelos objectivos, trabalha mais horas, empenha-se por aprender, é aplicado, inventivo, polivalente, respeitoso e desenrascado.

Quem trabalha numa empresa sabe que esta é a regra. Há excepções, naturalmente.

Mas dependendo de outros, o trabalhador tem uma margem de manobra limitada. Quem define as regras, os métodos, os meios humanos e técnicos, a formação especializada, as opções estratégicas, as metas, são os dirigentes e os empregadores.

Por outro lado, também não são os trabalhadores, quem traça os eixos em que assenta o progresso! Quem faz as escolhas do modelo económico e social! Quem interfere nas grandes opções dos planos de crescimento e desenvolvimento estratégico! Quem aprova as leis! Quem governa! Quem manda! Quem decide!

Os cidadãos e os trabalhadores em geral, são convidados a votar de quatro em quatro anos. Até lá não se vislumbram, chamamentos à participação cívica nem se criam estruturas amplas de observação, discussão ou de decisão participada. O que se vê é os partidos enxameados de oportunistas, de carreiristas, de interesseiros.

É por isso que há falta de competência, de visão estratégica, de conhecimento, de lucidez, Em contrapartida assiste-se a um excesso de ambição, de mentira, de oportunismo, mas também das “máfias” de interesses cruzados, que empurram para os trabalhadores em geral – os suspeitos do costume – a responsabilidade pelo estado do país.

É por isso que quando ouço o discurso açucarado de Natal do Sr. Primeiro-Ministro, “aos portugueses de boa vontade” e passados apenas três dias brindam os funcionários públicos com 1,5 por cento de aumento para 2006, não posso deixar de sentir um profundo nojo. Repugna-me tamanha hipocrisia! Mas isto sou eu… que tenho mau feitio.

oasis dossonhos disse...

Salvé, amigo do "mau feitio"! Subscrevo a sua intervenção. Mas, por favor,não deixe a esperança morrer.
"Vale a pena sonhar, vale a pena ser poeta"...
Sabe quem me escreveu esta frase que pûs entre aspas, agradecendo um livro que lhe tinha enviado?
Álvaro Cunhal.
Morreu na mesma altura do poeta que aqui homenageio. Eugénio disse um dia:
"Em Portugal só a mediocridade é que engorda!"
Um abraço e apesar de tudo,lutemos por um 2006 melhor, com projectos, vontades,coragens.
Luís

Anónimo disse...

Luís: Já está menos gordinho?

oasis dossonhos disse...

se o seu sentido de humor emagrecesse, eu aderia...