Provámos a água
das fontes do desejo
e os corpos eram a sede
e o fogo em cada beijo.
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Nas línguas o amor
floria e a noite era
a mais breve fatia
do prazer.
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Provámos esse perfume
de estrelas colados no silêncio
mergulhando na luz
das palavras mais secretas
e doces.
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Como quem morre,
apagaste a pegada,
os lábios, os gestos
o sexo enluarado
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até apodrecer a esperança.
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Voltaste num relâmpago
para dizeres o que sei
esta ausência que não mereço e
O sentido da minha escrita
fulminando-te a alma
com a raiva e a magia
mais ternurenta que sei inventar.
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O que dizes agora tem a violência
do raio, queima noutro sentido.
Nunca apagará a dor de ausência
apenas amplia esta vontade
de não estremecer mais diante
de um suspiro teu e
esquecer de vez o coração
cruel
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que deseja e foge
que saboreou e cala
que desinquietou e adormeceu
que regressa para se evaporar.
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provámos o paraíso, guardarei sempre
os meses em que namorámos
e os instantes de fugaz felicidade
cúmplice
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*******
podes ficar com o inferno.
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Luís Filipe Maçarico
31-8-2009, 19h 15
6 comentários:
É preciso te conhecer muito bem para entender o que está para além destas palavras.
São o grito do silêncio... mas apenas um gesto e eu sacrificaria o anjo ou demónio que domina a minha alma...
E a verdadeira dor está nesse domínio, não na causa de quem o domina.
Guardarás Sempe os Instantes, mas guardarás também a mágoa que provocaram.
Beijo-te
ANA
Guardarás sempre os momentos luz mas não te deixes absorver pelas trevas...
Guardarás sempre a magia do desejo mas não te deixes apodrecer no desespero...
Guardarás os instantes de pura felicidade mas, peço-te, guarda em ti a pureza de sempre, a tua.
Não te deixes em estado de inquietação, não por isto. Por tudo... por ti, mas só...
Jingã, Luís
Belmi
Dos Estados Unidos, foi recebida uma Mensagem, por mail, que se partilha:
de JOSEFILIPE7@aol.com
para lmacarico@gmail.com
data 31 de agosto de 2009 23:38
assunto Para O Luis Maçarico
Os momentos de solidão
Para O Luis Maçarico
Há momentos na vida
que exigem vingança,
sem duelos nem humilhação.
E eu vinguei-me dessas vicissitudes
guardando no coração
as inúmeras estrêlas que colhi
numa noite de breu,
de um céu que era o meu.
Depois, mãos nos bolsos,
parti a assobiar
como se universo
fosse minha propriedade,
sem necessidade de o partilhar.
Os outros nunca entenderiam
os conflitos, entre a loucura e a lucidez,
da minha esquisita realidade.
Foi quando, admirado,
observei ao meu lado
todos os meus amigos a cantarem
as melodias que eu apenas sabia assobiar,
aprendidas na planície grande,
onde já não me encontro sozinho,
com compassos e líricas de papoilas,
esteva, trigo e rosmaninho.
Desde essa noite de breu e de frio,
nunca mais o meu peito ficou vazio
ou exigiu vingança e humilhação.
O meu olhar reflecte o meu sorriso
e o das estrêlas e dos amigos
guardados, no meu coração,
sempre disponíveis para mais uma canção.
JFR
Surpresa... no Sexta. Passe por lá.
Um abraço
interessante! lindo poema, acabei de o ler noutro cantinho amigo...
afinal o mundo é mesmo pequenino!!!
beijinhos
Cheguei "pela mão" da Elvira. Adorei o poema. A frase que o conclui possui um tom diferente do restante, cortante.
Voltarei.
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