"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, agosto 04, 2004

COM O VENTO

Chega devagar o vento. Morno
Manso, para ruminar poeiras.
Todos os sonhos vão com ele,
A caminho do deserto. Lá onde
Deixa de haver o fumo dos fornos.
Lá onde os rebanhos não podem
Pastar. Onde ninguém procura
A lua. Chega devagar o vento.
Manhoso…


MATINAL NAS ILHAS KERKENNAH

Olhar o mar sem canseiras
Entrar no silêncio docemente
Saborear o sol furtivo
Uma manada de nuvens e
O rumor do vento
A despentear palmeiras.
Na ilha perdida
Só esta música
Pode ser a casa.

(inéditos, escritos na Tunísia, anos 90)


COM A MADRESSILVA

Com a madressilva
Chegarás às veredas
Do silêncio.
Onde cães e galos
Entrelaçam a voz.

No rumor
Do vento
Entre canaviais
Escutarás o mar.

A música.

15-8-97

(inédito, escrito em S. Martinho do Porto)

Luís Filipe Maçarico

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