Mas o grande tesouro, para além do Mar é escutar o silêncio.
Aqueles seres que podemos inserir dentro da escala humana, como pessoas, deveriam ter respeito pelos outros, se vivem, não numa vivenda mas num prédio de dez vizinhos, que habitam da cave ao 3º andar.
Assim sendo, não deveriam atirar papéis para o chão, nem beatas nos patamares das escadas.
E sobretudo é verdadeiramente grosseiro atirar com portas, a não ser que haja forte corrente de ar, na fracção que ocupam no imóvel.
Quase de minuto a minuto, entre as 15:00 e as 16:00 podemos escutar sucessivamente - perto de sessenta vezes - estuporadas portas a bater com toda a força. Antes fosse do domínio do onírico, esta alusão...
[O estampido dessas portas a bater desalmadamente, durante a madrugada, é quase como disparar um tiro no silêncio da noite.]
Era assim numa residencial da Costa Vicentina que frequentei durante alguns Verões. Pais jovens e crianças malcriadas dedicavam-se com o mesmo afinco ao ruído, berrando nos corredores, como se se tratasse de um novo desporto...impedindo os outros veraneantes de sossegar...
É assim no lugar que sendo real ultrapassa a ficção. É claro que há excepções. Pessoas muito queridas, que me tratam de forma afectiva e que seria injusto não referir enquanto seres humanos, que respeitam os outros e anseiam um futuro mais harmonioso.
Então e mesmo que me digam que fulana é bem formada, não entendo o prazer ou a inconsciência que tem ao provocar o estrondo, nem da ausência de higiene de cicrano(s), que atira(m) pontas de cigarro, não para o chão da(s) sua(s) casa(s) mas no chão da casa de todos, e também não posso concordar com a ressonância emitida por beltrana, que gasta horas a bradar ao telemóvel, ampliando impropérios com voz de bagaço, no eco dum sítio que tudo fazia crer ser propício à meditação.
Isto para não falar do cheiro intenso a urina - não sei se de animal ou de humano - de um território, pelo qual tenho de passar, tentando fechar as narinas para evitar o vómito.
A violência exprime-se em moldes diversos.
Tenho tentado inverter o status: varri o lixo, lavei o chão colectivo com esfregona e desinfectante cheiroso, espalhar bons aromas, fechar com cuidado as portas para não incomodar ninguém...Em vão!
Não venho de um lugar mais tranquilo, é certo. Nem sou um lorde. Mas aprendi e aplico as regras básicas do civismo.
Portugal está cheio de barulho e sujidade. E temos de gramar isto, se o dinheiro não dá para viver noutros espaços, supostamente mais agradáveis.
Esta talvez seja uma das razões porque ainda não me sinto de alma e corpo neste lado do Tejo, como se estivesse apenas emprestado, à espera de um momento melhor.
O meu coração estará sempre em Alcântara, embora a Lisboa de hoje me cause alergia.
Toca a defumar a casa com incenso e a usar lixívia, para desinfectar o ambiente poluído.
Para conseguir respirar a Poesia (possível) no meio do país porco, fedorento e ruidoso.
LFM (Texto e fotografia)
E sobretudo é verdadeiramente grosseiro atirar com portas, a não ser que haja forte corrente de ar, na fracção que ocupam no imóvel.
Quase de minuto a minuto, entre as 15:00 e as 16:00 podemos escutar sucessivamente - perto de sessenta vezes - estuporadas portas a bater com toda a força. Antes fosse do domínio do onírico, esta alusão...
[O estampido dessas portas a bater desalmadamente, durante a madrugada, é quase como disparar um tiro no silêncio da noite.]
Era assim numa residencial da Costa Vicentina que frequentei durante alguns Verões. Pais jovens e crianças malcriadas dedicavam-se com o mesmo afinco ao ruído, berrando nos corredores, como se se tratasse de um novo desporto...impedindo os outros veraneantes de sossegar...
É assim no lugar que sendo real ultrapassa a ficção. É claro que há excepções. Pessoas muito queridas, que me tratam de forma afectiva e que seria injusto não referir enquanto seres humanos, que respeitam os outros e anseiam um futuro mais harmonioso.
Então e mesmo que me digam que fulana é bem formada, não entendo o prazer ou a inconsciência que tem ao provocar o estrondo, nem da ausência de higiene de cicrano(s), que atira(m) pontas de cigarro, não para o chão da(s) sua(s) casa(s) mas no chão da casa de todos, e também não posso concordar com a ressonância emitida por beltrana, que gasta horas a bradar ao telemóvel, ampliando impropérios com voz de bagaço, no eco dum sítio que tudo fazia crer ser propício à meditação.
Isto para não falar do cheiro intenso a urina - não sei se de animal ou de humano - de um território, pelo qual tenho de passar, tentando fechar as narinas para evitar o vómito.
A violência exprime-se em moldes diversos.
Tenho tentado inverter o status: varri o lixo, lavei o chão colectivo com esfregona e desinfectante cheiroso, espalhar bons aromas, fechar com cuidado as portas para não incomodar ninguém...Em vão!
Não venho de um lugar mais tranquilo, é certo. Nem sou um lorde. Mas aprendi e aplico as regras básicas do civismo.
Portugal está cheio de barulho e sujidade. E temos de gramar isto, se o dinheiro não dá para viver noutros espaços, supostamente mais agradáveis.
Esta talvez seja uma das razões porque ainda não me sinto de alma e corpo neste lado do Tejo, como se estivesse apenas emprestado, à espera de um momento melhor.
O meu coração estará sempre em Alcântara, embora a Lisboa de hoje me cause alergia.
Toca a defumar a casa com incenso e a usar lixívia, para desinfectar o ambiente poluído.
Para conseguir respirar a Poesia (possível) no meio do país porco, fedorento e ruidoso.
LFM (Texto e fotografia)
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