Manuel Lopes, escritor cabo-verdiano, autor de
"Os Flagelados do Vento Leste" deixou-nos neste final de Janeiro.Manuel Lopes é um autor genial, que narra, naquela obra, a luta do povo de Cabo Verde contra a seca. Foram as suas palavras que me proporcionaram a descoberta de um povo, por via desse livro imortal, partilhado com Cristina Martins, durante uma espécie de programa radiofónico, via telefone, que nos idos anos 80 inventei para animar essa minha amiga (cega) que na altura tinha feito uma operação a um descolamento de retina. Manuel Lopes serviu para apaziguar o sofrimento, fazendo-nos viajar até ao arquipélago da morna e da coladera...
J. O. Travanca Rego morreu em 2003. Devo-lhe a serena cordialidade que o levou a publicar uma página num jornal de Elvas com poemas meus, algum tempo antes de deixar esta terra. Com gratidão, lembro-o aqui:
UM LUGAR: TRÊS MOMENTOS
Aqui eu estive. A vida irrepetível...
Mesmo que eu volte, o tempo será outro!
-Não tenho abraço para unir dois ventos
para além da memória em que os retive.
OCORRÊNCIAS
Enquanto eu vivo na minha gota de vida,
o mar afunda mil navios e o ar
levanta a água com que a chuva
horas depois afundará o mundo
-Eis como é alta a Ignorância,
e vasto o que falta no que eu vivo!
2 poemas de
J.O.Travanca-Rego, do livro
"Hiatos", ed. Diferença, 1998.
Sobre
Orlando Neves gostaria de acrescentar que foi presidente da primeira associação onde desempenhei tarefas directivas.Nessa qualidade o conheci, desvendando poemas seus em livros e na revista que tinha o nome da associação -
"Sol XXI".
Dele recordo correspondência afectuosa, a convivência simpática num encontro de poetas em Tondela, a feira do livro na sua casa de Carcavelos, em Março de 1997, onde comprei um dicionário da língua portuguesa, a categoria humana e literária.
Até sempre, amigos poetas, companheiros de sonho!!!
(fotografia de
Vanda Oliveira, Verão 2004, Rua Garrett)
2 comentários:
As Águas do Sul foram adicionadas aos inbound blogs Do Portugal Profundo. Parabéns pelo blogue! Gostei muito. Voltarei mais vezes.
Luís hoje não comento, lamentavelmente não conhecia nenhum dos três, fico pela visita.
Um abraço. Augusto
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