"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, agosto 19, 2009

AFEGANISTÃO, NÉLSON ÉVORA E A COMUNICAÇÃO SOCIAL



Uma das grandes justificações, para a invasão do Afeganistão, pelos americanos, no tempo de Bush, foi o atropelo dos direitos humanos pelos Taliban.
Ontem, o Governo Afegão (com Hamid Karzai na presidência, o amigo dos ocidentais, que concorre à reeleição) decretou que mulher que se recuse a ter relações sexuais com o marido, poderá ser castigada por este, a morrer à fome. E viva a Democracia! Nas imagens que passaram, a burka aparecia em grande quantidade nas ruas.
A notícia foi dada de chofre, despejou-se informação sem espírito crítico, nas televisões... como se estivessem a falar da churrasqueira do senhor Guilherme, que vende frangos assados em barda.

As mesmas televisões, logo a seguir, sobre Nélson Évora limitaram - se a falar do excelente medalha de prata, como se o atleta não estivesse no pódium... pior, só falaram dele, quase no fim dos telejornais, como se o jovem tivesse feito um penúltimo lugar, em cinquenta competidores...
Não ganhou o ouro, logo, foi esquecido.
Fantástica, esta comunicação social!

Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

2 comentários:

jose filipe rodrigues disse...

Luis,
Deixa-me concordar com a tua opinião, excepto nas palavras iniciais da mesma. Tu sabes, como todo o mundo sabe, que o atropelo aos direitos humanos pelos Taliban não foram a razão principal para a invasão do Afeganistão. Foi algo muito mais dramático do que isso. Com os políticos portugueses actualmente no poderer, quase tenho a certeza de que, se bombardeassem o Algarve eles iriam negociar o não bombardeamento do Baixo Alentejo e assim sucessivamente. Quanto aos problemas ou deficits civilizacionais, concordo contigo e, de acordo com os padrões de desenvolvimento da nossa cultura, então vamos criticar outras culturas amigas ou não dos americanos.
Um abraço


Naquele tempo, as mulheres lavavam no rio
as roupas com odores de suor e amor.
A espuma do sabão
ia com as águas
lavando os peixes
num processo de diluição equilibrado.
Hoje está tudo mudado.
Com as máquinas de lavar
Automáticas
são os homens e as chuvas
quem lava nos rios
as memórias das fábricas
diluídas em migrações para o oriente
extreminando o trabalho e o pão.
Os excessos de mercúrio e chumbo
fulminam os peixes em putrefacção.
As fábricas ídas para o oriente
irão regressar
quando por lá deixar-se de respirar
e se a economia de mercado
não se transformar em trocas e partilhas
com o vizinho do lado,
num processo abrangente
para toda a gente.
As mulheres que lavavam no rio
são mais pragmáticas
nunca mais abandonarão
as máquinas Automáticas.
JFR

marialascas disse...

Ainda se foram ouvindo algumas vozes quando a invasão do Iraque ocorreu. Mas quanto ao Afeganistão tapam-se os olhos e os ouvidos, tapam-nos os olhos e os ouvidos!

Quanto ao Nelson Évora há que ter em conta: a cor, o número e o nome colunável das namoradas, os milhões que gasta numa noitada, o folclore da família... (que diga-se eu nem desgosto do nosso Cristiano R. mas estas diferenças é que vendem).