Está na edição do Público de hoje que um grupo de cinquenta homenageadores de Ana Paula Vitorino, ex-secretária de estado dos transportes, pagou do erário público uma festança num hotel para celebrar a passagem da senhora pelos valores mais altos que se levantam... Morra Marta, morra farta!
Entre outras inovações, esta gente (gestores dos caminhos de ferro) anunciou o fecho, dito temporário, da linha de Évora e Beja, para a Refer proceder a modernizações. É curioso verificar que quando procederam a idênticas obras na linha do Algarve, as composições não pararam de circular...
A senhora ficou-me na memória, pois quando era gestora (como os seus actuais veneradores) respondeu - com a agilidade e o espírito inovador que a caracteriza - à reclamação que fiz, contra o encerramento das bilheteiras no Fundão ao fim de semana e feriados.
Em impresso próprio da CP, após uma viagem com quarenta pessoas a protestar dentro do comboio, critiquei quem decidira a aberração, que era regressar a Lisboa pela linha da Beira Baixa, qual cobaia, apanhando desprevenido o próprio cobrador, motivando situações dignas do Terceiro Mundo que afinal também é aqui.
Aconteceu então pagar, como é normal, uma importância pelo assento, que passageiros entrados em Castelo Branco com lugar marcado convidaram a deixar, como se fôssemos bandoleiros e assim tivemos de ir mudando de lugar em lugar...até ao Entroncamento, nessa inesquecível viagem inaugural criada pela esferovítica massa (parecida com a cinzenta) da baiúca do Jámé.
Mas nesse dia ao chegar a Santa Apolónia, o meu protesto acabou por ser isolado, depois de tanto vitupério e queixume, que os outros prometiam, digno de um fado bem dolente...
Talvez por saberem que o povo português é feito de nhanha, a senhora (a exemplo dos seus chefes governativos) respondeu que eu tinha 3 hipóteses para ultrapassar o problema:
1- Comprar o bilhete de segunda a sexta;
2- Comprar numa maquineta (nesses dias avariada);
3- Comprar via Internet...
Foi uma boa carteira de novas oportunidades, tendo em conta a região agrícola do Fundão, com uma população pouco alfabetizada e envelhecida. Mas uns anos decorridos os Magalhães certamente que resolveram essas ninharias...
Pois é! Todos regressaram a casa descansados, na sequência desopilante de uns berros e insultos. Vociferantes é o que mais há. Consequentes, vejo poucos. Por isso, o país está como um cão atropelado, pelas mossas do caciquismo e banditismo económico, cujo elenco é de peso: desde os glamurosos ladrões da Higt Society até aos sucateiros, transversalmente infiltrados nos poderes decisórios, sejam eles autárquicos, económicos e da política mais upa upa...
No que concerne a Beja e Évora, não ouvi nenhum dirigente autárquico, nenhum jornal, nenhum partido, nenhum sindicato, nenhuma empresa, nenhum administrador sequer de carreiros de formigas, estudante, professor, comerciante, doente ou trabalhador no activo ou reformado, dizer o que quer que seja sobre o assunto. Devem estar todos à espera que encerre, para depois organizarem vigílias, manifestações, um livro e resmas de abaixo assinados exigindo o regresso do trem, com lágrimas tardias e declarações numa Assembleia perto de si.
Temos os dirigentes que temos, em parte pelo alheamento dos cidadãos na intervenção cívica que lhes cabe e descuram. Cada um de nós, assim como nos encomendam competência e eficácia, deve exigir ser tratado na mesma moeda, não deixando a solitários Quixotes a acção crítica e fiscalizadora que é de todos.
É por estas e por outras que gostava de ter possibilidades de me exilar e de cuspir na cara dos ladrões de sonhos. Estou farto de ser lixado e de ter de fazer um sorriso, - ou se quiserem, o chamado jogo democrático, que é ver o chicoespertismo a chafurdar no dinheiro que impede os outros de ter acesso (honesto) e restar-me criticar, protestar para nada suceder em termos de vislumbrar indícios de uma Sociedade mais justa... É certo que não estou só nesta luta, mas por quanto tempo mais vou ter de ver (com a única alternativa de poder desligar a televisão ou mudar de canal) os velhotes a dizerem que têm de escolher se gastam a pensão em alimentos ou medicamentos?
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)
Entre outras inovações, esta gente (gestores dos caminhos de ferro) anunciou o fecho, dito temporário, da linha de Évora e Beja, para a Refer proceder a modernizações. É curioso verificar que quando procederam a idênticas obras na linha do Algarve, as composições não pararam de circular...
A senhora ficou-me na memória, pois quando era gestora (como os seus actuais veneradores) respondeu - com a agilidade e o espírito inovador que a caracteriza - à reclamação que fiz, contra o encerramento das bilheteiras no Fundão ao fim de semana e feriados.
Em impresso próprio da CP, após uma viagem com quarenta pessoas a protestar dentro do comboio, critiquei quem decidira a aberração, que era regressar a Lisboa pela linha da Beira Baixa, qual cobaia, apanhando desprevenido o próprio cobrador, motivando situações dignas do Terceiro Mundo que afinal também é aqui.
Aconteceu então pagar, como é normal, uma importância pelo assento, que passageiros entrados em Castelo Branco com lugar marcado convidaram a deixar, como se fôssemos bandoleiros e assim tivemos de ir mudando de lugar em lugar...até ao Entroncamento, nessa inesquecível viagem inaugural criada pela esferovítica massa (parecida com a cinzenta) da baiúca do Jámé.
Mas nesse dia ao chegar a Santa Apolónia, o meu protesto acabou por ser isolado, depois de tanto vitupério e queixume, que os outros prometiam, digno de um fado bem dolente...
Talvez por saberem que o povo português é feito de nhanha, a senhora (a exemplo dos seus chefes governativos) respondeu que eu tinha 3 hipóteses para ultrapassar o problema:
1- Comprar o bilhete de segunda a sexta;
2- Comprar numa maquineta (nesses dias avariada);
3- Comprar via Internet...
Foi uma boa carteira de novas oportunidades, tendo em conta a região agrícola do Fundão, com uma população pouco alfabetizada e envelhecida. Mas uns anos decorridos os Magalhães certamente que resolveram essas ninharias...
Pois é! Todos regressaram a casa descansados, na sequência desopilante de uns berros e insultos. Vociferantes é o que mais há. Consequentes, vejo poucos. Por isso, o país está como um cão atropelado, pelas mossas do caciquismo e banditismo económico, cujo elenco é de peso: desde os glamurosos ladrões da Higt Society até aos sucateiros, transversalmente infiltrados nos poderes decisórios, sejam eles autárquicos, económicos e da política mais upa upa...
No que concerne a Beja e Évora, não ouvi nenhum dirigente autárquico, nenhum jornal, nenhum partido, nenhum sindicato, nenhuma empresa, nenhum administrador sequer de carreiros de formigas, estudante, professor, comerciante, doente ou trabalhador no activo ou reformado, dizer o que quer que seja sobre o assunto. Devem estar todos à espera que encerre, para depois organizarem vigílias, manifestações, um livro e resmas de abaixo assinados exigindo o regresso do trem, com lágrimas tardias e declarações numa Assembleia perto de si.
Temos os dirigentes que temos, em parte pelo alheamento dos cidadãos na intervenção cívica que lhes cabe e descuram. Cada um de nós, assim como nos encomendam competência e eficácia, deve exigir ser tratado na mesma moeda, não deixando a solitários Quixotes a acção crítica e fiscalizadora que é de todos.
É por estas e por outras que gostava de ter possibilidades de me exilar e de cuspir na cara dos ladrões de sonhos. Estou farto de ser lixado e de ter de fazer um sorriso, - ou se quiserem, o chamado jogo democrático, que é ver o chicoespertismo a chafurdar no dinheiro que impede os outros de ter acesso (honesto) e restar-me criticar, protestar para nada suceder em termos de vislumbrar indícios de uma Sociedade mais justa... É certo que não estou só nesta luta, mas por quanto tempo mais vou ter de ver (com a única alternativa de poder desligar a televisão ou mudar de canal) os velhotes a dizerem que têm de escolher se gastam a pensão em alimentos ou medicamentos?
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)
2 comentários:
Ah pois... somos assim. A mim já me aconteceu num sítio onde trabalhava e havia ordenados atrasados de quatro meses, sempre, formar-se uma onda e um grupo de mulheres a contestar e reclamar imenso a caminho do gabinete do director e quando dou por isso a entrada no gabinete´fica só por minha conta que o resto seguiu adiante como se nada fosse. Claro que ficou por minha conta também o despedimento no final do contrato...
Isto aconteceu há muitos anos e juntando a mais outras fui desmotivando ficando também muito quieta e calada como tantos outros...
Não me orgulho e luto contra esse sentimento em mim...
Obrigada por mais um alerta. É preciso despertar!!!...
Jingã pa ti
Será que não nos importamos?
Será que é medo?
Chegaremos a ter medo da nossa própria sombra?
Dos nossos amigos?
Não quero ver esse filme mas preocupam-me os sinais.
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