"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

terça-feira, junho 14, 2005

Eugénio


Pacientemente,
com um regaço de cerejas
e sandálias de brisa,
Junho esperou por ti
no coração do mar
para tecer o derradeiro poema.
Faltavam ainda duas maçãs
o hálito de um sorriso pelas dunas
o sangue da terra
no esplendor das manhãs...

Lisboa, 14-6-2005, 0h45m

Luís Filipe Maçarico
(desenho de Álvaro Cunhal)Posted by Hello

5 comentários:

Sonia F. disse...

Que palavras tão bonitas, Luis. Eugénio merece-as e muito mais.

j.c.pereira disse...

A fala dos poetas

Dinamene disse...

Ah, seu poeta Luís!
As tuas palavras, nos três posts, são bonitas, mas neste, excedeste-te, Homem! Sabem a figos maduros.
Grande abraço!

Menina Marota disse...

Um conjunto soberbo. Uma homenagem para um Homem, que amava as letras.

moon between golden stars disse...

"As palavras"

"São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.Tecidas são de luz
e são a noite.E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quemas recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?" (Eugénio de Andrade)

Porque algumas pessoas sao inevitavelmente eternas... como a poesia...