Completam-se 100 anos dia 3 de Dezembro, que nasceu em Goa (Margão) um homem notável, que foi pedagogo, notário e poeta: Adeodato Barreto.
São dele os 3 poemas que a seguir se partilham, e para a sua memória a rosa da Gardunha, rosa do Mundo, com que celebro a existência deste expoente da cultura luso-indiana.
AS AZINHEIRAS
São como eu aquelas azinheiras
do montado...
Como o verão alegre põe doçuras
e sorrisos no côncavo estrelado,
aprestam, em sorrisos, seu toucado
e vão erguendo ao céu os galhos novos.
Mas sob o verde-claro dos renovos
o negro da tristeza
se lhes adensa, em rama, tristemente
nos abrigos;
e quem as vê por dentro já pressente
o inverno que ameaça a Natureza:
-igual ao que se adensa na minha alma,
igual ao que não vêem meus amigos...
Aljustrel, 28 de Agosto de 1935.
in "Livro da Vida" (incluído na compilação póstuma da Obra completa, p.315)
Porque buscas o Bem, santo romeiro,
em longínquos países, sempre a andar?
Antes que partas, busca-o, primeiro,
(Talvez o encontres...) no teu próprio lar...
in "O Livro da Vida" (p.339 da edição póstuma de toda a obra, Hugin,2000)
A PENEIRA
Aquele pobre insensato
que despreza o Permanente,
por um prazer aparente
só por ser imediato:
Lembra a peneira doidinha,
tão doida quanto fininha,
que, conservando o farelo,
deixa fugir a farinha...
Idem, p. 338.
(Fotografia de LFM: Rosa da Gardunha)
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