"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

segunda-feira, agosto 07, 2006

Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores




O fogo chegou às portas de Santarém e ameaçou casas, informava a locutora da Antena 1 em pleno noticiário de ontem, ao fim da tarde.
Governo e jornais andaram "a brincar com o fogo", deitando foguetes à falta de propaganda sobre mais emprego e melhor qualidade de vida para os portugueses, por este ano, com as medidas que Suas Excelências tinham tomado estar previsto que a ordem seria restabelecida durante a época de incêndios. Suas Excelências tinham decretado que este deveria ser o verão em que, depois de muitos anos de inferno, íamos atingir o paraíso.
Como sempre hão-de aguardar até à última para decidir se devem pedir reforços à UE ou se é melhor não chatear as Excelências amigas...
Baseando-me no que ouvi na rádio, há bocado, entre a meia-noite e as 19 e 30 desta segunda feira dia 7 de Agosto de 2006 tinham acontecido mais de 400 incêndios. A culpa, disse alguém, era do vento Leste. Já agora, da União Soviética, do Gonçalvismo e quem sabe se Che Guevara também não terá culpas no cartório...
Ainda hoje os níveis do ozono atingiram limites perigosos para a saúde em várias localidades e ninguém toma medidas para a circulação automóvel, leia-se um dos produtores de poluição, ser controlada.

Entretanto, troncos duma árvore caiem durante um piquenique, em cima de pessoas que fizeram uma longa viagem para a Morte, em Sintra, na frondosa Sintra exaltada por Lord Byron. Hoje mesmo outros troncos de outra árvore na mesma Sintra desabaram sobre um carro, causando estragos.Pergunto-me para que servem certas empresas municipais. Leio no site http://www.parquesdesintra.pt/ptmissao.html que "A Parques de Sintra, Monte da Lua (PSML) foi criada em 2 de Setembro de 2000 (decreto lei 215/2000, de 2 de Setembro), na sequência da classificação pela UNESCO da Paisagem Cultural de Sintra como Património da Humanidade e dos compromissos assumidos com a gestão integrada da zona: Recuperação, Preservação, Beneficiação, Divulgação do património classificado.
Nesse sentido, constituem objectivos programáticos da Sociedade a salvaguarda e valorização do património natural e edificado à sua guarda, designadamente através de um conjunto de acções de conservação e divulgação que visam dotar o Parque da Pena, o Parque de Monserrate, o Convento dos Capuchos e o Castelo dos Mouros de melhores condições de acolhimento ao público, permitindo a fruição e o conhecimento de um Património Natural e Cultural de excelência."
Passaram quase meia dúzia de anos. As notícias que tenho lido na imprensa acerca desta empresa resumem-se à disputa entre políticos locais para conseguir um lugar na administração da referida empresa. Caiem agora árvores. Ficam muitas interrogações. Quem puder que responda, que eu só pergunto porquê?
E para não dizerem que não falei de flores, lembro aquela canção com letra de Geraldo Vandré, que há muitos anos no Alto da Ajuda, Simone e Chico Buarque de Holanda cantaram com milhares de portugueses, que eu acredito que apesar de tanta lavagem ao cérebro também se interrogue como eu...

"Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantado e seguindo a canção

Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos a fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:
De morrer pela pátria e viver sem razão

Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer..."

Texto e fotografias (Tapada das Necessidades) de LFM

2 comentários:

Pete disse...

E assim vai o nosso país. A questão dos fogos é o habitual e não há tendência nem leis para vir a melhorar, a não ser que Portugal deixe de ser um país quente e passe só a chover. Quanto ao acidente no parque da Pena eu soube dele nas notícias, mas não sabia desse pormaior de o mesmo estar sobre a alçada de uma empresa municipal que tinha por objectivo garantir a sua preservação, o que muda tudo pois essa mesma empresa deve ser dotada de fundos quer nacionais quer comunitários para a preservação do parque, coisa que ao que parece não foi lá muito bem feita.

Um Abraço e bom resto de semana,

Pedro Gonçalves.

Abade.anacleto disse...

Aventuras e desventuras de um Portugal, autêntica República das Bananas onde faltam as bananas, mas sobram os corruptos, os oportunistas, os senhores que exercem o poder de forma ignóbil, espezinhando e humilhando. Para mim, punha-lhes uma gorpelha em cima como se faz com os burros (animal que me merece todo o respeito e carinho). Como diz um grande poeta Português, o Jorge Palma: "Ai Portugal, Portugal, do que é que estás à espera...".
Até quando vigorará o sistema da "outra senhora" em desfavor da competência?
Um abraço, amigo L.