No passado sábado, tive o prazer de percorrer Óbidos sem o incómodo das enxurradas de turistas que já encontrei noutra ocasião.
Entrei nas três livrarias (todas pertencentes à Ler Devagar, cuja casa-mãe frequentei muitas vezes, em Alcântara, na LX Factory) e em todas elas encontrei livros que mexem comigo.
De Manuel António Pina (Como se Desenha uma Casa) a Edgar Allan Poe (Histórias Extraordinárias), passando por um pequeno volume chamado "O que é Poesia", de Sousa Dias, a jóia da coroa são três livros de Eufrázio Filipe: "A Linguagem dos Espelhos" (1982), "Mar Arável" (1988), nome do seu blogue, onde partilha a sua poesia mais recente e "Presos a um sopro de vento" (2014).
Deste autor, partilho um poema:
Sem muros nem amos
As andorinhas chegaram mais cedo
ao seu ninho preferido
o de sempre
os senhores do mundo
que não são os senhores da vida
designaram dias
para todos os santos
criaram
não o dia das andorinhas
mas o dia da mulher
na verdade dos desertos
há flores nas areias
mulheres que valem por si
atravessam oceanos
rasgam o chão
são as mulheres que amo
com asas
sem muros nem amos
Eufrázio Filipe, "Presos a um sopro de vento", p. 50.
2 comentários:
Gosto muito de Óbidos, e da poesia de Eufrázio Filipe.
Fico contente por ver que o amigo está bem.
Um abraço
Abraço mais que um abraço
uma transfusão de sonhos
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