Pacientemente,
com um regaço de cerejas
e sandálias de brisa,
Junho esperou por ti
no coração do mar
para tecer o derradeiro poema.
Faltavam ainda duas maçãs
o hálito de um sorriso pelas dunas
o sangue da terra
no esplendor das manhãs...
Lisboa, 14-6-2005, 0h45m
Luís Filipe Maçarico
(desenho de
Álvaro Cunhal)
5 comentários:
Que palavras tão bonitas, Luis. Eugénio merece-as e muito mais.
A fala dos poetas
Ah, seu poeta Luís!
As tuas palavras, nos três posts, são bonitas, mas neste, excedeste-te, Homem! Sabem a figos maduros.
Grande abraço!
Um conjunto soberbo. Uma homenagem para um Homem, que amava as letras.
"As palavras"
"São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.Tecidas são de luz
e são a noite.E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quemas recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?" (Eugénio de Andrade)
Porque algumas pessoas sao inevitavelmente eternas... como a poesia...
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