Há uma frase que detesto!
Não suporto que pessoas que gostem de viver me digam que vivem um dia de cada vez...
Houve ao longo dos séculos pestes, doenças fatais, ameaças terríveis à existência humana.
Costumo dizer que se os nossos antepassados pensassem assim não estávamos cá, porque teriam vivido como ratos assustados, sem deixarem descendência.
Comecei a escutar esta prova de conformismo no tempo a seguir à troika.
Alguém a pôs a circular para ser papagueada, o que infelizmente passou a fazer parte do quotidiano até de gente jovem com trabalho, com saúde, com filhos.
Recuso pensar assim. Acredito na ciência e no Cosmos. O meu lema é sempre: colherás o que semeaste!
Hoje mesmo, ao ter tido a feliz notícia do regresso de uma querida Amiga a casa, após hospitalização em Santa Maria por ter contraído o vírus que nos obriga a estar resguardados, pensando que antes de nós houve quem desejasse um Portugal melhor e tivesse pago cara a ousadia, sendo privado da amada liberdade, sofrendo prisões e torturas, que escritores, professores, artistas tivessem sido censurados, alguns dos quais viveram longos anos no exílio, elaborei um depoimento sobre a minha quarentena - que afinal tem sido a vida toda, a lutar contra a falta de afecto e dinheiro, trabalhando em tarefas dignas, protegendo por exemplo a comunidade das doenças que a acumulação de resíduos pode causar. esforço honesto que outros, afinal protegidos, consideram merdosas para a sua altivez miserável. Transcrevo o final desse testemunho, o qual espero seja proveitoso principalmente para os que tiveram de adiar projectos.
"Tenho Amigos fantásticos que me vão abastecendo durante as longas semanas de quarentena forçada.
O telefone, a Internet, os livros, a Música ligam-me ao Mundo.
Felizmente a casa onde vivo tem varanda para poder respirar o ar menos poluído deste Abril e escutar a pardalada de quintal em quintal, de árvore em árvore.
E eu que Amo a Liberdade, que adoro partilhar, conviver e caminhar, percorrendo territórios, descobrindo culturas, saboreando o enorme prazer da viagem, ao idealizar o Futuro, penso que os sonhos voltarão a ter asas, como os pássaros destes dias."
Luís Filipe Maçarico (texto) Cláudia Casimiro (Fotografia)
7 comentários:
Estamos todos famintos de liberdade. Nós estamos de quarentena desde o dia 7 de Março quando por causa dos olhos tive que recorrer às Urgências do Hospital Santa Maria.
Tomava conta das netas, e vou voltar a tomar a partir do dia 14. A minha nora, trabalha no hospital do Barreiro e esteve em contacto com um infetado. Fez o teste, e foi para casa de quarentena. O resultado foi negativo, mas ficou na mesma de quarentena, que termina no dia 13. Irá trabalhar dia 14 e voltarei a tomar conta das meninas, a mais nova com 8 meses. Gosto muito de estar com elas, mas dada a profissão da nora e o facto de ela vir trazê-las e buscá-las, estamos sempre com o coração nas mãos.
Fico feliz pela sua amiga. Ontem morreu uma amiga minha no hospital de Setúbal.
Abraço e saúde.
Muito bem, caro amigo.
Vou partilhar porque merece bem a pena.
Grande abraço!
Orlando
«Penso que os sonhos voltarão a ter asas…»
Sim, voltarão, certamente. Têm de voltar! E não apenas para um dia de cada vez, mas para os dias todos que sonharmos.
Um abraço.
Sérgio O. Sá
Belo texto, embora não o julgue esperançoso.
Os sonhos terão sempre asas, não deixando de voar mesmo quando dormimos.
Um abraço,
João Coelho
Abril floresce
Abraço
Abril floresce
Abraço
O que nos vai valendo é realmente as janelas e as varandas das nossas casas..
Faz-me imensa confusão estarmos fechados em casa faz mais de um mês e lá fora, no jardim em frente, ver pessoas a passear como se nada fosse, a fazer o se jogging, a andar de bicicleta, a apanhar banhos de sol... faz-me confusão!
Beijos e abraços.
Sandra C.
bluestrass.blogspot.com
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