Um destes dias, quando fazia uma pesquisa na Internet descobri esta Antologia, organizada por Jorge Velhote, Nicolau Saião e Nuno Rebocho. Fiquei feliz por descobrir que lá dentro - página 183 - havia um poema meu, que hoje partilho no "Águas", e a companhia, entre muitos outros, de Albano Martins, Amadeu Baptista, Ana Hartely, António Ramos Rosa, António Salvado, Casimiro de Brito, Ernesto Melo e Castro, Eugénio de Andrade, João Rui de Sousa, Joaquim Pessoa, José do Carmo Francisco, José Fanha, José Luís Peixoto, José Jorge Letria, Manuel Alegre, Maria Teresa Horta, Mário Cesariny, Orlando Neves, Ruy Ventura, Sophia de Mello Breyner Andresen e Vasco Graça Moura, além dos coordenadores, num total de 131 autores.
A edição é da Garça Editores, de Peso da Régua, que assim se associou aos 30 anos do 25 de Abril. "Na Liberdade" foi publicado em 2004. E agora, o poema seleccionado por Velhote, Saião e Rebocho (aos quais agradeço a menção):
EU TINHA UM PAÍS
Eu tinha um país
- talvez a ficção de um país
(e não este país de ficção)
que me levava a atravessar as noites
iluminado pela esperança
dum dia tudo poder ser diferente
eu tinha um amor
- talvez o sonho de amar e ser amado
(e não este vazio disfarçado)
que me levava a viajar dentro das horas
iluminado pela alegria
de cada manhã nascer sempre diferente
mas afinal não tinha nada:
Só eu me possuía!
e uma tarde, olhando em redor
esvaído o rasto duma euforia
deparou-se-me o país estranho:
Só eu me possuía
nesse país que julgava ter
onde inventara o amor que não havia!
LUÍS FILIPE MAÇARICO, in "Na Liberdade", Antologia Poética (Coordenação de Jorge Velhote, Nicolau Saião e Nuno Rebocho), Garça Editores, Régua, 2004, pág. 183.
A edição é da Garça Editores, de Peso da Régua, que assim se associou aos 30 anos do 25 de Abril. "Na Liberdade" foi publicado em 2004. E agora, o poema seleccionado por Velhote, Saião e Rebocho (aos quais agradeço a menção):
EU TINHA UM PAÍS
Eu tinha um país
- talvez a ficção de um país
(e não este país de ficção)
que me levava a atravessar as noites
iluminado pela esperança
dum dia tudo poder ser diferente
eu tinha um amor
- talvez o sonho de amar e ser amado
(e não este vazio disfarçado)
que me levava a viajar dentro das horas
iluminado pela alegria
de cada manhã nascer sempre diferente
mas afinal não tinha nada:
Só eu me possuía!
e uma tarde, olhando em redor
esvaído o rasto duma euforia
deparou-se-me o país estranho:
Só eu me possuía
nesse país que julgava ter
onde inventara o amor que não havia!
LUÍS FILIPE MAÇARICO, in "Na Liberdade", Antologia Poética (Coordenação de Jorge Velhote, Nicolau Saião e Nuno Rebocho), Garça Editores, Régua, 2004, pág. 183.
6 comentários:
Um poema do Luis numa antologia com este nível é um reconhecimento do seu real valor no mundo da poesia portuguesa.
Pena que tenha descoberto por acaso e que os autores da referida antologia não lhe tenham no minimo comunicado a publicação.
Mas que esperar, afinal estamos em Portugal, verdade?
Um abraço
Publicado no Facebook, 23/10/2010:
Arminda Palma
O facto de um poema de Luís Filipe Maçarico estar inserido numa antologia poética de grandes Poetas é a prova de que ele é também um Grande Poeta da Língua Portuguesa que merece ser lido e divulgado.
Gostei do poema e gostaria de dizer que,... se já em 2004 não tínhamos um país de afectos, muito menos o temos hoje.
Publicado no Facebook, 23/10/2010:
Maria Elvira Carvalho
Um poema do Luis numa antologia com este nível é um reconhecimento do seu real valor no mundo da poesia portuguesa.
Pena que tenha descoberto por acaso e que os autores da referida antologia não lhe tenham no minimo comunicado a publicação.
Mas que esperar, afinal estamos em Portugal, verdade?
Um abraço
Independentemente da publicação, ao lado de poetas tão conceituados, importa o poema em si... a mensagem, o facto de continuar a ser intemporal, como os poemas dos GRANDES, tal como o Luís é: um GRANDE poeta... e HOMEM que já há muito via o seu país tal como é e continua a ser... uma ficção.
Bem_hajas Luis pelas tuas palavras e sensibilidade... sempre. Bjo
Silva Manuel
Muito actual, profundo e lindíssimo
Como te sinto nessas palavras,
e te vejo a respirar de desejos.
Como te oiço chorar de vontade,
E te saboreio cheio de angústia.
...Mais uma vez as tuas palavras são a prova da amizade antológica, do carinho e respeito que tens sempre semeado, através da tua vontade, força e muito amor que distribuis por todos os seres que estão ao alcance das tuas amigas e sempre sinceras palavras, escritas e sentidas.
Manuel Silva 25/10/10
Queridos Amigos: Fico sem jeito, assim. Sem salamaleques. Surpreendido pelas vossas palavras, que transcendem a circunstância belíssima de nos estimarmos. São essencialmente estímulos, que me dizem que aquelas sílabas vos tocam. E esse é o desígnio do poeta, quando o seu grito chega aos outros, quando alguém partilha uma sensibilidade semelhante. Obrigado, irmãos desta passagem escandalosamente humana!
Luís Filipe Maçarico (publicado há pouco na minha página do Facebook)
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