"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, junho 03, 2009

Notícias Amargas de Alpedrinha



Alpedrinha é uma vila que me cativa. Pela sua localização monumental, com a Gardunha, as suas águas, os seus castanheiros e cerejais. Pela sua população tradiconalmente hospitaleira.
Nos últimos tempos, as notícias que chegaram da terra mágica foram amargas.
Três moços que vi crescer, o mais velho deles com 28 anos, puseram termo à vida.
A interioridade e a falta de perspectivas para a Juventude, o vazio que se vai apoderando de todos nós, vão causando danos profundos, desmentindo estatísticas e discursatas.
A realidade violenta destes suicídios, entristecendo o quotidiano pacato de familiares e amigos, não sucedeu no Alentejo deprimido, mas numa Beira Baixa, de onde são naturais Guterres e Sócrates, confrange a ausência de medidas revigoradoras da economia e da solidariedade social. Há um pesado silêncio sobre os problemas.
Toda a nossa província abandonada, de Norte a Sul, com rapazes e raparigas sem emprego, que têm de fugir para tentar melhor sorte, é uma lástima. A alternativa à litoralização (e à liberalização que presenteia bancos falidos com milhões de euros) é ver passar o tempo, consumindo cerveja e televisão. Esta lenta agonia que alguns não aguentam mais.
Triste país da desertificação interior na terra e nas almas, que precisa de mudar, mas não enxerga energias catalizadoras, por manifesta mediocridade das propostas ou preconceito relativamente ao que podia ser transformador.
Os sinos batem a rebate, pelos que se foram e por nós, que temos um futuro cada vez mais assustador.
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografias)

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