Olhar Salamanca: A Universidade e a Casa das Conchas

Salamanca em Julho é uma terra tão quente, como o Alentejo ou a raia de Idanha-a-Nova.

As sombras, entre edifícios, que lembram as cidades da renascença italiana, como Firenze, ou não tivesse existido aqui uma plêiade de filósofos italianos, irradiando as suas ideias, que encontraram na arquitectura espaço fértil, para exaltar o esplendor plateresco (assim chamado, porque as fachadas dos séculos XV e XVI são fortemente ornamentadas, lembrando a minúcia e beleza da ourivesaria).

Aliás o estilo Plateresco, exclusivo do Renascimento espanhol é uma fusão do mudéjar e gótico, que incorpora brasões, pináculos, colunas e alguns elementos decorativos...
Os arquitectos espanhóis desse tempo formaram-se em Itália trazendo igualmente os seus conhecimentos enriquecidos por essa aprendizagem.
A Universidade de Salamanca, que é a mais antiga de Espanha (fundada em 1218 por Afonso IX) e a Casa das Conchas (com 300 conchas) - construída entre 1493/ 1517 - constituem dois belos exemplares, de construção em pedra de arenito que confere à cidade um impressionante tom dourado.
Rodrigo Maldonado de Talavera mandou construir a Casa das Conchas.
As conchas simbolizam a sua ligação à Ordem de Santiago e os leões dos claustros evidenciam o poder e a influência.
Contam-se inúmeras lendas sobre este edifício, sendo Salamanca por esse motivo (e outros) considerada uma cidade misteriosa...
Visitar Salamanca é fazer um percurso no tempo inesquecível, que apela à imaginação...

Luís Filipe Maçarico ( texto e fotografias)