"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

sexta-feira, outubro 21, 2016

Sidónio Muralha Um Poeta Esquecido

Pedro Sidónio de Aráujo Muralha nasceu em 28 de Julho de 1920, no bairro da Madragoa, em Lisboa, filho do jornalista e escritor Pedro Muralha.

Em 1941, incentivado por Bento de Jesus Caraça, publicou o seu primeiro livro de poesia: Beco. Integrou o movimento neo-realista, convivendo com Armindo Rodrigues, Joaquim Namorado, Fernando Namora e Mário Dionísio.

A sua oposição ao regime salazarista, levou-o à errância de um exílio repartido pelo Congo Belga, Bruxelas, Guiné Bissau, Ostende, Dakar, Londres e Paris, com a família.

Entre o início da década de 60 até falecer, em 1982, o Brasil acolheu-o e nele consolidou o seu percurso literário. Galardoado com vários prémios em Literatura Infantil, após o 25 de Abril, recordamos "Valéria e Vida" e "Helena e a Cotovia". 

Partilho dois poemas deste Poeta, que foi Associado do Grupo Dramático e Escolar "Os Combatentes".

 

Roteiro

Parar. Parar não paro.
Esquecer. Esquecer não esqueço.
Se carácter custa caro
pago o preço.

Pago embora seja raro.
Mas homem não tem avesso
e o peso da pedra eu comparo
à força do arremesso.

Um rio, só se fôr claro.
Correr, sim, mas sem tropeço.
Mas se tropeçar não paro
- não paro nem mereço.

E que ninguém me dê amparo
nem me pergunte se padeço.
Não sou nem serei avaro
- se carácter custa caro
pago o preço.

Sidónio Muralha.





Pintassilgo


O pintassilgo diz:
- nada me consola,
eu não sou feliz
nesta gaiola.

Do céu azul e da amplidão
eu sinto muitas saudades.
Não quero esta solidão
cada minuto e segundo.

Crianças, quebrem as grades
de todas as gaiolas do mundo. 

Sidónio Muralha

1 comentário:

Laura Garcez disse...

Muitos parabéns, Luís. Tens email.