"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Indizível


Atravessamos tempos indizíveis, pela sem vergonha, pela falta de palavra, pela injustiça, pela corrupção, pelas malfeitorias, pelas constantes dificuldades, que começam a ser comparados aos anos do estertor do marcelismo. Dir-me-ão os que enfrentaram com risco e sofrimento o regime salazarista: Mas vivemos em Liberdade, temos um sistema pluri-partidário, hipóteses várias que não existiam para a realização de cada indivíduo (acesso a determinados bens, ao estudo, etc...) E dinheiro para pagar isso tudo? Com os salários da maior parte dos que trabalham? E as consequências que se enfrentam, neste momento, se dissermos o que pensamos aos que nos oprimem? Que não ousem questionar-me os que andam de barriga cheia e das pressões que outros sentem pouco sabem...

Exige-se a quem trabalha sacrifícios permanentes, aumento salarial zero, desprotecção na saúde, na educação, no emprego, na velhice...só falta daqui a pouco, por este andar, pedir desculpa à vida por estarmos vivos e pagar imposto por respirar, enquanto os tubarões procuram destruir o sonho, o direito a sermos pessoas livres e satisfeitas, que são muito mais criativas, para além da cela diária que é fossar neste sistema, cujo esperado descanso, após dezenas de anos, se for antecipado será duramente penalizado.

Acabamos de escutar as últimas pérolas e custa a acreditar que cada dia que passa poderemos descer e descer ainda mais, em termos da insegurança e da escravidão.
6% é agora o valor anunciado por cada ano que falte até aos 65 anos, que será cobrado a quem queira reformar-se. Chama-se a isto o quê?
LFM (texto e foto)

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