Esta sexta-feira, ao serão (21 e 30h) Eduardo Ramos apresenta um recital de poesia e música medieval de raíz cristã, na Biblioteca Municipal de Loulé.
Entretanto, o trovador de "Cântico para Al-Mutamid" acaba de apresentar "Romances de Peregrino".
Este novo disco é mais uma jóia, na colecção de encantos melodiosos, que este artista único tem partilhado com um público, que se habituou à sonoridade do alaúde e outros instrumentos, como o gambri e o bendir, pouco usuais no panorama musical português.
A voz do cantor integra diversos cambiantes, notando-se influências recolhidas no cante alentejano, fado e música árabe. Aliás, o trabalho de recolha de Eduardo Ramos é notável: das diversas formas vocais e instrumentais, passando pelos autores que escreveram sobre a cultura abordada, ele preocupa-se com a arte final de cada obra - a capa, o que se lê e o que se escuta, são produto de uma longa tecelagem de sabedorias peneiradas pela sua sensibilidade singular.
O timbre com que nos brinda, o suspiro transmitido pela corda do alaúde, trazem-nos doçura, inquietude, ancestralidade e virtuosismo.
Neste novo trabalho, romances e cantigas da tradição popular, como "Laurinda" e "Senhora do Almurtão", surpreendem-nos pelo tratamento cuidado e inteligente com que Eduardo Ramos as reinventou, introduzindo no nosso imaginário acordes nunca saboreados que celebram o prazer espiritual, para lá da fruição da existência.
O resultado é fabuloso: mais um disco que acompanha os nossos gestos quotidianos, enquanto o dia se faz noite e a vida se transmuta em sonho.
Respiração de profunda beleza, o novo CD do cantor de "Moçárabe" e "Andalusino" merece escuta atenta e um tempo dilatado, para que o prazer da música se espalhe pela casa, ao sabor da poesia e do desfrute pleno da eterna magia do conhecimento.
Eduardo Ramos é um genuíno homem do sul, grande intérprete, de referência, que há-de ser cada vez mais aplaudido e reconhecido, pois o seu percurso de qualidade tem sido construído serenamente e com uma riqueza de conteúdo a que não se pode ficar indiferente.
Este texto é o meu modesto tributo ao inspirado criador de "Canto de Flores, Canto de Amores", "O Ocidente do Andalus" e "Um Sarau no Palácio do Jasmim" que continua a perfumar o éter com sons de veludo e odes, onde o esplendor da lua rivaliza com o orvalho dadivoso, para citar o imortal poeta de Silves.
Luís Maçarico
Este texto é o meu modesto tributo ao inspirado criador de "Canto de Flores, Canto de Amores", "O Ocidente do Andalus" e "Um Sarau no Palácio do Jasmim" que continua a perfumar o éter com sons de veludo e odes, onde o esplendor da lua rivaliza com o orvalho dadivoso, para citar o imortal poeta de Silves.
Luís Maçarico
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