"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, novembro 30, 2014

Não sou Garganeiro!

Seja-me permitido dizer que, ao contrário de pessoas, com vocação para esse efeito, não costumo vincar a minha presença, seja em que evento for -  repasto, exposição ou espectáculo, irrompendo de forma impositiva, como se não houvesse amanhã, para impôr uma das coisas que julgo que faço bem, embora tente ser discreto.

São raras, as minhas aparições, dizendo poesia...
Faço versos, mas já chegou a suceder, que uma amiga, cantora caboverdiana, anunciou que um poeta estava no meio dos espectadores, chamando-me a dizer textos, escritos na sua ilha, S. Vicente.
Na ocasião, apanhado desprevenido, tive de explicar que estava ali para ouvir e aplaudir os artistas de gabarito, que celebravam B. Leza, e não era meu costume trazer versos no saco a tiracolo, que me acompanha, nem sabia nada de cor, para poder evidenciar aquele inusitado, caloroso e bem intencionado anúncio da minha amiga.

Não me revejo, naquela postura empaturrada, de ter de mostrar que sou poeta, monopolizando quem está numa plateia ou a beber um copo, petiscando ou até a pensar na morte da bezerra ... calando pratos, talheres, conversas, para ser escutado.

Quem me quiser conhecer, enquanto autor de livros, tem oportunidades propícias.
Em Alpedrinha.
Em Mértola.
Em Évora.
Em Lisboa.

Todavia, decidi fazer chegar ao Centro de Documentação, da Câmara Municipal de Évora, cidade onde nasci, um álbum de recortes, com os poemas publicados em jornais e revistas, desde os anos 70 e a correspondência com alguns escritores e personalidades da cultura portuguesa, pois considero que é um património que tem de ser fruído pela Comunidade.

Um dia destes convoco-vos, para um desses (raros) momentos em que apresento a minha Poesia.
Como não quero nem estátua, para os pássaros defecarem em cima, nem nome de rua, sinto-me em paz comigo mesmo, fazendo o meu caminho, sem tiques de garganeiro...


garganeiro
gar.ga.nei.ro [ɡɐrɡɐˈnɐjru]
adjetivo
1. regionalismo que come muito, glutão
2. regionalismo figurado sedento por ganhar; ambicioso
3. regionalismo que fala muito e desacertadamente; que tem muita garganta
De garganta × gana+-eiro
 
  garganeiro in Dicionário da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [consult. 2014-11-30 17:37:07]. Disponível na Internet:

Luís Filipe Maçarico (texto e foto - selfie com pombo...)

3 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Conhecendo-o, nunca seria capaz de o imaginar um garganeiro.
Um abraço e uma boa semana

Mar Arável disse...

tudo pelo melhor poeta

Mar Arável disse...

tudo pelo melhor poeta