Esta tarde, António Macedo entrevistou Sebastião Salgado, na Antena1.
Gostei tanto desse magnífico trabalho radiofónico, que decidi: É Hoje!
E depois do galão de máquina e da sandes de fiambre e queijo e da bica
(com mais uma empada de galinha) voei até ao Torreão Norte da Cordoaria.
Uma fila longa e vagarosa (entra muito pouca gente de cada vez) mas
valeu a pena esperar, apesar de haver sempre ovelhas ranhosas dessas que votam nos políticos trapaceiros, praticando a sua chico-espertice...
De repente, um "velho", pouco mais idoso que eu, e bem lesto, sorrindo, solicita à menina do controle de entradas, se por ser idoso não pode passar à frente... e não é que passa, com a condescendência risonha da rapariga e o sorriso filho da puta dele mesmo?
Atrás de mim um casal de jovens exercita a afiada língua crítica, porém, quando chega à bilheteira apaga-se.
Peço livro para sugestões. Não há.
A organização (coitados) não providenciou em colocar um toldo, para as dezenas de pacóvios, que ficam ao sol (ou à chuva) longo tempo. Os pagantes (5 euros o bilhete normal e 3, para quem tenha 65) aguentam com o estoicismo que um banqueiro celebrou, sem tugir nem mugir, movendo-se como pachorrenta manada.
Mas deixemos estas observações, que a EGEAC deverá apurar e reparar e concentremo-nos na exposição e no seu autor.
Chama-se Génesis" a mostra e reconcilia-nos com o
melhor de um mundo, que continua atolado em guerras horrendas, com a
sua sofrida multidão de refugiados a viver em situações sub-humanas, na
desalmada exploração, de seres humanos, transformados em escravos,
tanta deplorável circunstância...
Cheguei a não conseguir olhar para
tamanho sofrimento, expresso em gestos, olhares, visões dantescas, desse
verdadeiro libelo acusatório que é grande parte da obra anterior deste Mestre.
Desta vez,
saímos com a esperança da Natureza ser mais forte.
A crença na força da diversidade das espécies, é a grande tónica positiva desta novíssima exposição, que demorou quase uma década a construir.
Observamos, por vezes com espanto e delícia, pinguins de barbicha, baleia franco-austral, o faijão - rola, o corvo marinho, o lobo marinho, elefantes marinhos, o albatroz, focas, morsas, baleias, caribus, bis almiscarados, o gorila de montanha, as tribos Virungas, himbas, Mursi, Surma (os derradeiros com mulheres a usar discos nos lábios) Nemets da Sibéria e os Zo'é (que são caçadores de macacos).
A viagem que nos é proposta vai do sul ao Norte da Terra, passando por magníficos santuários.
Das Ilhas Sandwich do Sul e do círculo Antártico (ilha Geórgia do Sul), Malvinas, à Península Valdez (Argentina), do rio Juruá um dos mais longos afluentes do Amazonas (2.400km), do Pantanal e do Pará ao Ruanda, Namíbia, Etiópia, ao rio Ob (50 kms sobre gelo no círculo polar ártico, Sibéria) e ilha de Wrangel (Rússia) Sibéria, península de Yamal.
Vulcões, florestas, icebergs, oceanos gelados, tribos únicas e animais gigantescos, tornaram-se protagonistas e cenários da criatividade sob um olhar singular.
São 245 fotografias distribuídas pelo rés do chão e primeiro andar do Torreão Norte da Cordoaria, entre 10 de Abril e 2 Agosto, funcionando de domingo a quinta entre as 10 e as 19h e às sextas e sábados das 10 às 21h.
Obrigado, Sebastião
Salgado, por esta exposição que é um hino ao Planeta!
Luís Filipe Maçarico (texto) Fotografias de Sebastião Salgado recolhidas na Internet
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