Jacob teve por dona, em época distante, uma mulher agreste.
Tornou-se por isso um bicho árido, para seres humanos do sexo feminino, cujo timbre de voz reconhece, atacando.
As senhoras queixam-se das suas investidas intempestivas.
Evitam a aproximação e o animal sente a rejeição.
Todavia, Jacob não reage de igual forma com homens.
Escuta-os com deleite, interage, comunica com eles, repetindo loas, aprendidas no longo tempo da sua vida passada de gaiola em gaiola, de proprietário em proprietário...
Porventura, quem o criou, em cativeiro, traumatizou o psitacídeo.
Terá gritado ou agido com modos tais, que ficaram gravados no cérebro da ave.
Enquanto se delicia com fruta, bolachas e sementes, aconselhadas para a sua espécie, Jacob ouve com atenção os homens que lhe falam ao pequeno coração.
A sua sensibilidade manifesta-se nessas delicadas reacções.
Jacob é uma papagaia, quem sabe se também revoltada pelo equívoco do seu baptismo.
Luís Filipe Maçarico
Almada, 2 e 14-11-2017.
"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"
terça-feira, novembro 14, 2017
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1 comentário:
Belo texto para uma bela ave.
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