A imagem é enternecedora. Nela, dois seres que conheço, a Carolina e o Gambry, repousam com uma tranquilidade admirável, muito embora a sua existência esteja repleta de ritmos.
Mas a verdade é que todos os amigos vão embora um dia.
Hoje, chegou a vez do Gambry fazer uma viagem misteriosa, entrar naquele sono que está no segredo dos deuses.
Quando voltar a Silves, já não virá cheirar-me, abanar a cauda, cumprimentando-me efusivamente com manifestações de afecto, talvez agradado por voltar a ter a minha companhia durante os seus passeios matinais. Haverá um vazio, que remete para a felicidade desses dias em que tínhamos menos idade.
Com o tempo, as maleitas espreitam e dão-nos ferroadas. Ele foi primeiro.
Ao calcurrear as ruas de Silves-Gare, a sua presença simpática e altiva aparecerá apenas na memória.
A sua serenidade aos nossos pés, enquanto o Eduardo viaja e sonha nas cordas do alaúde e a Janica reflecte emoções e voos no barro, na impossibilidade de o afagar, permanecerá na lembrança.
Todos os amigos vão embora um dia...
Resta a beleza do crepúsculo, a imensa balada do mar, o esplendor da noite nos céus, com danças de astros minúsculos, a fragilidade dos seres matinais, acordando, a ardência das cigarras nas tardes de lume despedindo-se, a melancolia da chuva e do vento na vidraça e nas ramagens, escrevendo uma insuportável ausência.
Obrigado, Gambry, por teres sido um bom amigo para todos os que tiveram o privilégio de te conhecer!
Luís Filipe Maçarico (texto) Rui (fotografia)
6 comentários:
E fica sempre uma saudade no peito...
Um abraço
Eles são os nossos melhores amigos
els nos ouvem em silencio
eles observam
eles nao dizem nada quando nao esta-mos bem
mas eles estao lá
e são a nossa melhor companhia.
Boas memorias
Obrigado pelas tuas bonitas palavras...quem o conheceu sabe o excelente amigo que era.
Abraço
Muito, muito bonito!
Abraço.
Que vá fazer companhia à minha querida Laís.
Boa semana.
Olhei para os meus 3 serra da estrela e ainda te compreendi melhor
Abraço
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