José Cid, o mesmo que no tempo do Quarteto 111 interpretava "A Lenda de El Rei D.Sebastião", foi cantar a Idanha a Nova.
Não se ficou, porém, pelo desempenho da sua actividade, apreciada ao longo de décadas, por um público que o tornou numa referência.
Todavia e como se incarnasse o saber autorizado de uma Comissão Científica, resolveu, quanto a mim de forma leviana, defender a candidatura do Adufe a património mundial, cristianizando-o.
“De Idanha até Monsanto, do Perdigão a Marvão, quem não tocar bem adufe não deve ser bom cristão”. Um Amigo atento comentou esta bravata, própria de "Opera Buffa" e só possível porque temos uma geração de autarcas com pouca preparação para as questões do Património, aceitando tudo sem reflectir. Diz o meu Amigo, que se formou no seio de uma família de gente culta, interessada pelos costumes e tradições da Beira Baixa: "Enfim, o regresso da “tradição” estado-novista. Como são possíveis estas novas “materialidades” pseudo-populares e neo- patrimoniais? Na guerra contra a dita "desertificação" não, não vale tudo!"
“De Idanha até Monsanto, do Perdigão a Marvão, quem não tocar bem adufe não deve ser bom cristão”. Um Amigo atento comentou esta bravata, própria de "Opera Buffa" e só possível porque temos uma geração de autarcas com pouca preparação para as questões do Património, aceitando tudo sem reflectir. Diz o meu Amigo, que se formou no seio de uma família de gente culta, interessada pelos costumes e tradições da Beira Baixa: "Enfim, o regresso da “tradição” estado-novista. Como são possíveis estas novas “materialidades” pseudo-populares e neo- patrimoniais? Na guerra contra a dita "desertificação" não, não vale tudo!"
Como não dependo de ninguém, em termos das minhas opiniões, achei que devia intervir e contribuir para esclarecer, quem temporariamente ficou com a mente embaciada, pois infelizmente as questões do património no nosso país, andam muito confusas, para não dizer maltratadas. Então, deixei esta opinião no Facebook da autarquia, que embandeirou em arco com a "brilhante" ideia do cantor...
Acaso
quem dirige o Município de Idanha-a-Nova tem consciência das origens
do adufe? Acaso o executivo e a assembleia municipal têm a noção que um
adufe não pode pertencer a esta ou àquela religião, porque é um marco
milenar do encontro de culturas e civilizações?Como antropólogo e sem
qualquer sinal de arrogância de quem sabe tudo, pronuncio-me acerca
deste assunto desta forma: reconheço que Idanha tem um trabalho
magnífico em termos do Centro Cultural raiano, da sua mostra sobre o
mundo rural, mas considero deplorável que um cantor, por muito mérito
que tenha enquanto tal, influencie - ainda por cima no sentido de
patrimonializar um objecto comunitário, cultural, de tão grande valor -
as mentalidades, encerrando-as num beco sem saída. O adufe só poderá ser
património da humanidade, com o seu irmão duf que se toca do outro lado
do mediterrâneo, em comunidades islâmicas. Basta de margens
desirmanadas. O Mundo precisa de Paz!!!
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos: 1 - Animação num aniversário da "Aldraba", Associação do espaço e Património Popular 2 - Maria da Ressurreição Rolão, senhora que tocou adufe e que chegou a ir com o grupo das Adufeiras de Monsanto à
Jugoslávia.)
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