"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sábado, janeiro 08, 2011

A Primeira Semana de 2011


Amigos: O regresso à actividade profissional diária, depois de uns dias de quebra da rotina em Alpedrinha, a participação activa em reuniões da Aldraba e do Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades e a pesquisa bibliográfica para a tese (ainda ontem passei o dia na Biblioteca de Arte da Gulbenkian assinalando o número de vezes em que a palavra mão aparece no Corão), a par de uma actividade virtual mais intensa no Facebook, atrasaram a postagem de mensagens aqui.
Regresso, assinalando:
- A perda de Malagatana, esse estupendo cidadão do Mundo, que nos legou uma obra ímpar.
- Uma Europa execrável, com Merkel, Sarkozy, Berlusconi e agora o primeiro ministro da Hungria, a dinamitarem a frágil unidade, lambendo os mercados financeiros, asfixiando os países com dificuldades, cerceando a liberdade...
- A pré-campanha para a Presidência da República, com uma maioria de candidatos proclamando purezanum mar de nódoas. Não meto todos no mesmo saco. Francisco Lopes é o candidato em que vou votar, por convicção, mas também porque tem mostrado que sabe o que é melhor neste contexto e porque assume posições que se inserem no país que desejo. E digo-o com a forte certeza de quem recusou votar Salgado Zenha numas eleições já distantes, pois fui sindicalista e não pude aceitar a ligação dele à tentativa de destruição da CGTP. Tal como nunca votarei Alegre. Os caçadores são-me desprezíveis e os zigue - zagues daquele senhor já me fizeram oferecer livros dele que recuso ter na minha Biblioteca, pois a bota não bate com a perdigota naquele caso, como se continua a ver...
- A insistente e vomitadora demagogia do Primeiro Ministro, mergulhando-nos no abismo, com mais um arroto no processo de nacionalização do Banco das Trapaças, dividindo-o em 3 empresas, onde uma (a dos Prejuízos Impagáveis) vai envenenar ainda mais a debilidade do Estado.
- Ainda a cegueira desvairada do Condottieri do Socratinismo, que face a todas as ameaças dos Mercados de Agências de Rating e outros Malfeitores da Gula Capitalista, apresenta continuamente números risonhos, de um país surreal, que só ele e os apaniguados vêem...
- A imensa confusão gerada na Saúde, na Educação, na Função Pública (com os cortes salariais), na Justiça (em que escutas mandadas destruídas afinal...), na Mobilidade Territorial (com o fecho de linhas ferroviárias), que aumenta o fosso entre Interior e Litoral e consequentemente o desiquilíbrio/Desigualdade entre cidadãos do mesmo Portugal divido em dois e também no Salário Mínimo (rebaixado), na maioria dos Reformados (penalizados com aumentos de remédios, alimentos, transportes, tudo, face ao congelamento das pensões - já de si irrisórias) e nos Trabalhadores no activo (ameaçados pela agilização do Código Laboral, que lhes promete despedimentos, para não reivindicarem aumentos e regalias sociais) e no Desemprego (que perdem os apoios a que tinham direito...)
Convenhamos que para um Governo de um Partido que se diz Socialista, assumindo nos discursos que defende a todo o custo o Estado Social e provoca este Caos, a identidade está depauperada. Tenho amigos no espectro partidário, que ultrapassam o campo das minhas convicções, pessoas que respeito, porque sendo o que são nas suas "crenças", constroem pontes, partilham questões que tocam a todos, são, em suma, humanos como eu.
No PS também. E penso no mal estar que alguns devem sentir por assistir ao desenrolar, cada vez mais assustador, do tempo - que se esgota... A não ser que tivessem desistido de ser humanos, o que não acredito.
Também não consigo compreender como se consegue estar na cadeira do Poder anos e anos, numa degradação permanente e acelerada, como é o caso dos governantes. Como é possível dormirem descansados depois de prometerem uma coisa, fazerem o oposto?
E é assim que observo o começo de 2011...

Luís Filipe Maçarico

1 comentário:

Sano de Perpessac disse...

Triste e bela análise! É tudo verdade malereusement.Até as ledas madrugadas que me empurram do leito, para me escravisarem 50% do salario meio dia de trabalho para "os bonecos", 29.60 para a S. Social e 21.50 para IRS. Com a agravante do congelamento da Cultura Nacional para 2011 e quiçá para 2000e++++. Je les détestes. Obrigada Luis.