"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, janeiro 11, 2017

As Livrarias de Óbidos e a Poesia de Eufrázio Filipe

No passado sábado, tive o prazer de percorrer Óbidos sem o incómodo das enxurradas de turistas que já encontrei noutra ocasião.
Entrei nas três livrarias (todas pertencentes à Ler Devagar, cuja casa-mãe frequentei muitas vezes, em Alcântara, na LX Factory) e em todas elas encontrei livros que mexem comigo.
De Manuel António Pina (Como se Desenha uma Casa) a Edgar Allan Poe (Histórias Extraordinárias), passando por um pequeno volume chamado "O que é Poesia", de Sousa Dias, a jóia da coroa  são três livros de Eufrázio Filipe: "A Linguagem dos Espelhos" (1982), "Mar Arável" (1988), nome do seu blogue, onde partilha a sua poesia mais recente e "Presos a um sopro de vento" (2014).

Deste autor, partilho um poema:

Sem muros nem amos

As andorinhas chegaram mais cedo
ao seu ninho preferido
o de sempre

os senhores do mundo
que não são os senhores da vida
designaram dias
para todos os santos

criaram
não o dia das andorinhas
mas o dia da mulher

na verdade dos desertos
há flores nas areias
mulheres que valem por si

atravessam oceanos
rasgam o chão 

são as mulheres que amo
com asas
sem muros nem amos

Eufrázio Filipe, "Presos a um sopro de vento", p. 50.

Luís Filipe Maçarico (texto, selecção do poema de Eufrázio Filipe e fotografias)

2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Gosto muito de Óbidos, e da poesia de Eufrázio Filipe.
Fico contente por ver que o amigo está bem.
Um abraço

Mar Arável disse...

Abraço mais que um abraço
uma transfusão de sonhos