"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, novembro 20, 2010

Contra os Canhões... Marchar, Marchar!



























Foi feito tudo para evitar que as pessoas descessem a Avenida da Liberdade.
Tentaram amedrontar aqueles que desejavam manifestar-se.
Mas aquela parte do Povo português, que tem consciência dos perigos que a Humanidade corre, com a existência de organizações como a Nato, e ensinou aos filhos e aos netos os valores da liberdade, da fraternidade e da igualdade, só podia voltar a pisar a Avenida, com uma certeza maior - Ninguém pode calar a Voz da Verdade!
Foram outravez milhares e milhares de manifestantes, de seres humanos, de todo o mundo, que aqui disseram PAZ SIM! NATO, NÃO!
Estou sempre que posso com os companheiros de trabalho e sonho, gente que luta há décadas por melhores tempos.
São a minha gente: como a Salomé, primeira e única mulher até agora a presidir à Direcção do meu Sindicato (STML), a Ana Lucília, filha de mineiro, o Jaime Salomão, o Augusto Flor, o Fernando Vaz, o José Carneiro, o José Alberto, a Maria Eugénia, o Zé Rodrigues e a Dina, a Sano, a Marta e o Rui, a lista é enorme, mas estes (e muitos outros) vi-os hoje e são a "minha gente", pois com eles ajudo a construir os dias, com raiva e poesia, deixando gargalhadas ou pegadas melancólicas, gritos de revolta, esperanças teimosas.
Pessoas que são voluntárias, em colectividades, nos sindicatos, na política, no quotidiano que precisa de contributos sérios, senão a vida é uma respiração acorrentada, para gáudio dos senhores do mundo.
Hoje fui com os camaradas da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura Recreio e Desporto e confesso que não me lembro de um pano ter sido tão fotografado por gente de todo o mundo. Centenas e centenas de fotógrafos registaram a nossa presença, que trazia a companhia de um grupo de cabeçudos e bombos, simbolizando no desfile a criatividade popular que se encontra nas colectividades e anima a vida nas cidades, nas vilas e aldeias do país, tornando-as mais humanas.
Ecoam ainda as palavras da Moção que Maria do Céu Guerra leu e as palmas de concordância da multidão, antes de dispersar, ordeiramente, em Paz, contrariando a voracidade de uma comunicação social forense, para citar um amigo.
Os poetas escrevem contra as sombras, exaltam a luz. Hoje fui poeta sorrindo com os "meus", abraçando pessoas, sentindo que faço parte de uma grande barragem contra a ignomínia.
Contra os canhões...marchar, marchar! É o hino de Lopes Mendonça e Keil do Amaral, escrito há um século que o diz.
Será que os políticos de pacotilha que nos governam sabem honrar os "egrégios avós"? Será que defendem a nossa independência?
Por considerar que as respostas são negativas, hoje fui mostrar a minha indignação com a submissão reinante, contra os vendilhões do planeta.
Hei-de ser sempre contra os capatazes, que não conseguem ser Homens de Estado, por muito in que a aparência das fatiotas de alta costura, possa fazer crer.
Um dia seremos muito mais livres do que eles pensam! E chegará o Dia das Surpresas, como diz o belo poema de Saramago.

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

1 comentário:

Egas Branco disse...

Parabéns pelo belo texto!