"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, fevereiro 22, 2009

Adágio, de José Carlos Ary dos Santos


ADÁGIO

Quanto caminho andado
desde o primeiro poema
ai quanto amor amassado
com mãos de alegria e pena
ai quanto caminho andado
serena.

Quanto verso ensanguentado
quanta distância de mim
quanto amor desesperado
quanto secreto jardim
ai quanto caminho errado
sem fim.

Morro por ti mas tu não vens
dentro de mim te chamo
mas tu não estás
mas tu não vês
o que arranquei de mim
meu amor tu não és
quem amo.

Ai quanto caminho andado
sozinha dentro de mim
ai quanto caminho errado
sem fim.

Canto por ti mas tu não és
dentro de mim te choro
mas tu não estás
mas tu não vês
já te arranquei de mim
é só por te não ter
que eu morro.

Poema de José Carlos Ary dos Santos; Fotografia de Luís Filipe Maçarico

2 comentários:

mariabesuga disse...

O Ary escrevia lindamente, sinceramente, fortemente, sentidamente. O Ary vivia a vida assim, intensamente.

Lindíssimo esse poema de amor que se propõe ser esquecido só porque não aconteceu.

Jingã, Luís
Belmi

João Coelho disse...

Um belo poema e que o desconhecia.

Obrigado Luis

João Coelho