"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sexta-feira, agosto 14, 2009

BERTOLT BRECHT



Bertolt Brecht viveu em tempos tenebrosos. Hitler dominava a Alemanha e queria mandar no Mundo. Deixou uma herança asquerosa de sofrimentos inimagináveis.
Brecht, poeta, homem de esquerda, escritor, em parceria com Kurt Weil, de peças de teatro musicado, como "Ascensão e Queda da Cidade e Mahagony" (quem não se lembra de Jim Morrison cantando com os "Doors " a fantástica melodia "The Moon of Alabama"?) e "Ópera dos Três Vintens", exilou-se nos Estados Unidos.
Escreveu textos imortais, porque falam da desenfreada exploração do homem pelo homem, das guerras, do desvario dos poderosos, da escala humana que deveria existir nesta tão breve passagem...

Na celebração que através do "Águas" resolvi oferecer-vos, podemos escutar um actor brasileiro a declamar "O Analfabeto Político", ler o poema "Elogio da Dialéctica", publicado no Blogue "O Castendo" e recordar Jim Morrison ou David Bowie interpretando "Oh Moon of Alabama /You must say goodbye..."
Para os que têm dificuldade em perceber inglês, recomendo o terceiro vídeo de uma encenação com legendas em português que passou na RTP2...

Neste ano de eleições, com o desemprego a roçar os 10%, vale a pena constatar a actualidade de versos escritos há setenta anos.

ELOGIO DA DIALÉCTICA
Bertolt Brecht

A injustiça avança hoje a passo firme.
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são.
Nenhuma voz além da dos que mandam.
E em todos os mercados proclama a exploração: isto é apenas o meu começo.

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem:
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.

Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.
O que é seguro não é seguro.
As coisas não continuarão a ser como são.
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados.
Quem pois ousa dizer: nunca?
De quem depende que a opressão prossiga? De nós.
De quem depende que ela acabe? Também de nós.
O que é esmagado, que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha?
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
E nunca será: ainda hoje.

http://ocastendo.blogs.sapo.pt/269928.html






1 comentário:

mariabesuga disse...

... actual, 70 anos depois.

Obrigada pelas sugestões... memórias...

De resto, Brecht é "quase" suficiente... diz quase tudo...

Jingã
Belmi