Parece-nos no mínimo obscena, a dimensão que as medidas punitivas, unicamente aplicadas aos pobres, assumiram nos últimos meses, em todo o lado, poupando os abastados. Reformas miseráveis, corte nos medicamentos e em tratamentos como hemodiálise, retirada do abono de família, o cardápio é enorme.
Seria anedótico, se não fosse tenebroso, o que entretanto aconteceu nos Estados Unidos e em França.
Milionários discordam que os Governos não taxem a sua riqueza, pedindo aos governantes que tomem medidas nesse sentido.
Sentindo o abismo aproximar-se e, perante a hipótese dos que já não têm nada a perder, se revoltem, por todo o Mundo, os ricos globalizaram o seu apelo, deixando o odioso com os governantes medíocres, que só sabem penalizar um lado da Sociedade - o mais fraco.
Em Portugal, porém, e apesar de Joe Berardo se associar àquelas preocupações de sobrevivência do capital, os comentadores - capatazes dos banqueiros mais gulosos e sinistros e dos agiotas mais grotescos, que detêm riquezas escandalosas, apressaram-se a dizer que os ricos daqui são pouco abastados e que não vale a pena taxá-los, que não resolve nada fazê-lo, ou seja, o melhor é continuar a explorar a populaça até ao tutano.
Sendo dois deles ex-ministros de governos socialistas e social democratas está tudo dito.
Esta gente medíocre, labregos de colarinho com gravata, pensa que a exploração é eterna e os povos, aparte uma ou outra escaramuça, se conformam para todo o sempre.
Alguns dos abastados não acreditam, contudo, nesse devir, tendo dado o passo em frente, para salvar a pele.
Até quando a corda vai ser esticada?
Texto e fotografia de LFM
2 comentários:
Até quando nós quisermos amigos. Não foi sempre o povo a fazer as grandes revoltas da história?
Um abraço
Elvira,
Por acaso até não foi, nunca foi.
É chato e pouco romântico mas é um raio de um facto: o povo não fez UMA ÚNICA das grandes revoltas e mudanças da história. O máximo a que chegou foi, em épocas de grande fome, a umas escaramuças de pilhagem e vandalismo que acabaram em geral com meia duzia de fuzilamentos ou enforcamentos, pouco depois.
Mas talvez eu esteja a esquecer algo... lembre-me lá de UM exemplo.
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