Para uma Laura que ficou na Apertada Curva do Tempo

Não se pode desejar a alguém "as maiores infelicidades do Mundo", e decorridas duas décadas fazer uma reaparição, com comoventes pedidos de desculpa e doces intenções de prosseguir, cabelos ao vento, com sorrisos de orelha a orelha, rumo ao futuro, como se lá atrás houvesse algum compromisso ou laço duradouro.

Falava há dias em hienas. Não está incluída. Pode descansar a sensível alma.

O esquecimento, como poeira densa, inundou memórias penosas, acerca de quem esteve de passagem, como foi o caso da simpática antiga "fan", que persegue o que faço, adquirindo até livros on line, como me confessou particularmente, dedicação essa, que agradeço. Não posso desdenhar tal gesto e fica aqui registado o apreço. 

Só espero é que não lhe passe pela cabeça afastar-me de cena, como o admirador de Lenon que  matou o imortal criador de "Imagine"...

Porém, e não fora a coincidência de ter reaparecido, com dramática insistência, falando como se nos tivéssemos despedido ao virar da esquina e não responderia.

Apanhou-me a jeito, para lhe responder desta forma.

Queixo-me de pessoas que estiveram décadas dentro de mim, e traíram.

A Laura rapidamente mostrou que não merecia a minha amizade. Falo doutra coisa, quando falo de hienas.

Tornando às suas mensagens, saiba que no lugar do coração trago afectos que não morreram. 

Fiz a mudança de casa, com a ajuda de amigos dedicados. 

Vivo perto de amigos que se preocupam com o meu bem estar. 

E apesar das diversas doenças - a última das quais é precisamente nesse orgão que julga endurecido, desumanizado, - resisto, tenho projectos, permaneço.

Pode continuar a desejar a minha infelicidade (ou o inverso). É-me igual.

A verdade é que não estive a beber café, ao seu lado, esta manhã e por isso declino os seus intentos, nos quais não confio.

Ao contrário de si, não lhe quero nem nunca lhe quis mal.

LFM