Ontem, fiz uma caminhada na Tapada das Necessidades. Ao passar pelo Jardim dos cactos evoquei os meses tensos de há 36 anos, quando cheguei a Moçambique no Dia das Mentiras.
Era no tempo da Mentira... Que tínhamos de defender a Pátria e não sei mais quê!!!...
Um punhado de jovens foi obrigado a deixar tudo, na flor da idade, para justificar as comissões chorudas dos tubarões com patente, que lucravam com o conflito, acumulando anos de serviço e por vezes galardões (e muita dinheirama, que a guerra dá dinheiro, como a sociedade capitalista alimenta os especuladores mais hábeis), situação partilhada com os restantes exploradores de África, governo de então inclusivé.
Foi nesse ambiente mental de medo, censura e opressão, que se desenrolava num cenário onde o esplendor da Natureza contrastava com a miséria dos humanos, que começou a minha libertação e a de muitos portugueses.
Passados estes anos, recebo (como sucede em todos os meses de Abril) a convocatória para um convívio em torno das iguarias de uma região do país e das memórias desse exílio forçado em África.
Soube pelo António Pinguincha Caeiro que alguns bravos da CPM 8248 já se foram embora.
Pela generosidade daqueles rapazes em 1974 - que partiram, pensando garantir com a sua dedicação a integridade do território luso - ouvi o canto dos melros, o rumor do vento nos galhos, um bando de papagaios enluarados, bebi todo o silêncio da tarde de sombras frias e sóis repentinos, para deixar aqui a minha singela homenagem a esses companheiros, que comigo foram desterrados (e enganados) indo bater com os costados a 13 mil quilómetros daqui.
Sendo hoje sábado de Páscoa e desde esta modesta tribuna digo: PAZ ÀS SUAS ALMAS!
Aos que sobreviveram às emboscadas da Vida, o abraço e o desejo que o reencontro onde não poderei participar seja bem divertido. No mesmo dia (10) estarei em Tomar, a tomar posse como Conselheiro Nacional da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto - uma tropa em que acredito mais do que aquela que nos impingiram e continua a produzir os seus embustes (veja-se o dos submarinos, etc.)
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)
Era no tempo da Mentira... Que tínhamos de defender a Pátria e não sei mais quê!!!...
Um punhado de jovens foi obrigado a deixar tudo, na flor da idade, para justificar as comissões chorudas dos tubarões com patente, que lucravam com o conflito, acumulando anos de serviço e por vezes galardões (e muita dinheirama, que a guerra dá dinheiro, como a sociedade capitalista alimenta os especuladores mais hábeis), situação partilhada com os restantes exploradores de África, governo de então inclusivé.
Foi nesse ambiente mental de medo, censura e opressão, que se desenrolava num cenário onde o esplendor da Natureza contrastava com a miséria dos humanos, que começou a minha libertação e a de muitos portugueses.
Passados estes anos, recebo (como sucede em todos os meses de Abril) a convocatória para um convívio em torno das iguarias de uma região do país e das memórias desse exílio forçado em África.
Soube pelo António Pinguincha Caeiro que alguns bravos da CPM 8248 já se foram embora.
Pela generosidade daqueles rapazes em 1974 - que partiram, pensando garantir com a sua dedicação a integridade do território luso - ouvi o canto dos melros, o rumor do vento nos galhos, um bando de papagaios enluarados, bebi todo o silêncio da tarde de sombras frias e sóis repentinos, para deixar aqui a minha singela homenagem a esses companheiros, que comigo foram desterrados (e enganados) indo bater com os costados a 13 mil quilómetros daqui.
Sendo hoje sábado de Páscoa e desde esta modesta tribuna digo: PAZ ÀS SUAS ALMAS!
Aos que sobreviveram às emboscadas da Vida, o abraço e o desejo que o reencontro onde não poderei participar seja bem divertido. No mesmo dia (10) estarei em Tomar, a tomar posse como Conselheiro Nacional da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto - uma tropa em que acredito mais do que aquela que nos impingiram e continua a produzir os seus embustes (veja-se o dos submarinos, etc.)
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)
Sem comentários:
Enviar um comentário