Podia titular este post com "Djerba Forever", mas como escreveu um dia Bertolt Brecht, a paisagem sem as pessoas não tem o interesse que lhe damos a partir das referências pessoais com que as voltamo a olhar depois de conhecermos alguém.
Djerba para mim será sempre Mabrouk, o amigo proprietário do estaminé que vende amêndoa torrada salgadinha e semente de girassol estaladiça...além de água fresca, bolachas, tabaco à unidade e um sem número de produtos.
"Miá Ramsi Glube" pedem os clientes.
E ele enche um cartuchinho de papel, feito com jornais usados. Meia dúzia de "milimes" e saboreia-se uma deliciosa iguaria...
Tal como noutras casas tunisinas, o Alentejo respira através de algumas peças de artesanato que lhe ofereci, festejando uma amizade serena.
Passo horas à porta da loja, sentado num banquinho azul, observando o movimento.
Ao lado, numa papelaria, Nizar cresceu e já não é o miúdo ao qual eu levava "petits cadeaux simboliques". O ano passado Nizar retribuiu, gravando um CD com artes e tradições jerbianas.
Voltei de lá emocionado. Os pequenos gestos ajudam a consolidar as boas recordações.
Lembro-me ainda de Kamel, do Restaurante Central, que me levou a sua casa, onde comemos da mesma gamela, onde a família degustava o seu couscous. Kamel disse-me, há dez anos, que passaram um serão a ler e a discutir o meu livro "Os pastores do Sol".
Fiquei comovido.
Volto ao lar acolhedor de Mabrouk, à simpática Monia, aos filhotes traquinas. À sensação de estar em casa, rodeado de amigos, que é o que sinto quando regresso a Djerba.
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