Sintoma de um Portugal
rançoso, em que a estupidez se insinua, no contacto e nos gestos, a todo o
momento, somos interpelados, na Rua das Portas de Santo Antão, entre a Casa do
Alentejo e o Palácio da Independência.
Indivíduos, por vezes
boçais e de aspecto chungoso, tentam aliciar quem passa, para almoçar, neste ou
naquele tascório.
Lembram os seus pares,
bem menos agressivos e com melhor farpela, no Cais de Cacilhas, recomendando caldeiradas
e petiscos imperdíveis.
Fantasmáticos, parecem
saídos da defunta Feira Popular, onde também havia gente assim, pegajosa.
Dir-me-ão: É uma forma
de terem um emprego…
Calar-me-ia, se estes
angariadores de clientela entre os passantes, não efectuassem uma abordagem
despropositada, excessiva, inconveniente e até insultuosa, caso a pessoa se
recuse a seguir o conselho. E aqui é que “a porca torce o rabo”…
Apetece dizer a esses
promotores falhados: Eu tenho olhos, sei que o seu restaurante tem menú à porta
e também sei ler. Só que não tenho vontade de comer, e muito menos vou ter, com
a sua voz a incomodar-me os tímpanos…
Porque se insiste neste
postal horrível, do tempo da ciganita Dora que lia a sina e do comboio do
terror, no Luna - Parque, de Entrecampos?
Há lembranças do
passado que me causam náusea. Esta é uma delas, pela subserviência dos
pregoeiros de um tascório e pelo desespero de varejeira que extravasam. É sinal
de uma pobreza mental de onde afinal, não obstante todas as modernidades e evoluções
propaladas, nunca saímos…
Luís Filipe Maçarico (texto e fotografia)
1 comentário:
Tem razão, Luis. Graças por que não vou para esses lados e que eu saiba a moda ainda não chegou ao Barreiro.
Um abraço e uma boa semana
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