Sou militante do sol. Adoro acampar, mas desde 2000 que não passo uma semana tão deliciosa, como aquela que a Guida e a mãe Clarinda me proporcionaram em Portimão...
Devia ser sempre Junho, Julho, Agosto...Grilos e cigarras, melros e jacarandás entrando nos textos, despertando-nos em cada alvorada.
Eu voto no sol. Sou apoiante do Verão.
Dormir de janela encostada na brisa, escutando o chafariz do largo onde moro a derramar acordes de aágua luarenta, é um privilégio (embora dispense o bar barulhento, que todas as noites conspurca o ar, seja com copos e garrafas espatifados contra o empedrado, seja com urros de gajas borbulhentas e mijo de chavalos recos).
Eu sou um dos adoradores da luz, do calor deste sol que me anima, e persigo, seja em Lisboa, em Havana, na Lajinha ou em Djerba.Ou ainda em Dubrovnik, Nacala, Arrifana, Tozeur, Alpedrinha ou Aegina.
Tomo duche frio, ando pela casa de peito ao léu, descalço. Visto tee-shirt para sair à rua e perco os olhos no mar.Dentro do qual o sol se enrosca, quando a noite chega para se espreguiçar na manhã seguinte.
Dispenso as sombras geladas de Outono, as chuvas de Dezembro, as friagens traiçoeiras de Novembro, a tristeza de uma paisagem invernosa, o gelo de certas manhãs do Porto, em Janeiro.
Apetece fugir, mudar de país, quando o sol não aparece.
Ontem estive na praia e garanto-vos que não me apetecia tornar à rotina. Desejei ser daquele lugar, pertencer ao jogo de luz que transformava todos os seres em aparições de cristal e ouro, fossem pessoas ou insectos, algas ou gaivotas...
Resta-me de consolo o saber que um dia voltarei lá, à essência marinha, ao ar refrescante do fim de tarde, à textura das dunas, ao corpo do silêncio, onde mergulham todos os passos, todos os sonhos, todos os cansaços.
Para ficar mais perto do sol.
7 e 15/8/2004
Ecos do Encontro temático em Campo Maior
Há 4 dias
1 comentário:
Mas há coisas que não voltam, e se calhar até é melhor assim. Fica-nos sempre no espírito a sensação do quase-perfeito ou, para jogar com as palavras, de um pretérito perfeito... Melhor que tentar repetir o que já foi, e que foi muito bom, será inovar, vivenciar outras coisas, da mesma forma "déli". E Miranda do Douro, Torre de Moncorvo, Mogadouro, Marialva, também foram passos de andarilho partilhados e vividos plenamente...
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